Dois ex-parlamentares, a candidata de esquerda Luisa González e o empresário Daniel Noboa, disputarão a Presidência do Equador no segundo turno em outubro, depois de ficarem nas primeiras colocações no primeiro turno no fim de semana.
González, protegida do ex-presidente Rafael Correa que prometeu retomar seus programas sociais, obteve 33% de apoio, enquanto Noboa, filho do proeminente empresário bananeiro e ex-candidato presidencial Álvaro Noboa, surpreendeu no segundo lugar com 24% dos votos.
A disputa foi marcada pelo assassinato do candidato anticorrupção Fernando Villavicencio no início deste mês. O crime ainda está sob investigação, mas Villavicencio, que foi substituído na chapa por seu amigo e também jornalista investigativo Christian Zurita, ficou em terceiro lugar com 16%. O nome de Villavicencio apareceu nas cédulas porque foram impressas antes do assassinato.
O aumento acentuado da criminalidade, que o atual governo atribui às gangues de drogas, e a economia em dificuldades, cujos problemas causaram um aumento no desemprego e na migração, foram as principais preocupações dos eleitores que se dirigiram às urnas no domingo.
González prometeu liberar 2,5 bilhões de dólares das reservas internacionais para fortalecer a economia do Equador e trazer de volta iniciativas sociais milionárias implementadas por Correa – que já foi condenado por corrupção – durante sua década no poder.
Noboa aparentemente ganhou apoio depois de um bom desempenho no único debate televisionado da campanha.
Parlamentar até o atual presidente Guillermo Lasso dissolver a assembleia nacional e convocar eleições antecipadas, Noboa concentrou sua campanha na criação de empregos, incentivos fiscais para novos negócios e sentenças de prisão por evasão fiscal grave.
Embora Noboa provavelmente procure alianças com candidatos que foram eliminados da disputa, qualquer potencial vitória dependerá de quão bem ele articule as propostas políticas, disse o analista político Alfredo Espinosa.
“Noboa tem tentado se vender como empresário e jovem tecnocrata. Ele mostrou isso quando falou sobre como administrar hidrelétricas (durante o debate televisionado)”, afirmou Espinosa. “Se ele conseguir fazer esse mesmo exercício com as propostas dos (outros) candidatos, isso dará muito mais significado à sua retórica.”
“Política não é comparável a administrar uma empresa privada, é gerar consenso, gerar espaços de diálogo”, completou Espinosa.
González, apoiada pela máquina política de Correa, que tem devotos leais, especialmente nos setores da classe trabalhadora, está em uma posição forte porque “o segundo turno será infestado de conteúdo ideológico”, disse o analista político.
Também na votação de domingo ocorreram dois referendos ambientais que podem bloquear a mineração em uma floresta perto de Quito e o desenvolvimento de um bloco de petróleo na Amazônia.
Um esforço para barrar o desenvolvimento de um bloco de petróleo na reserva Yasuni na Amazônia estava ganhando com 59% de apoio, com cerca de 37% das urnas apuradas, enquanto a proibição de mineração na floresta Choco Andino perto de Quito também estava ganhando com 67% de apoio.