Todo casal tem desentendimentos e discussões de vez em quando – isso é normal, e em alguns momentos acaba até sendo decisivo para que a relação prospere. Infelizmente, para muita gente os desencontros acabam sendo recorrentes e passam a ser mais comuns do que os momentos de compreensão e amor.
Um dos pontos que mais tem se mostrado explosivos, falando de relacionamentos, é o bolso! Mesmo aquelas relações construídas na base da confiança, comprometimento e amor sofrem alguns riscos quando o assunto é dinheiro.
Veja só como é grave a falta de diálogo entre os casais quando se trata do bolso: uma pesquisa recente da Serasa Experian com 2 mil pessoas mostrou que apenas 3% das pessoas não escondem e nem esconderiam nada do parceiro quando o assunto é dinheiro.
Outro levantamento feito pela mesma instituição, dessa vez no Reino Unido, mostrou que questões relacionadas ao dinheiro representaram 56% das causas de divórcio nos últimos seis anos. A pesquisa foi realizada com cerca de 3 mil pessoas!
Se você faz parte do grupo que tem dificuldade de falar do assunto com o parceiro (ou parceira), é fundamental ter a disposição de tratar o tema de maneira natural e sincera.
Falar de dinheiro precisa ser uma experiência enriquecedora que demonstre ao casal que com um pouco de diálogo e cumplicidade será muito mais fácil planejar a realização dos sonhos da família.
10 dicas para um relacionamento feliz e rico
Para facilitar a abordagem do tema, preparei algumas dicas que podem servir de incentivo para que as finanças sejam tratadas sem tabus, acusações ou busca por culpados.
1. Diálogo acima de tudo!
O primeiro passo é falar sobre o assunto. Claro que esse é o passo mais difícil, mas é preciso começar por aí. Encontre um momento tranquilo e explique o motivo do papo e o quanto isso poderá fazer bem para o relacionamento.
Não invente de falar de dinheiro assim que o outro chega em casa estressado do trabalho, ok? Um pouco de bom senso sempre é importante. Ah, também não comece jogando na cara do (a) parceiro (a) aquela fatura do cartão estourado. Vá com calma!
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2. Entenda seu parceiro antes de criticá-lo
Para saber como iniciar o diálogo é importante ter em mente que ambos vieram de famílias e realidades diferentes, e é muito provável que cada pessoa tenha um tipo de orientação e abordagem familiar sobre o assunto.
Por mais que pareça óbvio gastar menos do que se ganha, por exemplo, para o outro pode não ser simples assim. Lembre-se que no passado a realidade financeira das famílias era muito diferente de hoje.
Nas décadas de 80 e 90 a inflação era muito maior do que hoje em dia, e as famílias precisam gastar rapidamente o dinheiro que recebiam, afinal os preços subiam expressivamente muitas vezes de um dia para o outro.
Outra realidade é que em muitas famílias as decisões sobre dinheiro eram restritas ao “chefe da casa” e, logo, não havia uma educação financeira ou liderança neste sentido.
3. Estabeleçam juntos objetivos de curto e longo prazo
Uma forma de começar a falar de dinheiro é fazer planos em conjunto, pois para realizá-los o casal precisará planejar – e isso passa pelas finanças. Por exemplo, que tal definir a viagem de fim de ano no curto prazo e a compra do apartamento no longo prazo, ou qualquer outro objetivo em comum?
Para isso, vocês terão que se organizar, juntar dinheiro, investir, cortar aqui e ali, e ambos terão que trabalhar juntos para isso. A cada passo dado em busca de um mesmo objetivo, o diálogo será mais constante e se tornará habitual. E mais, o relacionamento ficará melhor, pois conquistarão algo importante para curtirem juntos!
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4. Façam uma conta conjunta para os objetivos em comum
Para que ambos se comprometam a tais planos, sugiro abrir uma conta conjunta de investimento para os objetivos estabelecidos. O valor a investir pode ser uma porcentagem dos ganhos de cada. Por exemplo, todo mês cada um investe 20% do salário nesta conta. O ideal é que vocês acompanhem o investimento e conversem a respeito.
