Helena comenta: “Navarro, costumo me informar sobre dinheiro em casa e com amigos mais entendidos, mas muitas vezes sinto falta de aprender com pessoas realmente especiais nessa área – gente rica, mas no sentido da qualidade de vida, da liberdade e da construção de um futuro sempre favorável. Afinal, existe segredo para lidar com o dinheiro sem que ele seja sempre um problema? Obrigada”.
Entender a forma como as pessoas lidam com seu dinheiro tem proporcionado à nossa equipe excelentes reflexões. Uma delas particularmente me atrai: temos uma tendência natural a seguir a moda, baseando no consumo nossa referência de inclusão social – o resultado é que valorizamos muito as expectativas dos outros. Ao mesmo tempo, também tendemos a culpar os outros por nossos fracassos.
Fazemos mais e melhor porque é o que “esperam de nós” e quando algo “dá errado”, a culpa também é dos outros. Preferimos nos isentar das responsabilidades e apontar o dedo na direção do sistema. Frases tipo “o preço estava ótimo”, “a promoção realmente valeu a pena” e “para ele é fácil falar, ele já nasceu rico” são bastante comuns.
Quem é você para falar do MEU dinheiro?
No fundo, tudo o que queremos é manter as aparências em dia e os problemas bem escondidos, especialmente aqueles relacionados ao dinheiro. Não se pode perceber, apenas olhando, quem está endividado. O dinheiro tem essa “vantagem” de ser assunto somente nas horas em que desejamos abordá-lo. “Do meu dinheiro, cuido eu”, não é assim?
A zona de conforto torna os dias mais agradáveis e faz o tempo passar mais depressa, sem grandes sustos – sendo, pois, desejável. Trata-se de uma hipocrisia sem tamanho, conforme escrevi no blog “Você Mais Rico”. Enquanto as famílias financeiramente destruídas insistem em manter o assunto “dinheiro” lacrado em sua caixa preta, gente bem-sucedida prefere ver nele um instrumento de liberdade.
Cinco principais características das pessoas ricas e bem-sucedidas
São muitas as referências sobre pessoas de sucesso disponíveis na Internet e em bons livros. Investigar seus hábitos revela muito sobre como essas famílias lidam com o processo de tomada de decisões. Em essência, há sempre diálogo, reflexões e envolvimento.
Achei por bem listar, dentre as muitas coisas que já li até hoje, pontos comuns no relacionamento entre bem-estar, dinheiro e conquista de sonhos. Confira, então, as características que mais admiro nas pessoas realmente ricas e bem-sucedidas:
1. Vivem abaixo de suas possibilidades
Eles realmente levam a sério a regra de ouro das finanças pessoais: gastar menos do que se ganha e aprender a investir para sustentar o padrão de vida por muito tempo. A principal questão diz respeito à consciência plena de que as condições de vida precisam ser preservadas para que ela seja aproveitada em todas as suas fases.
Assim, o padrão de vida não é visto como medida de riqueza, mas como meio de criar uma vida sustentável durante todas as suas etapas (nascimento dos filhos, estudos, formação profissional, construção de patrimônio, viagens, velhice, hobbies etc.). Viver com menos do que o possível é o que permite que as prioridades sejam respeitadas e os objetivos alcançados.
2. Alocam tempo, energia e dinheiro de forma eficiente, visando a construção de riqueza
Nem tudo dará certo na primeira vez. Muitas decisões terão que ser adiadas. Alguns sonhos simplesmente terão que “esperar”. Tais afirmações não causam a ansiedade e angústia comuns àqueles acostumados a viver das aparências e mediante exigências sociais.
As famílias bem-sucedidas entendem que o diálogo em torno das finanças é o que permitirá que todos possam unir-se em torno dos objetivos comuns. Assim, dedicam tempo para ensinar e aprender sobre dinheiro (frequentam palestras, conversam em casa e leem sobre o tema), sempre colocando em prática o conhecimento adquirido.
3. Acreditam que a liberdade é mais importante que o status
Ao viverem dentro de um padrão de vida razoável e inteligente, o que fazem é construir os meios para que esse padrão dure por muito tempo. Mais que isso, que as fases da vida sejam aproveitadas de forma plena, desde a criação de um filho até os cuidados com a saúde na terceira idade.
Os bem-sucedidos entendem que viver para parecer custa muito dinheiro e gera problemas emocionais bem profundos (depressão, angústia, tristeza crônica, sentimento de inferioridade etc.). Ter tudo, mas sentir-se vazio não é ser rico. Assim, o endividamento para consumo não é uma opção, mas apenas usado em casos emergenciais.
O foco é na geração de renda passiva e nas condições de desfrutar a vida de forma sempre abundante e confortável. A independência financeira conquistada a partir do equilíbrio entre consumo e investimento permitirá que a família jamais incorra em problemas de ordem financeira. Isso é ser livre!
4. Buscam e aproveitam oportunidades
A vantagem de manter-se sempre bem informado é clara: fica mais fácil avaliar o que acontece na economia (mundial e local), no entorno familiar ou em sua cidade e, assim, tomar decisões mais inteligentes e voltadas para os objetivos anteriormente traçados.
Uma oportunidade de iniciar um novo negócio, a aquisição de um novo imóvel capaz de acelerar a geração de renda passiva (aluguel), uma revisão na carteira de ações criada com o objetivo de gerar dividendos, são vários os passos que o investidor inteligente e bem-sucedido pode tomar para aproximar-se de suas metas. E é justamente isso que eles fazem.
5. Permitem que seus filhos lidem com a frustração e entendam seu valor
Somos frequentemente bombardeados com a ideia de que educar é também mitigar os riscos e permitir acesso simplificado a tudo o que conquistamos com alguma dificuldade. Uma espécie de redenção. Corremos o risco, no entanto, de criar jovens sem a conduta de valor apropriada para a vida adulta. Prejudicamos mais que ajudamos.
Aprender implica encarar as responsabilidades presentes em nossas decisões. Consequências são acionadas a cada caminho escolhido e é importante que possamos encará-las de forma aberta e corajosa. Errar, portanto, será uma constante, e o aprendizado a partir dos erros acaba sendo o verdadeiro diferencial para a tarefa de dar sequência a projetos de vida mais interessantes e duradouros.
Defender quem amamos das situações de aprendizado pelo erro pode ser reconfortante e prazeroso, mas é também perigoso. Ao acostumar nossos filhos com o sucesso fácil e sempre presente, transformamos o fracasso em vilão. Essa cultura criará adultos manipuladores, exigentes demais, pouco flexíveis e incapazes de reconhecer o valor das coisas. Gente materialista, completamente o oposto do conceito de riqueza aqui exposto.
Pra encerrar…
Espero que as reflexões propostas tenham serventia no seu aprendizado. Tenha em mente que para as pessoas realmente ricas (o que passa longe de ser milionário ou coisa do gênero), o dinheiro é sinônimo de possibilidades, chances de ser melhor, mais livre e fazer mais. Para os endividados, dinheiro é apenas uma solução. A diferença é monstruosa.
Que tal discutirmos melhor o assunto? Fale comigo no Twitter – @Navarro – e também através do espaço de comentários do artigo logo abaixo. Educação financeira precisa ser um assunto mais discutido e valorizado. Concorda?
Foto de sxc.hu.