O ano de 2011 finalmente chegou e com ele a renovação de muitos votos de sucesso, paz, felicidade e realizações. Você provavelmente se comprometeu com importantes metas: vai reforçar a construção de sua marca pessoal, estudar mais, vai poupar mais, limpar seu nome, voltar para a academia, recomeçar a dieta etc. Ótimo! Começar o ano de alto astral e compromissado faz bem para autoestima, motiva.
O que esperar de 2011 senão a realização de tais objetivos e a sensação de “missão cumprida”? Pois é, você é o agente de mudanças de sua vida e pode transformá-la a partir de simples intenções e alguma ação. Mas isso você já sabe, não é novidade. Por que, então, poucos são aqueles que conseguem atingir seus propósitos?
Porque falta cumplicidade. Não adianta querer limpar seu nome e livrar-se do endividamento se em sua família o consumismo beira o ridículo, transformando a relação conjugal em mero contato físico e o gasto em terapia. É preciso coragem para abrir-se perante as pessoas que você ama e praticar ações capazes de transformar a promessa em motivação (diálogo, desprendimento, paciência, carinho etc.).
Um objetivo lançado sem grande convicção cria perspectivas distantes, incapazes de motivá-lo a agir através das pequenas coisas. A família tem que querer mudar, unida e com a participação de todos. Cumplicidade é fazer muito também pelo conjunto da obra, não apenas pelo benefício pessoal. É quase invisível, mas o querer individual e o egoísmo na realização de sonhos só alimentam a descrença no futuro.
Porque falta “acabativa”. Prometer, começar, provocar é muito fácil, mas dar cabo das tarefas e perspectivas exige dedicação, perseverança e traz alguma angústia. Lidar bem com a frustração do dia a dia enquanto se constrói patrimônio é tão importante quanto definir bem as metas pessoais e profissionais. Ora, nem tudo acontece logo ou exatamente do jeito esperado. Quem tem calma, bom senso e contumácia alcança seus sonhos.
Quantas vezes você começou a ler um livro e não terminou? Observe sua estante e a quantidade de livros com marcadores nas mais diversas páginas, nunca no final. O que são as promessas de Ano Novo quando delas realizamos apenas parte e por pouco tempo? De onde surgem tantas justificativas para o não cumprimento da meta estipulada? Falta ir até o fim, fazer de verdade! Precisamos terminar o que iniciamos ou corremos o risco de sempre recomeçar. E só recomeçar.
Porque falta organização e cuidado. Encaro a organização como uma das facetas do respeito. Manter as coisas sob controle, cuidar daquilo que você compra e dos recursos que administra geram a sensação de valor agregado, do “fazer a diferença”. O respeito alimenta a motivação na medida em que cria um elo mais resistente entre o indivíduo, seus sonhos e seu poder de realização.
Insisto na necessidade de manter um mínimo controle das receitas, despesas e investimentos familiares. Dedicar tempo às tarefas administrativas do lar dá a exata medida do quanto elas são importantes como suporte para a realização de metas. Afinal de contas, administração não é responsabilidade apenas de administradores de profissão, chefes e executivos.
Aprendeu algo novo? Provavelmente não. A realidade apresentada neste artigo não passa de um retrato óbvio do cotidiano. Gente sem motivação, portanto sem realização. Pessoas acomodadas, portanto desanimadas. Brasileiros mal acostumados, portanto paralisados. Cidadãos resumidos a promessas, esperança e muita iniciativa, portanto dependentes das exigências da sociedade. Uma turma que não faz e se esconde nas mais esfarrapadas desculpas.
Concordo com o que escreveu Gustavo Cerbasi, consultor financeiro, em recente artigo para o jornal Folha de S. Paulo: “Pare de sonhar e comece a realizar!”. O ano já começou, pare de prometer! Prefira encarar o desafio de agir, fazer mais, falar menos e finalmente colocar em prática o que é tão comum nos discursos desta época: a mudança. A necessária mudança.
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