Apesar do momento de forte instabilidade no mundo econômico, sempre defendi a idéia de que o Brasil conseguiu, nos últimos anos, construir uma base econômica razoavelmente sólida. Exemplo maior de isso é a forma como estamos atravessando a crise mundial – sem grandes abalos.
O cenário para o futuro, dentro de um horizonte de gradual crescimento, pode transformar o país no 5º maior mercado consumidor até 2030, segundo estudo divulgado pela Ernest Young e a área de projetos da Fundação Getúlio Vargas. O estudo foi elaborado a partir do poder de compra estabelecido no ano passado, quando o dólar flutuava entre R$ 1,80 e R 2,00.
Sendo assim, o poder de mercado deverá avançar US$ 1,067 trilhão, para US$ 2,507 trilhões. Claro que para o leitor mais atento, algumas questões passam a ser relevantes. Uma delas se destaca: o que o aumento do consumo representará para uma economia em desenvolvimento, como a nossa?
É importante salientar que esse mesmo estudo projeta um crescimento no PIB de 150% no mesmo período, chegando a US$ 2,4 trilhões em 2030, deixando para trás os US$ 963 bilhões do ano passado.
Dentro desse cálculo, é possível projetar um PIB per capita duas vezes maior no final do período, saltando de US$ 5.092 mil em 2007 para US$ 10.269 mil em 2030 (cenário mais conservador). Em uma análise mais otimista, as projeções levam o crescimento médio do PIB para 4,6%, o que proporcionaria um PIB per capita de US$ 11.638 mil.
Chega de economês!
Ufa! Na verdade, a grande sacada que os números apresentam sobre a perspectiva brasileira é a dose maior de otimismo e esperança naquilo que todos, de uma maneira ou de outra, experimentam no país: a estabilidade econômica surgida apos a adoção do Plano Real em 1994. Existe, ainda, um longo caminho a percorrer, mas hoje ele é visível.
O crescimento sustentado de 4% ao ano no PIB – ou quem sabe de 4,6%, dado da projeção otimista – fará com que a soma das riquezas do Brasil seja quase equivalente à economia do Japão. O futuro nos reserva grandes supresas. Tomara que elas sejam também generosas e inteligentes.
O brasileiro não desiste nunca!
Não se permita esmorecer em momentos de crise. Faça bom uso dos resultados que sempre surgem com os momentos difíceis: as lições. Lições de como se comportar em períodos onde os desafios se tornam maiores e mais compensadores. O Brasil parece ter aprendido e quer ir mais longe. Não é isso que buscamos também com nossos investimentos?
É verdade que não é fácil trabalhar lidando com os números. Muitas pessoas ainda passam por enormes dificuldades e praticamente vivem à margem desse outro Brasil que surge, ou melhor, ressurge como grande potencia econômica. Para esses, o caminho continuará árduo.
A ascensão e acesso às novas possibilidades se dará também a partir da vontade própria e investimento no futuro profissional. Traduzindo: oportunidades surgirão para quem estiver preparado. Como eu disse, o caminho ainda é longo, mas agora mais plausível.
O futuro…
2030 pode parecer um futuro distante, mas só quando se observa de longe, de fora, de forma desinteressada. Nós podemos e devemos participar ativamente desse espetáculo chamado Brasil. E, de preferência, como protagonistas, personagens principais.
Assim, o tempo passará cada vez mais rápido e as vantagens serão enormes para quem estiver preparado e disposto a viver o desafio desde o seu começo. Você embarca nessa comigo? Até sexta.
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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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