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Como Organizar as Finanças na Ressaca de Ano Novo?

by Conrado Navarro
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Teresa comenta: “Navarro, apesar de seus alertas, janeiro chegou com dívidas e uma perspectiva não muito positiva por aqui. O fim de ano foi de comemoração, mas os gastos ficaram fora de controle e chegou a hora de pagar IPVA e comprar material escolar para os filhos. Como começar o ano e garantir que seja diferente desta vez? Obrigada”.

Chegou a hora da ressaca de Ano Novo! Ressaca moral, porque sabemos que diante do exagero coletivo, também aproveitamos; ressaca familiar, porque passar tanto tempo com tanta gente próxima é um enorme desafio nestes tempos modernos; e ressaca financeira, afinal de contas tudo nesta época custa (caro!) e a fatura chega sempre em janeiro.

Depois de festejar, comer além da conta, viajar um pouco e curtir a família, é hora de “cair na realidade” novamente. Como fazer para pagar as contas que vencem no começo do Ano Novo e também as despesas realizadas na passagem de ano e que virão no cartão de crédito e no uso do cheque especial? Tentarei ajudá-lo com algumas sugestões práticas neste texto de hoje.

Como organizar as finanças na ressaca de Ano Novo?

A palavra-chave para o mês de janeiro é responsabilidade. O primeiro passo para encarar e solucionar os problemas financeiros ligados ao começo do ano é assumir que você falhou em administrar seu orçamento durante a virada de ano e que, portanto, precisa priorizar essa questão neste momento.

Você precisa enxergar o quanto a situação requer cuidados e ações, e para isso o ideal é chocar-se com sua rotina para mudar sua percepção da realidade. Com as sugestões dadas a partir de agora, quero que você entenda que precisa se planejar melhor, mas mais do que isso quero que você veja que é capaz de fazer isso sem dificuldades.

1. Separe um domingo inteiro para lidar com suas finanças (a família toda)

Domingo? Sim, domingo! O dia é especial porque você e sua família certamente saem de casa para passear, curtir os amigos, almoçar fora e se divertir. Pois é, mas agora chegou a hora de assumir a responsabilidade diante das escolhas e decisões tomadas pouco tempo atrás, certo?

Convoque a família para uma reunião sadia e tranquila sobre a situação financeira do grupo. A ideia não é que você discurse ou aponte o dedo para um ou outro pelos excessos, mas comece por agradecer pela presença e, humildemente, abra você a sessão apresentando sua parcela de participação (não pense em culpa) nos exageros do fim de ano.

Este domingo será um pouco entediante para os adultos e frustrante para as crianças, mas será também a porta de entrada para uma vida mais equilibrada, com diálogo e de mais equilíbrio emocional (ah, pois é, uma vida assim pressupõe lidar bem com o tédio e a frustração de vez em quando).

2. Discuta abertamente com os demais os exageros que causaram o atual problema

Você começou explicando e argumentando sobre as suas decisões que prejudicaram o orçamento da casa, agora é hora de registrar estes excessos em um quadro-resumo ou folha de papel. Com essa atitude, você está mostrando-se humano, falível e dando primeiro passo (é isso que os líderes fazem, e você sabe disso!).

Pense que ao passar para o papel o que você considera errado, você convida os demais a fazer o mesmo. E é exatamente isso que todos terão que fazer: registrar e apresentar os erros de consumo e controle financeiro que contribuíram para a situação atual da família e suas dívidas.

Ao final deste item, todos terão dissertado sobre seus exageros e decisões equivocadas, mas sem culpa. A ideia aqui não é apontar responsáveis ou colocar peso em torno dos itens apresentados. Não, o fundamental é que a família compreenda que tem uma responsabilidade conjunta pelo atual momento delicado e, principalmente, pela solução para revertê-lo.

