Vem ganhando cada vez mais força no mercado o discurso de que o país precisa de aumento em sua taxa de juros para controlar a inflação. Na última semana, dois economistas com passagem pelo Banco Central afirmaram que o desaquecimento da economia é o único caminho.
Os economistas mencionados são Alexandre Schwartsman, que hoje tem sua própria empresa de consultoria, e Illan Goldfajn, atualmente Economista Chefe do Itaú-Unibanco. A interpretação do discurso adotado por ambos mostra que eles acreditam que as demissões, que seriam efeitos diretos de eventuais medidas para desaquecer a economia, não seriam um problema maior do que a inflação.
“A saída é frear a economia. É demitir mesmo”, disse Alexandre Schwartsman.“A inflação não cai num passe de mágica. Não cai porque o Banco Central resolve falar mais duro. Cai com o encontro do crescimento da oferta com o crescimento da demanda. É preciso fazer escolhas. Não dá para fazer omeletes sem quebrar os ovos”, afirmou Illan Goldfajn.
Resolver um problema criando outro é, em minha humilde opinião, uma visão míope. É verdade que a inflação está alta, próxima do topo da meta, mas admitirmos que o desemprego terá um efeito menos danoso para economia e para o povo é uma postura quase irresponsável.
Veja o que pensa Delfim Neto, economista que está muito próximo e alinhado ao que pensa a Presidente Dilma Rousseff: “A empregada doméstica virou manicure ou foi trabalhar num call center. Agora, ela toma banho com sabonete Dove. A proposta desses “gênios” é fazer com que ela volte a usar sabão de coco aumentando os juros. A saída para a economia é promover reformas estruturais que passem pelo aumento da educação do trabalhador”.
A verdade é que a inflação é um problema emergencial e um dos pontos críticos é justamente a percepção de que o Banco Central não tomará nenhuma medida restritiva. A ingerência política sobre a equipe econômica faz com que os especuladores de plantão ataquem em diversas frentes.
De toda forma, pior que ver os aumentos de preço é não ter trabalho é nem renda. O desemprego tem se mostrado como um dos graves problemas em boa parte do mundo. Na Zona do Euro (ZE), a média de desempregados beira os 12%. Na Grécia, o percentual é superior a 26%.
Os dados são ainda piores para os mais jovens: 23,9% dos jovens estavam desempregados na ZE, em comparação com os 22,3% de fevereiro de 2012. Esta situação foi particularmente catastrófica na Espanha (55,7%), Portugal (38,2%) e Itália (37,8%). Na Grécia, 58,4% dos jovens com menos de 25 anos estava sem trabalho em dezembro de 2012.
Acredito que a opção pelo crescimento seja menos danosa em tempos de crise mundial, mas o que precisa ficar mais claro para todos é o rumo da política monetária – não dá para sustentar crescimento com dúvidas sobre o caminho a ser seguido.
O que você acha? Desaquecer a economia demitindo parece a melhor saída? O que pensa a respeito? Deixe sua opinião no espaço de comentários abaixo. Até a próxima.
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