Amigos do Dinheirama, hoje mais uma rodada pelas notícias da semana. O grande destaque fica por conta da estréia hoje das ações da Bovespa no pregão da bolsa. Tivemos também a divulgação da ata da última reunião do Copom, dados de inflação, investimento estrangeiro, balança comercial e outros dados internos. No contexto externo, vários foram os dados divulgados relativos à China.
Tivemos também decisões importantes da Anatel sobre fusões e aquisições de companhias telefônicas. Tim e Vivo, agora controladas pela Telefónica, prometem manter-se em eterna briga. A notícia trouxe também um forte impacto à concorrente Claro, que anunciou investimentos de R$ 2 bilhões por aqui em 2008. Repare que ao final de cada notícia é possível encontrar diversos links relacionados, que podem levá-lo ao material fonte do artigo.
Um negócio da China
A comunidade internacional sempre criticou a gigante asiática por manter seu câmbio artificialmente desvalorizado e beneficiar a exportação de produtos chineses. Como resultado, essa semana saiu a notícia de que a China se tornou líder mundial em exportações, ultrapassando a Alemanha. Em agosto, segundo dados da OMC, a China exportou US$111,4 bilhões. A Alemanha, US$105,8 bi. Nessa brincadeira, a China tirou do Brasil mais de US$1 bilhão de exportações para os EUA no ano passado!
Entretanto, a número dois do BC Chinês, Wu Xiaoling, declarou que o governo da China adota as medidas necessárias sobre as taxas de câmbio de sua divisa e reforma de sua economia, comportando-se como um membro responsável da comunidade internacional. Xiaoling reconheceu que o volume de superávit comercial chinês é um peso para o país, mas que alterações no câmbio não são a única saída para corrigir esse desequilíbrio.
Parece que alguém na China já está pensando como gente grande!
Outro fato relevante sobre a China divulgado ontem (25/10), foi que a economia local cresceu impressionantes 11,5% de janeiro a setembro deste ano! Com o PIB de US$2,21 trilhões, a China já se aproxima da Alemanha, a terceira maior economia do mundo, atrás apenas de EUA e Japão. De acordo com Li Xiaochao, porta-voz do Escritório Nacional de Estatística da China, o crescimento da economia chinesa nos nove primeiros meses do ano foi “um pouco mais baixo do que se esperava no início de 2007”.
Entretanto, para atingir todo esse crescimento, a inflação chinesa anualizada até setembro, chegou a 6%, muito acima dos 3% previstos e pouco abaixo do recorde de 6,5% em agosto.
Leia mais:
- China tira mercado norte americano do Brasil (Exame)
- China chega ao topo do ranking de Exportação (Exame)
- Pela primeira vez, China se torna líder mundial em exportações (Folha)
- China faz o necessário sobre o yuan, diz BC local (Folha)
- Economia chinesa cresce 11,5% entre janeiro e setembro de 2007 (Folha)
E o Brasil, meu Brasil brasileiro?
A Selic não caiu e tem muita gente achando que esse ano não cai mais. O relatório Focus, divulgado na última segunda feira, mostra que a expectativa do mercado é que a Selic feche 2007 em 11,25% e 2008 em 10,25%.
Sobre a balança comercial, a terceira semana de outubro encerrou com saldo superavitário de US$ 469 milhões, como resultado de exportações da ordem de US$ 3,4 bilhões e importações de US$ 2,95 bilhões. No acumulado de 2007, o saldo da balança comercial atinge US$ 32,96 bilhões, 15,56% superior ao apurado em igual período do ano anterior.
Outro fato relevante divulgado durante a semana foi que o investimento estrangeiro no Brasil cresceu 135% (!!!) no acumulado até setembro, quando comparado com o mesmo período no ano passado. Tem gente que já está reclamando do tamanho das reservas brasileiras.
