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Crianças e Educação Financeira: suas Atitudes serão o seu Legado!

by Conrado Navarro
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Helena comenta: “Navarro, sempre me deparo com situações em casa que acabam gerando discussões e desafios. Eu tento lidar com dinheiro de um jeito, mas meu marido faz tudo diferente. Entre nós, estão nossos dois filhos, e eu fico muito preocupada porque percebo que eles estão captando nossos problemas financeiros e agindo de maneira muito parecida. Como enfrentar esse problema? Obrigada”.

Crianças, adolescentes e jovens aprendem muito pela observação, mas principalmente pela admiração. Basta notar como as celebridades causam furor entre os mais novos para entender que é preciso mais do que a educação formal para criar cidadãos conscientes de seu papel.

Esta não é uma área simples de discutir, pois nela habitam diversos tabus. Ainda assim, arrisco-me a dizer que é fundamental que existam modelos saudáveis a serem seguidos e, principalmente, que estas figuras de inspiração sejam acessíveis, humildes e engajadas com a evolução e formação dos jovens com eles envolvidos.

Chegamos, assim, ao primeiro aspecto essencial: sua família precisa ser uma família de verdade, não um amontoado de gente debaixo do mesmo teto. Com isso, quero alertá-lo para a importância do contato frequente, da atenção ao ouvir e relatar questões cotidianas, do carinho e da paciência nas horas mais difíceis.

Família é como um time! Para vencer, times precisam de regras, muito convívio, algum sacrifício, disciplina, diálogo franco, responsabilidades e compromisso. Repare que não abordei nenhuma característica técnica ou mesmo financeira, e isso foi proposital: planejamento financeiro é consequência da soma de equilíbrio emocional, bom ambiente familiar e prioridades bem definidas.

Crianças e educação financeira: suas atitudes serão o seu legado

A questão da família é crucial porque ela é reflexo de nossas atitudes. Se você e seu cônjuge enxergam o dinheiro de formas completamente diferentes, é provável que nunca tenham discutido com determinação a relação de vocês com as prioridades da família (e não apenas individuais).

A contextualização familiar deve fazer parte do planejamento, afinal de contas vocês decidiram formar uma família, certo? Se o dinheiro anda sendo maltratado, isso é uma consequência do relacionamento, provavelmente também maltratado. Qual foi a última vez em que vocês tomaram uma decisão em consenso e não ficaram arrependidos ou chateados depois?

Você já parou para pensar que suas atitudes para com o outro e para com a família determinam os fatores de sucesso financeiro de todos? Como você age, fala, escuta, dialoga, aponta, critica, recebe críticas, tudo isso é fruto de uma escolha: sua atitude perante seus entes queridos. Parece meio dramático e apelativo escrever assim, mas não tem outro jeito de ver a vida em família. Suas atitudes (ou a falta delas e suas distorções) serão o seu legado.

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Não existe nada mais importante do que seu exemplo

Em outras palavras, o que você precisa entender em relação à educação financeira dos mais jovens é que não se trata de uma matéria a ser aprendida como português, matemática ou geografia. Lidar com dinheiro é muito mais óbvio, mas também complexo, uma vez que trata-se de uma mistura de desejos, necessidades, emoções e sentimentos. Todo mundo sabe que precisa gastar menos do que ganha, mas por que isso não é tão comum como deveria?

Vem lá do oriente a afirmação famosa que diz: “Saber e não fazer ainda não é saber”. Olhe agora para os seus filhos. Encare-os. O fundamental é ser a transformação que você quer ver neles. Mas não aquele ser fajuto, de mentirinha, só quando você está perto deles – isso não funciona porque não é real. Você precisa fazer o que quer eles façam, mas não porque quer que eles o vejam fazendo, mas porque é importante e necessário fazer.

Orçamento doméstico? Tem que fazer. Reunião familiar para definir prioridades e discutir as finanças? Tem que fazer. Definir limites de gastos? Tem que fazer. Evitar parcelamento? Tem que fazer. Gastar menos no cartão de crédito e comprar mais à vista? Tem que fazer. Não importa que idade seus filhos tenham, você fará tudo isso porque precisa e é importante fazer. Para você.

Vamos combinar uma coisa: não comece tentando arrumar as finanças quando o problema é de relacionamento, falta de diálogo, prioridades e atenção. Antes, ouça mais e melhor os demais, transforme a si mesmo antes de cobrar os outros e, aos poucos, associe suas mudanças ao lado financeiro. Tenho certeza de que você já vem adiando uma série de coisas importantes que gostaria de fazer. Pare de procrastinar e faça!

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Conclusão

Seus filhos aprendem com quem você é, não com o que você diz ou finge ser perante amigos e parentes. Tentar ser não resolve, portanto convido-o a assumir a responsabilidade de ser um exemplo de valores, ética, princípios e atitudes para sua próxima geração. É um desafio e tanto, eu sei, mas também recompensador por sua própria natureza.

Da próxima vez em que você se encontrar discutindo as finanças da casa, pare por um instante e reflita: você está mesmo diante de problemas unicamente financeiros ou deve resgatar a essência da família e o compromisso com a formação de cidadãos mais proativos e capazes de amar e cuidar de forma inteligente? O dinheiro não é tão importante, mas pode ser a diferença entre ter ou não uma vida melhor – mas, perceba, isso é uma escolha calcada antes no seu estilo de vida e atitudes.

Pode parecer um exagero, uma tentativa de “florear” o tema “educação financeira infantil”. Acredite, é o contrário: educar as crianças para o consumo e controle financeiro requer apenas que pais e responsáveis façam sua lição de casa e reforcem valores constantemente. Daí em diante eles saberão o que fazer.

Registre sua opinião sobre este polêmico assunto no espaço de comentários abaixo e também no Twitter – sou o @Navarro por lá. Obrigado e até a próxima.

Foto “Father and son”, Shutterstock.

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