3. Peça que cada um contribua com sugestões para resolver o problema

Até aqui, você e sua família levantaram diversos aspectos que contribuíram com os problemas financeiros vividos atualmente. Agora é hora de “quebrar a cabeça” e discutir maneiras de solucioná-los. Anote todas as possíveis saídas e soluções desta conversa:

  • E se a gente renegociar a dívida, será que existe alguma maneira de pagar menos juros ou diminuir a parcela?
  • Que tal passar a anotar os gastos em uma planilha ou caderno para olharmos de vez em quando?
  • Vamos diminuir a quantidade de vezes que saímos para jantar fora?
  • E se parcelarmos menos as compras para negociarmos descontos maiores à vista, ainda que tenhamos que esperar mais para comprar o que queremos?
  • Complete a lista…

Acredite, vocês vão descobrir sozinhos dezenas de maneiras de lidar com a realidade financeira atual da família. Sim, porque vocês sabem o que deve ser feito, mas ainda não criaram o compromisso em torno dessa necessária transformação. Em outras palavras, dinheiro não é uma prioridade por ai. Ainda. Ah, não se esqueça de anotar todas as sugestões em um quadro ou folha de papel.

4. Escolha as sugestões mais pertinentes, atribua responsáveis e prazos para cada uma delas

Se tudo estiver indo bem, a esta altura vocês terão uma lista com diversas sugestões e oportunidades para lidar com os problemas financeiros desta época do ano. Algumas ideias simplesmente não farão sentido, é verdade, mas outras serão certeiras para começar a mudança.

Sua tarefa é, ao lado de sua família, selecionar as sugestões mais interessantes e que pareçam mais diretas e relacionadas com os problemas do momento. É importante ler em voz alta as sugestões e discuti-las, levando em conta três aspectos:

  • Relevância. Trata-se de algo realmente relacionado aos problemas em questão? Quem concorda? Por quê? Cuidado para não tentar resolver um problema com outro problema;
  • Familiaridade. Qual o grau de conhecimento da família em relação ao caminho proposto para resolver os problemas? Ele já foi experimentado antes? Se sim, por que não funcionou? Se não, assusta ou faz sentido? É preciso que a sugestão seja clara para que gere confiança e tranquilidade durante sua execução;
  • Facilidade de implementação. É possível mensurar resultados a partir da implementação desta ideia? Alguém pode se responsabilizar por ela e atualizar a família semanalmente sobre sua evolução? Algo precisa ser feito e se for complicado demais, você desistirá. Simplifique.

Agora é hora de selecionar as saídas que respeitam estes critérios e que pareçam confortáveis a ponto de serem implementadas por toda a família. Além disso, associe pelo menos uma tarefa a cada membro da família, assim todos precisarão se comprometer e fazer alguma coisa para ajudar na solução dos problemas financeiros.

5. Marque a próxima reunião familiar e repita este roteiro

Até que a situação financeira melhore e comece a dar sinais reais de transformação, é imprescindível manter uma reunião mensal (no domingo!) na agenda da família. Este ritual será naturalmente incorporado e facilitado à medida que sua aplicação trouxer resultados, mas no começo é fundamental insistir.

Portanto, marque a próxima data em que você e sua família terão que se reunir. Até o próximo encontro, todos deverão ter atividades a serem desenvolvidas (passo anterior), bem como compromissos assumidos com os demais. Errar a partir de agora significará influenciar no desempenho do “time”; o peso será maior porque você se comprometeu com gente que ama.

Ao iniciar as próximas reuniões, seja sincero com seu progresso e em relação aos seus compromissos assumidos. Mostre o que funcionou, explique o que deu errado, apresente novas propostas, enfim, mantenha-se humilde, porém firme e decidido a resolver a situação. Repasse o roteiro.

Conclusão

A maioria das pessoas acredita que precisa de mais dinheiro para resolver seus problemas. Isso é uma ilusão, e a explicação é simples: nossos problemas financeiros são, na verdade, problemas essencialmente humanos (claro, há exceções). Precisamos, pois, de mais organização, compromisso, disciplina e apoio familiar.

Espero que as sugestões dadas neste texto sirvam para nortear suas ações neste início de ano, para assim deixar de lado a ressaca de Ano Novo e partir com determinação rumo aos seus sonhos de qualidade de vida e realização pessoal. Sugiro ainda a leitura de outros três artigos que certamente o ajudarão nesta tarefa de recolocar as contas nos eixos neste começo de ano:

Ficarei muito feliz se você compartilhar sua opinião sobre o tema, bem como suas sugestões para fazermos deste texto um guia para mais leitores. Use o espaço de comentários abaixo ou mande-me algo no Twitter – sou o @Navarro por lá. Obrigado e até mais.

Foto “Money maze”, Shutterstock.

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