Ricardo comenta: “Navarro, uma das discussões que sempre procuro alimentar em casa tem relação com as decisões financeiras e como elas impedem nossa família de prosperar. Acabamos encontrando muitas coisas erradas e fico sem saber onde focar para começar uma transformação. Quais são, na sua visão, os principais problemas que atrapalham as pessoas que decidem enriquecer? Obrigado”.
Costumo dizer que as ferramentas são abundantes, mas é o nosso comportamento diante delas que nos define. Planilhas, softwares, simuladores e demais materiais ligados ao controle financeiro existem aos montes na Internet e fora dela. Ou não queremos usá-los (ninguém admite isso) ou preferimos acreditar que tudo vai bem e que isso não é algo tão importante assim (tampouco assumimos isso, mas é o mais provável).
Conversando com alguns amigos, decidi elencar as três principais características/comportamentos que costumam prejudicar a criação de estratégias inteligentes de longo prazo para nossas finanças. A lista original é maior, mas decidi resumir em três pontos o que acho perigoso – assim podemos ser mais objetivos. Vejamos:
1. Ausência de prioridades
Acordar, se arrumar, trabalhar, almoçar, trabalhar, voltar para casa, fazer sempre as mesmas coisas ao lado da família, jantar, ver TV, dormir. Costumo chamar esse comportamento de “viver no piloto automático”. Embora muitos se defendam dizendo que estão vivendo suas vidas “da melhor forma possível”, tudo que vejo são zumbis (The Walking Dead está na moda, não?) fazendo as mesmas coisas, sem questionar mais nada.
E os seus hobbies e manias? E as coisas que você realmente gosta de fazer? A razão para ter deixado-as de lado não é a rotina ou a demanda (familiar, de trabalho etc.). Não, você não faz mais o que gosta porque isso não está no topo de sua lista de prioridades.
Atitude desejada: reveja sua lista de prioridades e certifique-se de que ela não tem apenas itens relacionados ao trabalho e cuidados familiares. É preciso que ela tenha também atividades que dizem respeito apenas a você.
2. Vitimização
Tem gente que adora resmungar: “Não dá tempo”, “Estou atolado de tarefas no trabalho”, “As horas extras são necessárias”, “Ganho muito mal”, “Minha família não reconhece meu esforço” são desculpas comuns que ouço quando questiono clientes e leitores sobre a ausência de prioridades (item anterior) e de um plano financeiro voltado para a qualidade de vida.
O mecanismo é simples: ao colocar a culpa no outro e no que está fora de nosso alcance, nos tormamos “vítimas do sistema”. A posição de vítima é confortável e permite que o piloto automático da falta de prioridades (insisto nisso!) não seja motivo de angústia e ansiedade. O pensamento “já que não posso fazer nada, então beleza!” toma conta e a vida passa. Rápido.
Atitude desejada: use sua nova lista de prioridades como força principal e faça aquilo que precisa ser feito e também o que você gosta de fazer. Logo depois, compartilhe as sensações por ter conseguido com sua família e amigos.
3. Controle financeiro ineficiente (ou inexistente)
Nas palestras, sempre questiono os participantes sobre o funcionamento de uma empresa. Ela existiria e obteria sucesso sem um departamento voltado para sua administração financeira e contabilidade? Receitas, despesas, impostos, apuração de lucro, metas de vendas, faturamento, tudo isso precisa ser muito bem gerido para que o negócio prospere. É diferente na vida pessoal? Claro que não.
Para conhecer o seu perfil de gastos e padrão de vida, é preciso registrar seus ganhos e gastos de forma organizada e categorizada. Para encontrar no orçamento os vilões que andam “sugando” suas reservas, é preciso que os dados sejam analisados com frequência e, principalmente, que sejam registrados de forma coerente.
Insisto que não adianta uma planilha em que grande parte dos gastos está dentro de uma categoria “Outros” ou “Diversos”. Para onde foi a grana? Portanto, organização, controle, apontamento e análise são passos importantes na construção do orçamento familiar. É urgente definir limites, conhecer a realidade financeira da família e adequar a vida ao que é possível em termos financeiros.
Atitude desejada: experimente diferentes formas de registrar suas despesas e receitas e encontre aquela que melhor funciona para sua família. Sempre mantenha o orçamento atualizado e consulte-o sempre que for realizar alguma compra.
Conclusões
Não definir bem o que quer, esconder-se atrás de desculpas esfarrapadas e não manter nenhum registro das finanças são comportamentos claramente incompatíveis com o sonho de enriquecer (seja lá o que isso signifique para você). Espero que ao ler e reler este texto você perceba o quão óbvias são minhas sugestões e passe a praticá-las e compartilhá-las.
A palavra-chave é responsabilidade. Precisamos agir de forma mais consciente e coerente com nossos reais desejos e encarar as consequências de nossas decisões como parte do processo. A boa notícia é que sempre dá tempo de agir de forma pró-ativa em relação ao nosso dinheiro. Vamos lá?
Aproveite para compartilhar sua opinião sobre o tema usando o espaço de comentários abaixo e também o Twitter – sou o @Navarro por lá. Obrigado e até a próxima.
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