Quinta-feira saiu a ata da reunião do Copom. A justificativa para o comitê manter a Selic em 11,25% foi o medo de que o aquecimento da economia gere maiores pressões inflacionárias como pode ser visto no trecho da ata:
“O ritmo de expansão da demanda doméstica, que deve continuar sendo sustentado, entre outros fatores, pelo impulso derivado do relaxamento da política monetária implementado neste ano, continua podendo colocar riscos não desprezíveis para a dinâmica inflacionária”
Já na “economia real”, dados do IBGE divulgados ontem mostram que o desemprego caiu 9% em setembro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas. O IBGE também estima que a taxa de desemprego cairá ainda mais até o fim do ano e que encerraremos 2007 com a menor taxa de desemprego mensal desde 2003. Outro dado divulgado foi que a renda da população ocupada se manteve nos mesmos níveis de agosto.
Menos desemprego, renda estável, massa salarial crescendo. Estes são os fatores que mantém a economia aquecida e deixam o BC temeroso pela inflação. Parece que a Selic realmente vai fechar o ano em 11,25%.
Leia mais:
- Após decisão do Copom, mercado eleva projeções para Selic de 2007 (Infomoney)
- Balança comercial: Saldo foi de US$469 milhões na terceira semana de outubro (Infomoney)
- Mercado eleva previsão da Selic para o fim de 2007 (Exame)
- Balança tem positivo de US$469 mi na terceira semana (Folha)
- Investimento direto já cresceu 135% (Estadão)
- BC teme alta da inflação com aquecimento da economia (Folha)
- Copom: prudência tem papel importante em momentos de riscos inflacionários (Infomoney)
- Desemprego cai para 9% e renda fica estável, diz IBGE (Folha)
- IBGE estima que desemprego vai cair mais até o fim do ano (Folha)
Anatel aprova com ressalvas união entre TIM e Vivo. Quanto à Oi, uma decisão contrária à decisão anterior.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) confirmou no dia 23/10, terça feira, a compra de parte da Telecom Itália por um consórcio do qual participa a espanhola Telefónica. Entretanto, existem 28 restrições para o negócio e as empresas terão que apresentar um acordo de acionistas que garanta a “total desvinculação” das operações da TIM Brasil e da Vivo (controlada pela Telefónica).
As restrições visam preservar a concorrência no Brasil. Juntas, Vivo e TIM somam 53% do mercado de telefonia celular. “Cada empresa tem seu /market share/, seu plano de negócio e regras próprias. Não estamos permitindo fusão, coligação ou qualquer forma de acordo operacional”, disse Antonio Bedran, conselheiro da agência e relator do processo. Depois da divulgação do parecer da Anatel, Mário César Pereira de Araújo, presidente da TIM, afirmou que a “guerra” entre as duas operadoras vai continuar:
“Quero ver os clientes da Vivo na nossa base e tenho certeza que a empresa tem as mesmas más intenções”
O próprio Antonio Bedran afirmou também na terça que a compra da Telemig Celular pela Vivo foi aprovada por unanimidade. O negócio, fechado em agosto, envolve também a compra da Amazônia Celular. Esta parte do negócio ainda vai ser avaliada pela Anatel. Com a compra da Telemig Celular, a Vivo passa a operar também em Minas Gerais, um dos poucos mercados que faltavam para que a empresa tivesse cobertura nacional.
Ainda na onda de aprovações, a Anatel volta atrás em decisão anterior e autoriza Oi/Telemar a possuir uma operadora de TV a cabo. A empresa já havia apresentado a compra da Way TV à agência, mas esta alegou que os contratos firmados com as empresas de telefonia fixa previam a proibição de elas operarem TV a cabo nas áreas que já atuam como telefônicas, desautorizando a compra.
A Anatel, porém, voltou atrás da decisão e aprovou a operação com base na Lei do Cabo. Ela prevê que, caso não apareçam outras empresas interessadas na operadora de TV a cabo, a empresa pode ser comprada por uma tele. Depois de todos esses movimentos, o Unibanco recomenda “Manutenção” para as ações da Telemar/Oi e “Compra” para os papéis da Net, TIM e Vivo.
