O governo anunciou nesta quinta-feira uma nova facilitação de acesso ao Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas das famílias, em uma tentativa de alcançar mais devedores a um mês e meio do fim do prazo da iniciativa, que busca reduzir o comprometimento de renda dos brasileiros e fortalecer o crédito e a economia.
O ajuste ocorre depois de o programa beneficiar 12 milhões de pessoas, que renegociaram 35 bilhões de reais em débitos, abaixo da expectativa apresentada pelo Ministério da Fazenda no ano passado de que 37 milhões de pessoas poderiam repactuar 50 bilhões de reais. Antes, em 2022, a equipe do governo eleito trabalhava preliminarmente com uma meta mais ousada de até 95 bilhões de reais.
A partir de agora, o Desenrola permitirá que o acesso à plataforma seja feito diretamente pelos sites e aplicativos de bancos e birôs de crédito, sem a necessidade de login pelo gov.br (site unificado do governo), informou o coordenador-geral de Economia e Legislação do Ministério da Fazenda, Alexandre Ferreira.
Inicialmente, foi liberado o acesso direto pelos sistemas do Serasa, que tem hoje 88 milhões de brasileiros cadastrados e 26 milhões de acessos mensais, mas Ferreira disse que o governo está em diálogo com outros agentes.
“Esse ajuste na regra, a entrada do Serasa e essa nova perspectiva que temos até o final de março é justamente para lembrar, engajar, comunicar com as pessoas para que elas acessem o programa”, afirmou.
No fim do ano passado, o governo prorrogou o prazo de encerramento do Desenrola de 31 de dezembro para 31 de março. Na ocasião, o programa também passou a permitir que usuários com conta bronze no sistema gov.br acessem a plataforma de renegociação de dívidas. Antes, o site demandava certificados prata ou ouro, com níveis mais altos de exigências.
De acordo com o técnico da pasta, o programa está usando no momento 1 bilhão de reais em recursos do Tesouro Nacional para garantia das operações do Desenrola, bem abaixo do valor de 8 bilhões de reais disponibilizado para o programa.
Ferreira argumentou que o patamar baixo do uso das garantias é influenciado pelos descontos concedidos pelos bancos no acerto com os devedores, que ficaram muito acima do esperado, uma redução média de 85% do valor das dívidas.