O que esperar de uma empresa que enganou diversos investidores e está sendo liquidada pelo Banco Central (BC) desde o início de janeiro? Que seus responsáveis sejam punidos exemplarmente, claro, mas principalmente que ela pare de criar confusão e mais prejuízos. Infelizmente, não é o que acontece. O jornal Valor Econômico, que tem atuado de forma intensa e investigativa no caso, trouxe mais desdobramentos sobre a Agente BR, suposta corretora e administradora de clubes de investimento:
“A Agente BR Assessoria (…) continua operando. Para isso, montou um site – www.premiuminvestidores.com – para onde foram transferidos os clubes, que também tiveram os nomes trocados. Nem todos sabem da existência do novo site, que só pode ser acessado com senha. (…) O Valor teve acesso ao site, onde um comunicado do dia 17 de fevereiro orienta os investidores a informar os gestores em caso de novos depósitos devido a mudanças de bancos, agências e conta corrente, o que mostra que os clubes de investimento continuavam abertos mesmo depois da intervenção do BC.“
Que absurdo! Parece que a mudança tem uma única intenção: driblar um bloqueio dos valores imposto pelo BC, que até agora não encontrou registro nenhum dos clubes ou do dinheiro aplicado pelos investidores na corretora. Segundo apuração do jornal e dos investidores que trocaram informações sobre seus aportes, o total aplicado nas carteiras pode variar de R$ 175 milhões a R$ 200 milhões. É muito dinheiro!
Segundo o consultor financeiro José Roberto Belardo Júnior, sócio do escritório Zanaroli Advocacia e Consultoria Jurídica consultado pelo jornalista Angelo Pavini, mais de três mil pessoas teriam sido lesadas pela Agente BR. O que mais me deixou estarrecido foi este trecho da reportagem:
“Investidores procuraram o Valor para informar que estavam com receio de procurar as autoridades e a imprensa, uma vez que representantes da Agente BR – que vêm prometendo restituir os valores aplicados – teriam ameaçado não pagar aqueles que falassem sobre o assunto.”
Gente, não podemos ficar quietos diante de uma fraude deste porte. Não dá. Segundo orientação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é importante que os investidores lesados reúnam todos os comprovantes dos depósitos e aportes e entrem em contato pelo telefone 0800 722 5354 (CVM). O liquidante indicado pelo BC, Sr. Alcides Roberto de Oliveira Chaves, também pode ser contactado no telefone da corretora: (11) 3284 8810. Justiça já!
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Conrado Navarro, educador financeiro, formado em Computação com MBA em Finanças e mestrando em Produção, Economia e Finanças pela UNIFEI, é sócio-fundador do Dinheirama. Atingiu sua independência financeira antes dos 30 anos e adora motivar seus amigos e leitores a encarar o mesmo desafio. Ministra cursos de educação financeira e atua como consultor independente.
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