Olá amigos do Dinheirama. Hoje é o último dia do ano e optamos por deixar o último “Aconteceu no Dinheirama” de 2007 para esta data. A semana passada foi bastante curta, com o feriado de natal mas ainda assim com vários fatos relevantes. Escolhi para esta semana a elevação das projeções de inflação, juros e PIB, que são notícias que têm relação direta com as projeções e o ano 2008, que já começa amanhã. Falando nisso, parece que há razões para aumentar as expectativas para a inflação tanto em 2007 (o ano ainda não acabou) quanto em 2008.
Ainda no front doméstico, o Brasil alcançou, no mês de novembro, o menor endividamento desde 1998. Tivemos também a divulgação de notícias relevantes sobre o banco Itaú: a compra do private banking do BBVA e a associação com a Lopes Brasil Consultoria Imobiliária. Além disso, observamos a quebra do recorde de pico de produção pela Petrobrás e o anúncio de um mecanismo fiscalizador que a Receita Federal irá utilizar em 2008 após a extinção da CPMF. Boa leitura a todos e um feliz 2008!
Expectativas do mercado para inflação, juros e PIB em 2007/2008
O mercado aumentou mais uma vez a projeção para a inflação em 2007 e 2008. A projeção, de acordo com o relatório Focus do Banco Central divulgado segunda-feira, para o IPCA em 2007 é de 4,35%. Há quatro semanas a expectativa era de 3,94%. O mercado espera, para 2008, uma inflação de 4,25%. E parece que o mercado tem razão em aumentar as expectativas de inflação. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo Banco Central na terça-feira, o Brasil entra em 2008 com um risco maior de inflação. Segundo Mário Mesquita, Diretor de Política Econômica do BC, o balanço de riscos para inflação se deteriorou de setembro para dezembro.
Quanto ao dólar a expectativa subiu de R$ 1,76 para R$ 1,77 em 2007, e em 2008 o mercado espera um dólar cotado a R$ 1,80 no fim do ano. Para a taxa Selic o mercado espera um corte de apenas 0,5% no ano de 2008 – caindo de 11,25% para 10,75%. Apesar disso, o mercado está confiante com o crescimento do país: espera-se um crescimento do PIB de 5,12% esse ano. A projeção anterior era de 5,06% e há quatro semanas a projeção era de um crescimento de 4,71%. No ano de 2008 a expectativa do mercado é de que o nosso PIB aumente em 4,5%. Há um mês a projeção era de 4,33%.
Leia mais:
- Focus: expectativas para inflação, crescimento do PIB e Selic foram elevadas (Infomoney)
- Mercado eleva projeção do IPCA de 2007 para 4,35% (Estadão)
- Mercado eleva projeção de inflação, juros e PIB (Estadão)
- BC: balanço de riscos para inflação se deteriorou (Estadão)
- BC: risco interno é tão importante quanto o risco externo (Estadão)
- Riscos para inflação em 2008 são altos, alerta BC (Estadão)
- Mesquita afasta idéia de aumento localizado da inflação (Estadão)
Brasil: menor endividamento em 9 anos
A economia feita pelo setor público para o pagamento dos juros da dívida – o famoso superávit primário – em novembro ficou abaixo das expectativas dos analistas, mas ainda assim é recorde e ficou acima da meta do governo em mais de R$ 17 bilhões.
O elevado superávit primário, a revisão da metodologia de cálculo do PIB, além de outros fatores, contribuíram para reduzir o endividamento do Brasil para 42,6% do nosso Produto Interno Bruto, menor patamar desde dezembro de 1998. A expectativa do BC é de que, em dezembro, o endividamento fique em 43,5% do PIB; ainda assim o menor nível desde os 38,9% de 1998.
De acordo com Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, “A tendência de queda mostra a sustentabilidade da dívida. Isso reduz o risco e a percepção dos investidores e isso pode se refletir em um custo mais baixo da dívida”.
