O Banco Central Europeu precisa resistir a qualquer tentação de cortar as taxas de juros antecipadamente já que a parte mais difícil de combater o recente aumento da inflação ainda pode estar por vir, disse o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, nesta quinta-feira.
No mês passado, o BCE interrompeu uma série de 10 aumentos consecutivos das taxas de juros e orientou os mercados para uma política monetária estável no futuro, alimentando as apostas de que o primeiro corte poderia ocorrer já em abril.
“Estamos enfrentando a parte mais difícil de nossa jornada”, disse Nagel em um discurso em Milão, repetindo amplamente seus comentários anteriores. “Precisamos ter paciência para esperar que o efeito total do aperto da política monetária sobre a inflação se materialize.”
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse anteriormente que as taxas poderiam permanecer estáveis por vários trimestres e alertou contra comemorações prematuras uma vez que o crescimento dos preços, agora abaixo de 3%, poderia ganhar força novamente em breve, principalmente por fatores técnicos.
A desinflação voltaria a acelerar no final de 2024 e o BCE pode atingir sua meta de 2% no final de 2025.
“Mesmo que os preços da energia permaneçam onde estão, espero que a taxa de inflação volte a subir um pouco”, disse Nagel. “Nos próximos meses, o caminho à frente provavelmente será acidentado, com muitos altos e baixos.”