Ter a experiência de morar em outro país e aprender um novo idioma é um sonho, né? Mas bancar um intercâmbio não é algo tão acessível para muita gente.
É aí que o programa de Au Pair se torna uma alternativa econômica e que oferece uma baita vivência no exterior.
O que é Au Pair?
Trata-se de um programa de longa duração (1 ano ou mais) focado em mulheres entre 18 e 26 anos que querem viver em outro país, aprender um idioma e que estão dispostas a morar com uma família e ajudar nas atividades da casa.
Como funciona?
Por meio de uma agência, que cuida do processo da viagem. A pessoa passa a morar em uma casa de família e seu trabalho é cuidar das crianças, levá-las à escola, ajudar nas tarefas e etc.
A atividade é remunerada, com bolsa para estudar, não há custo de moradia e alimentação. É possível conhecer lugares e viajar. Estados Unidos é o país mais procurado para esse programa.
Homens podem participar?
Sim, mas não é comum – isso porque a ideia de cuidar de crianças é muito ligada às mulheres. Mas, felizmente, o pensamento de que só mulheres estão aptas tem mudado e hoje em dia é possível, sim, que homens na mesma faixa etária possam participar.
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A experiência de uma Au Pair que mora em Chicago
Em vez de falar do passo a passo (você encontra essas informações em agências de intercâmbio), conversamos com a Lisia Matos, de 26 anos.
Ela é uma Au Pair brasileira que está morando em Chicago, nos EUA, há 1 ano e meio com uma família composta pela mãe e uma filha de 5 anos. Confira abaixo.
Por que você decidiu participar de um programa de Au Pair em vez de um intercâmbio comum?
Lisia Matos: Porque é bem mais barato se comparado aos intercâmbios e as passagens aéreas estavam inclusas. Os únicos custos que os participantes têm, normalmente, são com taxas e documentação.
Fazendo essa escolha não tive gastos com escola, alimentação e nem com moradia. De outra forma seria inviável estar hoje nos Estados Unidos.
Como funciona a ajuda de custos para trabalhar e estudar?
L.M.: O salário de Au Pair nos Estados Unidos é de $195.75 dólares por semana, o que no mês totaliza $783 dólares. Eu também recebo uma ajuda de custos para estudos no valor de de $500 dólares e a agência responsável pelo programa recomenda os cursos.
Como você se organiza financeiramente?
L.M.: Para lidar bem com o dinheiro aprendi a me organizar e transformar o meu pequeno salário em algo monstruoso. Para isso eu pesquisei muito, participei de grupos no Facebook de brasileiras que trabalham como Au Pair para saber como lidavam com o dinheiro.
O principal ensinamento foi determinar uma quantia fixa para gastar durante a semana e guardar o restante – isso porque aqui recebemos por semana e não por mês.
Eu procuro me limitar a $50 dólares semanais e se precisar gastar mais do que isso, seja com uma viagem, um eletrônico, eu me organizo para tirar da reserva sem me apertar.
Assim, eu tenho conseguido fazer bastante coisa, já fui a muitos shows, comprei algumas coisas e consigo pagar os meus estudos.
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Como é a sua rotina?
L.M.: De manhã eu preparo o café para a kid (a menina que cuido), o lanche e a levo para a escola. Até ir buscá-la à tarde, eu tenho um tempo livre.
Também faço as compras uma vez por semana, busco a kid na escola, a levo para natação e preparo o jantar. Quando a mãe não está em casa à noite, eu ajudo nas tarefas da escola.
Como usa seu tempo livre?
L.M.: Eu aproveito para ficar em casa estudando ou assistindo Netflix, o que eu chamo de “hora da economia” porque se eu não saio, eu não gasto! Mas também gosto de frequentar barzinhos, restaurantes e ir a shows.
Como foi a adaptação para morar com uma nova família em outro país?
L.M.: Morar com outras pessoas, confesso que não é fácil. Porém, como na época da faculdade cheguei a morar em república com mais de 10 pessoas diferentes, a adaptação não foi tão complicada.
A família com a qual eu moro é maravilhosa, pois vivemos em total harmonia e levamos um estilo de vida super parecido. Mas é sempre bom respeitar o espaço e as manias de cada um.
Que dicas você daria para quem quer participar desse programa?
L.M.: Venha com a mente aberta para aceitar que as pessoas são diferentes de você e possuem uma cultura diferente também. Faça amigos que não falam português, afinal isso faz uma baita diferença para aprender o idioma mais rápido.
Quais foram as dificuldades que mais te marcaram quando você chegou?
L.M.: A maior dificuldade quando cheguei foi me expressar de forma clara para coisas simples como comprar um café.
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Quais foram os grandes aprendizados que você levará para a vida?
L.M.: Os grandes aprendizados neste 1 ano e meio morando e estudando aqui foram:
- Aprendi a me organizar financeiramente, guardar dinheiro, comprar o necessário;
- Ser mais flexível no trabalho e na vida;
- Aprendi sobre o mundo e sobre diversidade, ouvindo pessoas de outros lugares;
- Valorizar qualquer tipo de trabalho, pois qualquer tarefa feita com dignidade e honestidade não deve ser menosprezada;
- A falar inglês, claro;
- Que se você quer algo você deve ir atrás, dar o seu melhor e conquistá-lo;
- Família e amigos são tudo nessa vida;
- Viajar e conhecer outras culturas é maravilhoso.