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Dinheiro? Crédito? Entenda antes de precisar (II)

por Ricardo Pereira
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Dinheirama - Planejamento Financeiro e OrçamentoDando sequência ao artigo sobre as possibilidades de crédito existentes no Brasil, vamos abordar mais algumas opções de financiamento: crédito consignado, financiamento de veículos, CDC e o consórcio. A repercussão da primeira parte do artigo foi ótima e espero que o debate continue no mesmo nível.

Antes de detalhar as opções, não posso deixar de falar da elevação da oferta de crédito com relação ao PIB em 2007: 34,7%, maior índice desde 1995. É um número importante e que vem aumentando, mas ainda pequeno em relação a alguns países como Japão e Reino Unido, que possuem uma oferta de crédito superior ao PIB. Alavancagem pura.

Interessante notar que o nível de crescimento do crédito tende a aumentar com o decréscimo das taxas de juros, como acontece nos países mencionados no exemplo acima, que misturam oferta de crédito, prazo estendido e juros baixos. A economia se movimenta com mais dinamismo e o dinheiro[bb] flui de forma mais intensa. Vejamos o que cada modalidade tem a oferecer.

Crédito Consignado
Uma das modalidades mais comentadas nos últimos anos, dada sua facilidade de operação tanto para o cliente quanto para os bancos, trata-se de um tipo de empréstimo com desconto direto na folha de pagamento.

Ao optar por essa modalidade, você receberá seu salário já deduzido da prestação devida à instituição financeira. Justamente por essa característica de funcionamento, as garantias de que a dívida será paga são maiores, o que possibilita juros menores ao tomador do empréstimo.

Pode ser uma opção interessante para aqueles que possuem dívidas com juros muito altos, oferecendo facilidades de pagamento e taxas mais atrativas.

Cuidados importantes
Vale ressaltar que os juros mais baixos que os das demais operações de crédito não significam que os juros sejam realmente baixos. De fato, não são. Os cuidados mencionados para as opções básicas de crédito permanecem válidos:

  • Avalie a real necessidade do crédito, para não entrar em dívidas[bb] pelo simples prazer de consumir ou aproveitar uma promoção. Pergunte sempre “Será que eu realmente preciso disso?”;
  • Pesquise as diferentes taxas de juros do crédito consignado em diferentes bancos e financeiras. Opte por aquela que oferecer as melhores taxas e não as maiores facilidades.

Financiamento de veículos
O carro é uma das maiores paixões dos brasileiros, não é mesmo? Vimos diversas possibilidades de financiamento de automóveis surgindo nos últimos meses, com taxas e prazos diversos (até 99 vezes). Será que vale a pena enfrentar tamanho carnê?

Mantendo a nossa característica didática de escrever, o financiamento de veículos nada mais é do que o tipo de crédito oferecido para compra de veículos automotores. Esse tipo de financiamento permite que o preço à vista seja negociado com o fornecedor, quer seja ele o fabricante, uma concessionária, loja ou particular.

Note que quando existe uma garantia real, como no crédito para compra de veículos (o lastro é o próprio carro), a taxa de juros é menor e de certa forma todos se beneficiam. Como percebe, as garantias de recebimento por parte de quem esta financiando estão intimamente ligadas aos juros.

É comum encontrarmos pessoas que optam pelo constante refinanciamento de veículos. Nesta modalidade, o tomador oferece seu automóvel semi-novo, quitado ou não, e sai com um novo veículo e novo financiamento.

Cuidados importantes

  • Apesar de possuir taxas menores frente à outras modalidades de crédito, é importante analisar se a prestação não vai comprometer outras despesas essenciais;
  • As despesas oriundas da aquisição do carro não se resumem às parcelas do financiamento ou mesmo ao valor pago à vista. Carro é um bem que exige cuidados e que deve ser preservado adequadamente. Por isso, é fundamental que você possua um bom seguro, faça manutenções preventivas constantemente, use equipamentos e acessórios de boa qualidade e combustível de boa procedência;
  • Lembre-se também dos impostos. Ter um carro custa muito mais que o valor das parcelas impressa no carnê;
  • Cuidado com a TAC (Taxas de Abertura de Crédito), normalmente cobrada no momento do financiamento e que pode ser muito alta. Negocie sempre este valor;
  • O refinanciamento pode se transformar em um perigoso vício. Evite balizar suas contas pelos valores dos carnês e opte por financiar não mais que 35% do valor do carro;
  • As taxas de juros, o valor pago à vista e os acessórios sempre podem ser melhor negociados. O Dinheirama já abordou o tema em um artigo chamado “O que você não sabe, sobre o carro financiado”, escrito pelo nosso querido e competente Lúcio Costi, que dá uma panorama sobre o financiamento e a realidade por trás da compra de automóveis.

CDC – Crédito Direto ao Consumidor
O CDC é um financiamento destinado à aquisição de bens duráveis e serviços. Pode ser obtido no estabelecimento vendedor que geralmente mantém convênio com uma ou várias instituições financeiras, como bancos ou financeiras. É comumente conhecido como crediário e muito comum em grandes lojas de departamento, supermercados e varejistas.

Cuidados importantes

  • Quando optar por esta modalidade de financiamento, esteja atento aos anúncios de “taxa zero” ou taxas de juros muito baixas, pois é muito provável que o preço à vista do bem ou do serviço esteja embutindo os juros;
  • Evite os cartões de facilidades para pagamento, oferecidos pelos vendedores das lojas, que oferecem benefícios tais como parcelamentos extensos e melhores condições de pagamento;

Consórcio
O consórcio nada mais é do que uma forma de criar reserva financeira programada para a compra de um determinado bem. Essa modalidade de acesso ao mercado de consumo baseia-se na união de pessoas físicas e jurídicas, sempre coordenada por uma administradora de consórcio para aquisição de bens, com atribuições mensais dentro de um período pré-estabelecido.

As contribuições são pagas ao grupo e destinam-se a contemplar seus integrantes com créditos que serão utilizados na compra do bem, por meio de sorteio ou lance. No consórcio não existem juros embutidos nos valores tratados, mas lá nas “letrinhas miúdas” do contrato estarão descritas a taxa de administração, taxa para o fundo de reserva e a contratação de seguro, operações comuns principalmente quando o bem é um imóvel.

Cuidados importantes

  • Esteja certo de que as parcelas caberão no seu bolso, caso contrário haverá desencaixes em seu fluxo financeiro;
  • O valor do consórcio é inferior aos demais tipos de financiamento, é fato. Entretanto, se sua intenção é ter o bem imediatamente o consórcio pode não ser tão interessante, já que você terá que desembolsar cerca de 30% do valor do bem em um lance ou torcer pela sorte de ser sorteado nos primeiros meses;
  • Procure ler atentamente o contrato de adesão ao consórcio e informe-se sobre as taxas mencionadas na explicação da modalidade;
  • Consórcios são oportunidades interessantes de adquirir bens materiais quando não se tem pressa, mas lembre-se que neste sentido economizar e investir[bb] pode garantir maior capital ao final do período.

Finalizamos aqui nosso artigo com o básico sobre os tipos disponíveis de crédito. Nossa intenção foi contribuir, em um primeiro momento de forma elementar e rápida, com a sua formação financeira cotidiana. Só assim você poderá aprender a usar o crédito de maneira consciente. Agora que apresentamos as modalidades, podemos partir para artigos mais aprofundados, com exemplos práticos de cada opção. Claro, vale lembrar, já estão disponíveis simuladores e artigos neste sentido.

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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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