Leia mais:
- Anatel exige ‘total desvinculação’ entre Vivo e Tim (Estadão)
- Anatel aprova compra da Telemig Celular pela Vivo (Estadão)
- Anatel aprova compra da Telemig pela Vivo(Folha)
- Para analistas, decisão da Anatel sobre Telefónica e TI não deve impactar ações (Infomoney)
- Anatel recua e permite à Telemar ter uma operadora de TV a cabo (Folha)
- Analistas avaliam a compra da Way TV pela Telemar (Infomoney)
- TIM promete guerra contra a Vivo (Exame)
- TIM e Vivo poderão alinhar estratégias de mercado no futuro, dizem especialistas
IPO da Bovespa bate alguns recordes
“Hoje é um dia de glória, sucesso e realização”. Assim o presidente do conselho de administração da Bovespa Holding (BOVH3), Raymundo Magliano Filho, resumiu o sentimento diante da estréia da empresa no pregão da Bovespa. Este foi o maior IPO – Oferta Pública de Ações na sigla em inglês – da história do Brasil. As corretoras que eram sócias da Bovespa captaram mais de R$6,5 bilhões, ultrapassando de longe os R$4,6 bilhões captados pela Redecard, detentora do recorde anterior. Jornais americanos, como o Wall Street Journal, comentavam do sucesso da abertura de capital da Bovespa e do momento oportuno para isso:
“A América Latina vem ficando para trás na tendência, mas várias aberturas de capital estão despertando um interesse estratégico na região. Além da Bovespa, a brasileira Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e a Bolsa Mexicana de Valores também estão planejando aberturas de capital”
Além disso, acrescenta a reportagem, a atividade na Bovespa vem crescendo fortemente, com o volume médio diário de negócios passando de US$ 310 milhões para US$ 2,4 bilhões atualmente: “O lucro da Bovespa também está crescendo –para US$ 135 milhões na primeira metade do ano”, diz o jornal americano.
O IPO foi cercado de uma pequena polêmica. Inicialmente, o preço das ações da Bovespa foram fixados entre R$15,50 e R$18,50, mas em razão do excesso de demanda a faixa foi alterada para R$20,00 a R$23,00. Esse fato não foi divulgado adequadamente ao mercado e a CVM entrou em cena exigindo a divulgação oficial e ampliação do prazo para que os investidores decidissem se permaneceriam ou não com suas reservas. Na quinta-feira, após o encerramento do bookbulding, o preço por ação foi fixado no teto da faixa de preços. Na abertura do pregão de hoje a ação estava cotada a R$32,00, uma valorização de 39%.
Durante o processo de reserva dos papéis, os especuladores e flippers – aqueles que vendem as ações no primeiro dia de negociação de um papel estreante – ficaram de fora e não conseguiram entrar. Já o investidor de varejo, considerado prioritário aquele que não costuma vender as ações logo na estréia, conseguiu levar pelo menos R$12.098 em ações (o equivalente a 526 papéis).
Antes mesmo do fechamento do pregão, as ações da Bovespa já marcavam outro fato histórico: recorde de volume negociado. As ações BOVH3 ultrapassaram os R$5 bilhões no dia de estréia, deixando para trás, novamente, a Redecard – R$1,67 bi – e as ações mais negociadas na bolsa: Vale, com R$1,49 bi e Petrobrás com R$1,13 billhão.
Ao longo do dia, as ações da Bovespa apresentaram uma forte tendência de alta que se inverteu no fim do pregão. O preço encontrou forte resistência nos R$35,00. A máxima do dia foi de R$35,33 e fechou a R$34,99, com mais de 52% de valorização.
Leia mais:
- Especuladores ficam fora do IPO da Bovespa (Exame)
- Pequeno especulador de varejo fica sem ações da Bovespa (Folha)
- Volume da Bovespa Holding já é recorde antes do fechamento (Infomoney)
- Ação da Bovespa Holding dispara mais de 30% em estréia na Bolsa (Folha)
- Bovespa abre capital em momento estratégico, diz “Wall Street Journal” (Folha)
- CVM avaliará caso a caso mudanças em ofertas (Exame)
Aconteceu no Dinheirama! Semana que vem tem mais! Bons negócios e até lá.
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Arthur Gouveia é Consultor de Empresas especializado em Gestão e Estatística. Conheceu o Dinheirama e, desde então, aplica as dicas dos editores e comentaristas em seu cotidiano, buscando aumentar seu patrimônio líquido. Atualmente edita a seção de Notícias e é editor responsável pelas dicas e opiniões de nossos leitores.
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