No terceiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou uma reviravolta surpreendente, contrariando as expectativas iniciais.
O país apresentou um aumento de 0,1%, em vez da queda de 0,2% prevista anteriormente. Essa reviravolta teve repercussões imediatas nos mercados, fortalecendo a moeda nacional e descartando, por ora, a possibilidade de uma aceleração no ciclo de flexibilização da Selic.
“Com isso, o Ministério do Planejamento, mas principalmente a equipe do ministro (da Fazenda Fernando) Haddad, estão vibrando porque isto é a garantia que o PIB esse ano cresce mais do que 3%”, disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, durante live ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Berlim.
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacou que esse movimento foi impulsionado pelo desempenho robusto do setor agropecuário no primeiro trimestre e por uma desaceleração mais lenta do que o previsto nos setores industrial e de serviços entre o segundo e o terceiro trimestres.
Na análise “Comemorar Pibinho é sacanagem, mas pelo menos não caiu”, Spiess avalia que, apesar dos dados aparentemente positivos, a economia doméstica ainda não está completamente saudável. O país continua a enfrentar os impactos de uma taxa de juros elevada ao longo de um período prolongado.
O analista projeta um crescimento de 3% para 2023, apoiado pela resiliência do setor agropecuário e pela desaceleração menos acentuada nos setores industrial e de serviços. Entretanto, olhando para o futuro, a expectativa é de um crescimento mais moderado, situando-se entre 1,5% e 2% em 2024. O Brasil tem surpreendido positivamente nas projeções do PIB nos últimos anos, superando as expectativas pelo terceiro ano consecutivo.
Indicadores econômicos
Segundo Spiess, no cenário atual, os investidores locais estão vigilantes em relação aos números do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de novembro e ao resultado fiscal de outubro, fatores cruciais que podem influenciar a curva de juros. Destaca-se, no âmbito fiscal, a Medida Provisória (MP) da subvenção em discussão na Câmara dos Deputados. Caso aprovada, espera-se uma receita significativa de R$ 35,3 bilhões em 2024.
O relatório do relator da MP indica mudanças significativas, como a flexibilização do mecanismo do Juros sobre Capital Próprio (JCP) e o aumento na cobrança do Imposto de Renda sobre dividendos recebidos pelos acionistas. A subvenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também está em pauta, com o relator propondo um desconto de 80%, em até 12 parcelas, nas transações tributárias envolvendo o estoque de benefícios já abatidos pelas empresas.
Se o cronograma transcorrer conforme o planejado, o texto da subvenção, considerada a principal medida para redução do déficit, pode ser votado na comissão amanhã e em plenário na semana seguinte, sinalizando potenciais mudanças significativas na política fiscal brasileira.