Bruna comenta: “Navarro, tenho uma carreira bastante promissora, mas meu desejo de mudar e arriscar ser feliz com um projeto diferenciado parece falar mais alto. No entanto, sou muito criticada quando decido abordar esta possível decisão com meus amigos e familiares. Já li que você passou por inúmeras mudanças em sua vida (fim de casamento, mudança total de carreira, problemas de saúde etc.) e gostaria de sua opinião sobre minha história. Como você se sentiu ao ter que enfrentar o risco, sem saber que resultados ele traria? Obrigada”.
A abordagem tradicional do crescimento pessoal, que objetiva ações baseadas no conceito de causa e efeito – “faço isso, estudo aquilo e passo a ganhar mais” –, não deve ser levada ao pé da letra por quem pretende viver uma verdadeira guinada financeira. Enriquecer e atingir a independência financeira contando apenas com o salário é tarefa que poucos conseguem atingir, basta observar a realidade à sua volta.
Apresento com mais intensidade essa opinião no artigo “Sucesso, riqueza e bem-estar: só iniciativa não basta para vencer!”, publicado semana passada. Hoje quero aprofundar o tema tratando de um aspecto pouco discutido nos papos sobre dinheiro: a importância de correr riscos! Convido-o a uma reflexão sincera sobre seus passos pessoais e profissionais. Quando foi que você realmente se arriscou a fim de encarar uma mudança? Qual foi o resultado?
- “Não deu certo!”. Fracassou? Ok, as saídas são: lamentar-se, encontrando culpados por todo lado, escondendo-se atrás de desculpas de toda ordem e abrindo mão de suas responsabilidades, ou investigar as causas do insucesso, fortalecer os pontos que contribuíram com a ruína e tentar de novo. Aceitar a frustração reduz a ansiedade e torna mais humana a tarefa de “digerir” as trombadas;
- “Boas oportunidades surgiram”. Extraiu algo de positivo? Excelente. Assumir riscos então contribui para o amadurecimento e possibilita que exploremos melhor todas as nossas capacidades. Assusta, mas enriquece;
- “Não mudou nada”. Tem certeza? A tentativa de mudar e o risco corrido também não fizeram mal algum, certo? Logo, correr riscos desejando e trabalhando por algo melhor certamente agrega valor, ainda que seja “apenas” como amadurecimento e experiência.
Riscos são oportunidades de alcançar resultados diferentes a partir de decisões igualmente diversas. Não há um manual que ensina quem e quando devemos arriscar. Cada pessoa tem seus anseios e desejos e também seu grau de aversão ao risco, mas é importante que estes fatores sejam coerentes. Afinal, o conflito entre o tamanho de nossos sonhos e nossa determinação de arriscar para conquistá-los está entre as razões principais de sérios problemas emocionais.
Encare o risco de forma prática!
Se jogar-se diante de oportunidades que exigem desprendimento ainda lhe parece uma decisão difícil, tente parametrizar sua abordagem de uma forma mais objetiva:
- Ouça com atenção ao que os outros têm a dizer, mas decida-se sozinho. Participe ativamente dos círculos familiares e profissionais, mas faça-o de forma inteligente. Isto é, evite o ímpeto de avançar com suas verdades prontas e procure escutar mais que falar. Depois, filtre bem que informações são realmente relevantes para o que você pretende fazer e dê o passo por conta própria; você precisa ser capaz de arcar com as consequências de seus atos;
- Informe-se sobre oportunidades de gerar renda extra. Comece a pensar “fora da caixa” e envolva-se com as chances de abrir seu próprio negócio, investir mais etc. Você já visitou o SEBRAE de sua cidade/região? Já leu algum livro ou material que detalha as alternativas de investimento disponíveis no Brasil hoje? Tenha certeza de que seu desejo de transformação não é apenas uma tentativa de distanciar-se da realidade, dos problemas cotidianos. Em outras palavras, conheça o mundo real relacionado com a atividade que pretende exercer e veja se você tem o perfil para ela;
- Discorra e analise as possíveis consequências antes de arriscar. Gosto bastante de responder a três questões antes de dar um passo rumo ao novo: o que de bom pode acontecer? O que de ruim pode acontecer? Qual dos dois cenários é o mais provável? Funciona assim: eu reúno todas as informações possíveis e que julgo importantes para responder a essas perguntas e vou adiante só quando o quadro me traz confiança.
Se você interpretou adequadamente este pequeno artigo, percebeu que ele é um convite à mudança. Quero que você leve em conta sua atual situação e questione-se: estou acomodado e contando mais com os outros que comigo mesmo para atingir minha independência financeira? Sou definido por minha luta e disciplina para correr atrás do meus objetivos ou pelo meu contracheque?
“Não há nada de errado em ter um contracheque estável, a não ser que ele interfira na capacidade que você possui de ganhar o que merece. É neste ponto que está o problema: ele geralmente interfere. Nunca estabeleça um teto para os seus rendimentos” – T. Harv Eker
Faça, apesar do medo!
A sensação de que as coisas podem dar muito erradas ou os conselhos dos mais chegados tentando dissuadi-lo da arriscada decisão pesam, mas refletem expectativas externas. Em geral, a sociedade espera que você falhe – os que adoram apontar o dedo e dizer “Não falei?” são maioria, infelizmente. Se você acredita no potencial do projeto/ideia e está preparado para, dando certo ou errado, insistir e assumir responsabilidades, agradeça as interferências e use-as como motivação.
Gosto da história de um pamonheiro aqui da cidade, que antes trabalhava como operador de máquinas na indústria. O nascimento dos filhos aumentou o custo de vida e, ao lado de sua esposa, ele decidiu arriscar-se em um antigo hobby familiar: produzir pamonhas, mas dessa vez para vender. Durante algum tempo, ele manteve os dois trabalhos. Hoje o casal fatura quase cinco vezes mais que na época da indústria, ele tem mais tempo com a família e um padrão de vida melhor. Ele arriscou.
Então mãos à obra! É hora de tirar da gaveta aquele plano de negócios, fazer o tão falado curso de extensão, começar logo a graduação na nova carreira, investir naquela sociedade e por ai vai. O que você quer fazer? Precisa de autorização para isso? Está esperando o quê?
Convido todos os leitores a contar qual é seu modo de encarar os riscos. Eles influenciam sua tomada de decisões? Você já arriscou? O que fez? Se não teve coragem, por quê ainda é reticente em relação a tentar mudar? Use o espaço de comentários abaixo e também o Twitter para alongarmos esse papo: sou o @Navarro por lá.
Foto de sxc.hu.