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Crédito consignado pode comprometer o orçamento doméstico

by Willian Binder
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Crédito consignado pode comprometer o orçamento domésticoO crédito consignado é uma das linhas de crédito que mais cresce no país. Criado durante o governo Lula, o empréstimo consignado é mais acessível, mais barato e concedido a partir da garantia do débito diretamente na folha de pagamento das empresas.

Do ponto de vista do credor, a situação é ótima, pois a certeza do pagamento é maior e, consequentemente, o risco de inadimplência é muito mais baixo.

Por outro lado, a mesma facilidade de adquirir crédito consignado pode ser uma armadilha financeira que compromete diretamente a renda do consumidor. Afinal, o cliente não pode esquecer que o salário ou benefício ficará automaticamente menor com o empréstimo.

Como o pagamento da dívida é descontado diretamente das empresas que pagam estes valores, existe um limite. Pensionistas e trabalhadores assalariados – públicos ou privados – não podem contrair parcelas da dívida que comprometam mais que 30% do salário ou benefício.

“Este limite é muito alto e pode comprometer o orçamento doméstico”, argumenta Wilson Muller, consultor financeiro da fundação Cesp, para quem as taxas mensais cobradas pelas instituições financeiras são menores que outros tipos de empréstimos, devido à garantia dos credores em obter o pagamento.

A Serasa Experian aponta que o ideal seria que as parcelas do consignado não fossem superiores a 25% da renda mensal, pois a dívida não é a única conta fixa do devedor.

No caso dos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), a própria Previdência fica responsável por repassar a parcela ao banco ou financeira. Para funcionários privados e servidores públicos, são os empregadores que fazem o desconto do benefício.

Segundo dados do Ministério da Previdência, o crédito consignado para aposentados e pensionistas cresceu 41,60% em março de 2013, em comparação ao mesmo período no ano passado. William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), acredita que esse grupo de devedores é o mais prejudicado por esta modalidade de crédito.

“Não concordo com o empréstimo consignado para aposentados. Eles já possuem uma renda limitada e muitas vezes fazem o empréstimo para ajudar terceiros, que podem não honrar com o pagamento da dívida”, alerta o especialista.

Quando optar pelo crédito consignado?

Muller acredita que o melhor uso deste tipo de crédito é em situações de emergência, como gastos inesperados com saúde ou necessidade de uma reforma em casa. “Trocar uma dívida cara, como cheque especial ou cartão de crédito, pelo consignado, que tem juros bem mais baixos, também é uma opção inteligente”, lembra o consultor da fundação Cesp.

O crédito pessoal apresenta uma das menores taxas de juros do mercado, mas ainda assim tem valores muito altos para os brasileiros, na opinião de Muller.

Veja abaixo os juros das principais linhas de crédito em abril de 2013, segundo estudo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos e Finanças, Administração e Contabilidade).

LINHA DE CRÉDITO      TAXA MENSAL      TAXA ANUAL
Juros do comércio                 4,1%                    61,96%
Cartão de crédito                 9,37%                    192,94%
Cheque especial                 7,7%                    143,55%
CDC (automóveis)                 1,54%                    20,13%
Crédito pessoal (bancos)                 2,94%                    41,58%
Crédito pessoal (financeiras)                 6,91%                    122,96%
Média                 5,43%                    88,61%

Fonte: Anefac

“Entre os seis maiores bancos do Brasil, os juros do crédito consignado estão em torno de 30% ao ano, quatro vezes acima da taxa básica de juros (que está nos atuais 7,5%)”, compara Muller.

O valor das parcelas não é o único risco em contratar um plano de crédito consignado. Quem opta por financiamento por período muito longo também deve levar em consideração que a renda será reduzida pelo mesmo longo período. Assim, caso o trabalhador mude de emprego ou seja demitido, ele deverá quitar a dívida de uma só vez, de acordo com o Serasa.

“Há também a opção de o consumidor ficar com toda a rescisão e renegociar a dívida diretamente com o credor”, lembra Muller. Caso o trabalhador seja demitido, o empregador tem o direito de reter até 30% do valor da rescisão do contrato do ex-funcionário para pagar o empréstimo.

Compare os juros

Abaixo estão as taxas de juros mensais do crédito consignado cobradas em abril de 2013 nos maiores bancos.

Continue a leitura

Ricardo Pereira já alertou sobre como o crédito consignado pode se tornar um grande problema para o orçamento familiar. Sobretudo, ele também trata da educação financeira dentro das empresas, ou como as empresas criam programas que orientam seus funcionários.

Leitura obrigatória para quem quer se aprofundar no assunto, clique aqui para ler na íntegra.

Fonte: iG. Foto de freedigitalphotos.net.

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