O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, levantou preocupações nesta sexta-feira sobre o apoio da China às Forças Armadas da Rússia, uma das muitas questões que ameaçam a recente melhora nas relações entre as duas maiores economias do mundo.
Blinken levantou a questão durante cinco horas e meia de conversas com o principal diplomata da China, Wang Yi, em Pequim, o mais recente contato de alto nível entre os países que têm reduzido as tensões que levaram os laços a se deteriorarem no ano passado.
“Reiterei a nossa séria preocupação sobre a China fornecer componentes que estão alimentando a brutal guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, disse Blinken em conferência de imprensa.
O diplomata norte-americano encerra sua visita nesta sexta-feira com pouco progresso em uma série de questões controversas, incluindo reclamações dos EUA sobre exportações chinesas baratas. Em vez disso, os dois lados estão se concentrando em temas pragmáticos, como intercâmbios entre pessoas.
“O secretário discutiu as preocupações sobre o apoio da RPC à base industrial de defesa russa”, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Matthew Miller, acrescentando que os dois lados também discutiram Taiwan, Mar do Sul da China e outros pontos de conflito.
A RPC é a abreviação do nome oficial da China, República Popular da China.
Apesar de sua parceria “sem limites” com Moscou, a China tem evitado fornecer armas para a guerra da Rússia na Ucrânia.
Mas as autoridades dos EUA alertam que empresas chinesas estão ajudando o setor de armas com um aumento sem precedentes na produção que ajudou a virar a maré da guerra.
China nega ajuda à Rússia
A China disse que não forneceu armamento a nenhuma das partes, acrescentando que “não é um produtor ou parte envolvida na crise da Ucrânia“. No entanto, ela afirma que o comércio normal entre a China e a Rússia não deve ser interrompido ou restringido.
Além de suas conversas com Wang, Blinken se encontrou com o presidente chinês Xi Jinping, que reiterou as preocupações de Pequim de que os EUA estejam suprimindo seu desenvolvimento econômico.
“Essa é uma questão fundamental que precisa ser abordada, assim como o primeiro botão de uma camisa que precisa ser ajustado, para que o relacionamento entre a China e os EUA realmente se estabilize, melhore e avance”, disse Xi.
Anteriormente, Wang disse a Blinken que o “navio gigante” dos laços entre a China e os EUA havia se estabilizado, “mas os fatores negativos no relacionamento continuam aumentando e se desenvolvendo.”
Wang também disse que os EUA tomaram medidas “intermináveis” para suprimir a economia, o comércio, a ciência e a tecnologia da China, equiparando essas medidas à contenção.
Outros assuntos em pauta incluem inteligência artificial e a pressão dos EUA para haver progresso na redução do fornecimento de produtos químicos usados na fabricação de fentanil pela China.