Depois de serem mobilizados e levados até a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito nesta sexta-feira, o grupo de 34 brasileiros que está retido no enclave foi obrigado a voltar aos locais de abrigo devido ao fechamento do posto de passagem, informou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
“Os brasileiros estavam na lista desde quarta-feira, mas não se confirmou a saída porque não houve durante três dias seguidos abertura para saída de indivíduos de diversas nacionalidades”, disse o ministro em entrevista no Palácio do Planalto.
“Hoje novamente não saíram, apesar de terem sido mobilizados até o posto de controle, não puderam passar porque o posto não foi aberto”, acrescentou.
Israel, que controla a travessia no posto de fronteira entre Gaza e o Egito, começou a liberar a saída de estrangeiros da região há cerca de uma semana, mas os 34 brasileiros só foram autorizados nesta semana, depois de gestões diárias do governo brasileiro com as autoridades israelenses.
Vieira deixou claro que, no momento, não há como prever quando os brasileiros conseguirão sair, mesmo com a autorização, uma vez que o posto de controle é aberto apenas algumas horas por dia e a prioridade é dada para ambulâncias com feridos.
“A situação em Gaza não me permite dizer neste momento quando será a saída. Mantemos contatos constantes para tratar da liberação dos brasileiros no menor prazo possível”, afirmou o ministro.
Um dos brasileiros que está em Gaza, Hasan Rabee, compartilhou um vídeo nas redes sociais gravado dentro de um dos ônibus contratados pelo governo brasileiro para levar o grupo até a fronteira.
Segundo Vieira, os brasileiros, que estavam divididos em dois grupos, foram unificados e colocados em um novo local, mais próximo da fronteira, para estarem a postos assim que for liberada a passagem.
“No momento em que a fronteira for aberta, eles estarão lá às 6h da manhã para esperar a saída”, disse. Existe a expectativa de que a fronteira possa ser aberta no sábado.
Quando sair de Gaza, o grupo será trazido para Brasília em um avião da Presidência da República que está há 20 dias esperando no Egito pela liberação da fronteira. Da capital brasileira, onde devem ser recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eles serão encaminhados às cidades onde têm familiares.
Ao falar com a imprensa, o chanceler fez questão de detalhar todos os contatos feitos com autoridades israelenses para liberação do grupo, e ressaltou que a saída dos brasileiros estava acertada desde quarta-feira, e não aconteceu antes por causa do fechamento da fronteira.
Foi uma resposta indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que passou a tentar vender a versão de que uma interferência dele teria sido a causa da permissão. Na quarta, Bolsonaro apareceu em um reunião organizada pela embaixada de Israel para mostrar vídeos dos ataques do Hamas a Israel.
A embaixada alega que Bolsonaro não foi convidado, mas o embaixador israelense, Daniel Zohar Zonshine, foi filmado com o ex-presidente na Câmara dos Deputados, o que irritou o governo brasileiro.
Em entrevista à TV GloboNews, Vieira foi questionado sobre a atuação da diplomacia israelense em Brasília, e menosprezou. “Eu não falo com o embaixador, eu falo com o chefe dele”, respondeu.