5. Não esconda dívidas
Se está enrolado com uma dívida, conte para o seu parceiro. Ao esconder você não está evitando uma discussão, apenas está protelando algo que um dia virá à tona. Além disso, ninguém fica tranquilo com uma dívida nas costas, remoendo o problema sozinho. Isso acaba refletindo no relacionamento.
Se a pessoa que está do seu lado é quem você confia, ama e escolheu para viver com você, por que não pedir ajuda para pensar em uma solução? Duas cabeças pensam melhor que uma, o ditado funciona muito bem nesses casos.
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6. Seja coerente
A pessoa briga com o outro porque gastou uma grana com um relógio, mas gasta com pares de sapatos e quando chega em casa deixa tudo escondido no carro. Já viu esse filme?
Isso é muito mais comum do que você pensa! E é sinal de infidelidade financeira.
Não adianta criticar o outro se você faz a mesma coisa. Afinal, o que é importante para ele pode não ser para você. Dê o exemplo agindo com coerência e respeite as prioridades e desejos do outro.
7. Mão de vaca x mão aberta: extraia o melhor de cada tipo!
É muito comum encontrarmos casais onde um é gastador e outro poupador. Vale mais uma vez a lembrança: cada pessoa teve referências e exemplos diferentes, por isso é relativamente normal terem maneiras distintas de lidar com dinheiro. Privilegiando o diálogo é possível extrair o que há de melhor de cada tipo de pessoa.
O gastador pode ajudar o poupador a investir naquele curso extra que está querendo fazer há tempos, mas não tem coragem de pagar. E o poupador pode ensinar o gastador a investir uma parcela do dinheiro que recebe antes de sair passando o cartão de crédito. A ideia é um completar as deficiências do outro.
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8. Defina quem paga o quê
Para ter um relacionamento equilibrado, o ideal é equilibrar o pagamento das contas também. Uma dica é definir o pagamento delas de acordo com a renda mensal de cada um. Lembre-se de acertarem sobre a contratação de novos serviços que irão gerar novos custos fixos, assim ninguém tem surpresa. O fundamental será sempre o diálogo claro e objetivo.
9. Respeite a liberdade individual
Permitam-se e combinem que cada um pode gastar parte do dinheiro como bem entender. Mesmo que você saiba que ela já tem muitas bolsas ou que ele não precisa de mais relógios. Afinal, todo mundo merece ter sua individualidade e isso passa pelas finanças também. Mas atenção, o consumo consciente sempre precisa ser incentivado.
Leitura sugerida: Finanças para Casais: Vai Esperar Casar para Conversar Sobre Dinheiro?
10. Nunca use dinheiro para “atacar” ou exercer poder
Não jogue na roda de uma discussão o tema “dinheiro” se o bate-boca não tem nada a ver com isso. Tal atitude acaba se tornando um hábito e sempre que novas discussões acontecerem, o dinheiro será usado como forma de ataque ao parceiro. Pior ainda é usar o dinheiro como forma de controle e poder, o que não agrega em nada no relacionamento.
Conclusão
Você conhece a sua metade e por isso saberá quais dessas dicas servirão para o seu relacionamento. Mas se você tem dificuldade de falar sobre dinheiro porque não sabe lidar com ele, recomendo a leitura do livro “Dinheiro é um Santo Remédio” (clique aqui para baixar o capítulo 2 do livro gratuitamente).
No livro, os autores Conrado Navarro e André Massaro apresentam formas diferentes de lidar com o tema dinheiro, mostrando que cuidar bem do bolso é tão importante como cuidar da saúde.
No vídeo abaixo, Navarro nos traz outras dicas de livros interessantes para lidar melhor com as finanças:
Presenteie seu cônjuge e aproveitem juntos a leitura deste e de outros livros de finanças pessoais; esta pode ser a oportunidade definitiva para tratar o bolso e os investimentos de forma leve, mas responsável, algo fundamental para a felicidade do relacionamento. Até a próxima!
Foto “Young family”, Shutterstock.