A possibilidade de comprar sem ter o dinheiro no momento da compra é ao mesmo tempo incrível e perigosa. Para muitos, a vantagem acaba se transformando em tentação – e em pesadelo real depois de alguns dias/meses. Para evitar a confusão, compartilho dicas para usar melhor o cartão de crédito.
O cartão de crédito é uma invenção relativamente recente no mundo financeiro e, como praticamente qualquer solução de crédito, nasceu como uma espécie de “compra fiada”. Eu levo o produto agora, mas pago depois de alguns dias.
O Brasil, com sua realidade desafiadora de renda e a necessidade de avançar no consumo, criou uma funcionalidade adicional que torna o uso do cartão de crédito ainda mais desafiador: o parcelamento através do dinheiro de plástico, algo que não se vê mundo afora.
Muitos brasileiros não acreditam nisso, mas em outros lugares você troca a compra à vista pela compra no cartão para pagar mais adiante, mas não pode parcelar a compra. Além disso, os juros são muito diferentes: cerca de 16% ao ano nos EUA e Europa, contra 300% ao ano por aqui.
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Dicas de cartão de crédito
Fique tranquilo que não sou daqueles que manda congelar o cartão de crédito ou que simplesmente grita por aí que ele é um vilão e os bancos são o pior tipo de empresa que existe no mundo. O progresso seria outro sem o crédito, então vamos deixar o papo furado de lado.
O que você e eu precisamos fazer, isso sim, é lidar de forma adulta e responsável com a forma de pagamento cartão de crédito e sua capacidade de concentrar os pagamentos em uma única data, o vencimento da fatura.
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Dica 1: Tenha dois cartões de crédito, no máximo
A primeira e mais comum fonte de confusões é a quantidade de cartões de crédito que cada um de nós tem ou acha possível manter. Não raro, vejo pessoas que carregam cinco, seis, até dez cartões de crédito ativos, o que para mim é uma loucura.
Loucura porque cada cartão tem suas características, como datas de fechamento e vencimento da fatura, programa de benefícios, taxas de juros e por aí vai. É sério que há quem defenda saber tudo sobre cada um deles, inclusive decidindo de forma consciente quando deve usar cada um dos cartões? Eu duvido.
Na prática, a maior vantagem do cartão de crédito é concentrar as compras e permitir o pagamento em data única (vencimento da fatura), o que permite que você divida seu mês em dois momentos se optar por seguir minha dica de ter apenas dois cartões (no máximo).
Um dos cartões você configura para vencer perto do dia 15 do mês, enquanto o outro você altera para vencer no final do mês, perto do dia 30. A ideia é simples: você consegue dividir seu mês em dois períodos, facilitando a análise de qualquer compra com o cartão – ou você paga até a primeira quinzena ou depois.
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Dica 2: Categorize os gastos do cartão de crédito
Quando você paga o almoço de domingo com o cartão de crédito, você acabou de criar uma despesa de alimentação no seu orçamento, certo? Parece óbvio, mas na prática muita gente simplesmente lança a despesa total do cartão de crédito como uma categoria única no controle financeiro, e isso está errado.
De que adianta olhar para o mês e descobrir que você gastou R$ 500,00 ou R$ 1.000,00 com cartão de crédito? Isso só faz sentido se você tiver acesso aos detalhes de cada gasto e sua categoria. O que passou da conta? Alimentação? Lazer? Combustível? O cartão foi o meio de pagamento usado, mas não é a categoria da despesa.
“Ah, hoje em dia temos o app do cartão e está tudo lá” é uma frase comum que costumo escutar em palestras. Sim, está tudo lá, mas você tem analisado e se organizado com base nestas informações? Ou será que, justamente porque está tudo lá, você simplesmente acredita que está tudo sob controle?
A regra é simples: além de saber quanto você gasta com cartão de crédito, tenha todos os detalhes sobre como você usa essa forma de pagamento e quais são as reais categorias de gastos envolvidas nestas compras.
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Dica 3: Evite parcelar ao comprar com o cartão de crédito
Talvez você seja um dos muitos brasileiros que gosta do cartão de crédito justamente porque existe nele a possibilidade de parcelar as compras em muitas vezes “sem juros”. Parcelar sempre que possível não é uma decisão sábia.
O risco maior está justamente na aparente vantagem de parcelar tudo: as pequenas parcelas, inofensivas a princípio, quando somadas no tempo tendem a fazer um estrago grande. Comprometer o seu futuro financeiro é sempre perigoso.
Atenha-se, portanto, à principal vantagem do cartão de crédito: centralizar o pagamento em uma data específica (vencimento da fatura), quando você provavelmente terá recebido seu salário. Se a compra só “couber” no orçamento com parcelas, repense e refaça seu planejamento.
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Dica 4: Confira diariamente o extrato e a situação de suas finanças
Você sabe quanto já comprometeu da sua renda mensal neste exato momento? Enquanto lê este material, sabe com o que gastou mais usando o cartão de crédito e se já deve parar de utilizá-lo para não correr o risco de não conseguir pagar a fatura integralmente?
O propósito desta dica é manter você em contato com a sua realidade financeira, e isso é especialmente importante se ela estiver muito associada ao uso frequente do cartão de crédito. Não adianta “chorar o leite derramado”, não é mesmo?
O hábito de verificar diariamente parece exagerado só até você começar a praticá-lo. Ao perceber que agindo assim fica muito mais fácil lidar com as tentações de consumo, você logo vai agradecer a si mesmo por ter experimentado esta sugestão.
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Conclusão
É muito mais fácil chamar o cartão de crédito de vilão e imputar a ele toda a culpa pelos recorrentes problemas financeiros que realmente fazer alguma coisa a respeito da própria realidade das finanças. É duro ler e aceitar isso, eu sei, mas é verdade.
Comece agora mesmo a encarar seus cartões de crédito do jeito certo. Corte os cartões em excesso, categorize corretamente seus gastos, evite o parcelamento por comodidade e fique de olho em tudo que diz respeito a seus