O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta sexta-feira que a indicação do Comitê de Política Monetária (Copom) de que fará o que for preciso para levar a inflação à meta é a “frase mais importante” da ata de sua reunião, embora as pessoas deem pouca atenção a ela.
Segundo Guillen, quando o Banco Central iniciou seu ciclo de afrouxamento, foi dada muita atenção ao ritmo de cortes da taxa Selic.
O diretor afirmou nesta sexta-feira, em palestra organizada pelo banco Barclays, que a autarquia deixou claro que adotaria cortes de 50 pontos-base para as próximas reuniões e enfatizou que a barra para acelerar o ritmo de afrouxamento era alta.
Guillen se recusou a projetar um nível da Selic para o fim do ciclo de queda de juros, mas enfatizou a visão do Copom de que o patamar final da política monetária “depende de dados” e “é contracionista”, uma vez que as expectativas de inflação seguem acima da meta.
“As pessoas não se importam com isso, mas acho que a frase mais importante da ata (do Copom) é que o ciclo será o necessário para levar a inflação de volta à meta”, disse o diretor, falando em inglês.
A projeção de inflação para 2024 no boletim Focus está atualmente em 3,91%, enquanto, para 2025 e 2026, segue em 3,5% há semanas.
O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024, 2025 e 2026 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Em sua última reunião de política monetária, o BC decidiu fazer um terceiro corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 12,25% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê reduções equivalentes nas próximas reuniões. Na ocasião, a autarquia discutiu incertezas maiores sobre a saúde fiscal do Brasil.
No evento desta sexta, Guillen citou “desafios” do governo para aumentar a arrecadação e atingir a meta fiscal estabelecida de zerar o déficit primário no ano que vem. O diretor repetiu a mensagem de algumas autoridades do BC de que não há uma relação mecânica entre as políticas fiscal e monetária, e que o efeito da primeira sobre a segunda tem mais relação com o impacto de pioras fiscais nas variáveis macroeconômicas acompanhadas pelas autoridades do Copom.