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Blogs: investimentos de longo prazo?

by Conrado Navarro
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Blogging!Tive a feliz oportunidade de conhecer o blogueiro Alessandro Martins, criador do excelente blog Um investidor iniciante na Bolsa de Valores. Assim que conheci seu trabalho, percebi que trabalhamos com objetivos semelhantes e que encaramos nossos leitores com o mesmo respeito e alegria. Gentilmente o convidei para escrever um artigo sobre blogs, seus leitores, dinheiro e a blogosfera em geral. O resultado? Simplesmente incrível. Confira:

“Sempre que escrevo um texto para um dos meus blogs me esforço em pensar no valor que esse artigo representará no decorrer de um longo do tempo. A maior parte das pessoas pensa a curto prazo. Saber que R$ 100, se bem aplicados, podem se tornar milhares de reais depois de muito tempo é uma espécie de talento visionário.

A mesma dificuldade se dá com os posts e artigos de blogs de editores que optam por rentabilizar seus sites, seja com o AdSense, Buscapé, Submarino, JáCotei e outros.

Existe uma tendência de se apostar em posts de curta vida útil, os hypes. O melhor exemplo que me ocorre é o caso Cicarelli. Quando a modelo foi flagrada na praia com o seu namorado, muitos blogs lucraram com posts de ocasião, criados exclusivamente para atrair – através dos mecanismos de busca, como o Google – visitantes com maior tendência de clicar em anúncios.

Nada de errado nisso. Mas adotar exclusivamente essa linha editorial pode gerar alguns problemas. Para entender, dê uma olhada no gráfico de busca do Google Trends para a palavra Cicarelli.

Percebe-se um pico nas buscas e, depois, tudo volta à mediocridade habitual. Ao se optar por tal linha editorial, o blog pode, ao final de um ano ou mais, estar repleto de artigos Cicarellis. E, como um todo, com pouco interesse real para um suposto público.

Daí decorre:

  • Baixa taxa de buscas para posts antigos: alguém lembra das fotos da festa XV Giovanna? Pois é. Nem eu. Foi a Cicarelli de 2002.
  • Posts antigos com pouco ou nenhum interesse: leitores que visitam seu site habitualmente – ou seja, sem o uso dos mecanismos de busca – não vêem interesse em seus artigos antigos.
  • Tendência a ter poucos leitores fiéis: pode ser uma conseqüência de uma linha editorial composta exclusivamente de hypes. A competição por leitores de fato costuma ser ganha por aqueles que já os têm. E a disputa por visitantes vindos de mecanismos de busca é vencida por aqueles sites que já têm um page-rank alto.
  • Baixa vascularização: sem leitores fiéis, há relativo decréscimo de novos links para artigos antigos e novos. O page rank cai.
  • Queda ou não aproveitamento do potencial das buscas: com poucos links, há menos chance de o blog aparecer nos resultados dos mecanismos.
  • Motivação financeira em queda: se há poucas buscas, há baixa arrecadação.
  • O blogueiro se torna um escravo do agora: cada vez mais dependente do que acontece naquele instante, o editor não se vê no direito de deixar passar um hype sequer, sob o risco de arrecadar menos. O blog deixa de trabalhar para ele e ele passa a trabalhar para o blog.

Claro que alguns assuntos do momento sempre vão pedir aquela visão pessoal que só um bom editor de blog pode dar e, certamente, alguns artigos sobre Cicarellis e afins – se bem escritos e na intenção de acrescentar algo a uma discussão – são bem-vindos.

Porém, vale a pena se perguntar, ao começar um texto para o seu blog, se daqui a dez anos ele ainda vai estar lhe conferindo cliques no AdSense e afins ou seja lá qual for a modalidade de arrecadação que existir no futuro.

Gosto de pensar nos meus posts e artigos como uma espécie de patrimônio. Alguns dos mais antigos são os que mais rendem visitas e dinheiro. Sobretudo, rendem leitores fiéis, que são a chave para transformar o círculo vicioso acima em um círculo virtuoso.

  • Leitores fiéis geram links.
  • Links aumentam o ranqueamento nos dispositivos de busca.
  • Os dispositivos de busca trazem novos visitantes.
  • Alguns deles se tornam leitores fiéis.
  • As visitas por dispositivos busca aumentam.
  • A arrecadação aumenta.

Claro que isso não é do dia para noite. Lembre-se, uma noz não vira uma nogueira em um instante. Eu mesmo estou longe de atingir minhas metas. É um processo que exige disciplina, paciência e persistência. Mas tenho que aceitar que é assim mesmo. Afinal, R$ 100 não se transformam em R$ 10 mil num passe de mágica”.

Parabéns pelo merecido sucesso Alessandro. E obrigado por aceitar, com tanta humildade e presteza, este meu convite.

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