O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira que eventual alteração da meta fiscal pelo governo gerará incerteza e a possibilidade de interpretação de que o objetivo foi abandonado.
Os comentários de Campos Neto surgem em um momento em que, internamente, o governo discute a possibilidade de mudar a meta fiscal para 2024, de resultado primário zero, em função das dificuldades na arrecadação.
Na terça-feira, fontes afirmaram à Reuters que o governo manterá, ao menos por enquanto, a busca pelo déficit zero para dar tempo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de negociar a aprovação de medidas que ampliam a arrecadação, numa tentativa de evitar uma mudança.
“Mudar a meta fiscal agora gerará muita incerteza”, comentou Campos Neto em Nova York. “Se você não tiver um alvo, as pessoas podem interpretar que sua meta fiscal foi abandonada”, acrescentou.
Para ele, o custo da mudança da meta atenua eventuais benefícios da alteração.
Campos Neto afirmou ainda que não há uma relação “mecânica” entre a alta dos gastos do governo e a política monetária.
“A questão é: gastar mais significa o quê?”, pontuou.
Campos Neto participa nesta quarta-feira do 11th Valor Capital Annual Summit, organizado pelo Valor Capital Group, em Nova York.