Leia mais:
- BC: relação dívida/PIB é a menor desde 1998 (Portal Exame)
- BC: superávit primário até novembro é o maior da série (Portal Exame)
- Brasil fecha o ano com menor endividamento em 9 anos (Estadão)
Itaú compra Private Banking do BBVA e se associa à Lopes Brasil Consultoria Imobiliária
O jornal Estado de S. Paulo divulgou na quarta-feira a notícia de que o Itaú anunciaria nos próximos dias a compra do Private Banking (voltada a clientes de alta renda) do espanhol BBVA na América Latina. Na quinta-feira a notícia é de que a possibilidade da compra já estava confirmada pelo banco Itaú. A operação ainda precisa ser aprovada pelo FED (Banco Central dos EUA). Ainda não se sabe se a compra incluirá os clientes do Brasil já que as operações do BBVA no país foram assumidas pelo Bradesco, principal concorrente do Itaú.
Além disso, sexta-feira foi anunciada a associação entre o banco e a Lopes, maior consultoria imobiliária do país, para criar uma promotora de produtos de financiamento imobiliário como crédito imobiliário com foco no mercado secundário, financiamento para bens duráveis relacionados aos imóveis e para reformas. Entretanto, para o consumidor, a associação não vai resultar em prazos maiores ou juros menores nos financiamentos. Com o anúncio, as ações da Lopes Brasil (LPSB3) dispararam. Na máxima do dia os papéis alcançaram uma valorização de 25,77%.
Leia mais:
- Itaú compra private banking do BBVA na América Latina (Estadão)
- Itaú confirma que negocia com BBVA (Estadão)
- Itaú deve anunciar compra do private banking do BBVA na AL por US$ 1 bilhão (Infomoney)
- Itaú e Lopes anunciam associação para promoção de produtos imobiliários (Infomoney)
- Ações da Lopes disparam na Bovespa após anúncio de acordo com o Itaú (Infomoney)
- Parceria entre Itaú e Lopes não modificará juros no crédito imobiliário (Infomoney)
- Itaú firma parceria com Lopes para financiamento imobiliário (Portal Exame)
- Itaú e Lopes criam promotora de produtos imobiliários (Portal Exame)
Petrobras bate recorde de produção diária, mas não deve atingir a meta do ano
Na terça-feira a Petrobras produziu 2.000.238 milhões de barris de óleo. O recorde anterior era de 1,912 milhão de barris. O Diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, disse, em entrevista coletiva, que o recorde registrado na terça coloca a Petrobras no “seleto grupo de empresas de petróleo com capacidade para produzir mais de dois milhões de barris por dia”. O pico de produção, de acordo com comunicado enviado ao mercado, se deveu ao início da operação de novas plataformas.
Mesmo com esse recorde, a média diária de produção da Petrobras deve ficar abaixo da meta de 1,9 milhão de barris por dia. Estrella informou que a estatal deverá fechar o ano com produção média em torno de 1,8 milhão de barris/dia.
Leia mais:
- Petrobras bate recorde de produção com 2 mi de barris/dia (Estadão)
- Produção da Petrobras no ano deve ficar abaixo da meta (Estadão)
- Petrobras marca novo recorde de produção diária com 2,238 milhões de barris (Infomoney)
- Petrobras comunica novo recorde diário de produção de óleo (Infomoney)
- Analistas elogiam recorde de produção diária atingido pela Petrobras (Infomoney)
Com o fim da CPMF, Receita cria novo mecanismo de fiscalização
A Receita Federal criou, nessa sexta-feira, um outro instrumento de fiscalização das movimentações financeiras dos brasileiros. De acordo com norma baixada com base na Lei Complementar 105, semestralmente, os bancos terão que enviar ao fisco informações sobre as operações financeiras de pessoas físicas que ultrapasse R$ 5 mil. Para as empresas, as informações serão sobre as movimentações maiores que R$ 10 mil.
De acordo com o coordenador-geral de Fiscalização da Receita Federal, Marcelo Fisch, o fim da CPMF não trará prejuízos para a Receita Federal, visto que o novo instrumento é tão eficiente quanto o imposto do cheque para auxiliar o fisco no combate à sonegação.
Leia mais:
- Sem CPMF governo cria novo mecanismo de fiscalização (Estadão)
- Sem CPMF, Receita recorre a mecanismo para fiscalizar movimentação financeira (Infomoney)
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Arthur Gouveia é Consultor de Empresas especializado em Gestão e Estatística. Conheceu o Dinheirama e, desde então, aplica as dicas dos editores e comentaristas em seu cotidiano, buscando aumentar seu patrimônio líquido. Atualmente edita a seção de Notícias e é editor responsável pelas dicas e opiniões de nossos leitores.
Crédito da foto para Marcio Eugenio.