Outro dia recebi um e-mail muito oportuno do Rodrigo Silveira, colega de equipe no Dinheirama. Sendo o tema de interesse geral, “dinheiro fácil e ganância humana”, os nossos e-mails trocados viraram um artigo que será compartilhado com todos vocês. O desejo é que todos pensem no tema e fiquem atentos aos golpes aplicados diariamente por pessoas sem a menor educação financeira. Veja o que disse o Rodrigo e, em seguida, minha resposta:
“Um dia você está andando pela rua, quando alguém esbarra em você. O cidadão pede desculpas e começa a puxar conversa. Bom de papo, ele conta uma historia e diz que está com um problema. Ele tem um cheque e precisa trocá-lo, mas não tem conta corrente, o cheque está cruzado e, na verdade, ele nem precisa de todo aquele dinheiro, apenas de parte. Se você for bondoso suficiente para ajudá-lo, pode ficar com o restante e compensar o cheque.
Conhece esta história? Conhece alguém que já passou por algo assim? Acredite, existem muitos golpes com esse mecanismo e tal episódio é mais comum do que imaginamos.
São os golpes! Este tipo de notícia parece não abandonar os programas jornalísticos e a maioria deles parece piada depois de relatado. Todos concordam que é difícil acreditar que, em plena era da informação, alguém possa ser vitima de golpes tão grosseiros. As variações são muitas: bilhetes premiados, empréstimos com depósito em conta, cheque cruzado, pirâmides, venda de produtos com alta margem de lucro, ouro velho e muitos outros.
A estrutura do golpe também é sempre a mesma: dinheiro fácil mediante uma quantia menor entregue ao golpista. Claro que, na realidade, não existe nenhum dinheiro no que ele oferece. A idéia não é descrever os golpes, mas sim discutir o que leva o ser humano a acreditar que será “premiado” com quantias elevadas de dinheiro simplesmente por “pura sorte” ou “bondade”. Somos assim ingênuos?
O dinheiro tem o poder de despertar sonhos instantâneos. Pois é, antes mesmo de o dinheiro estar na nossa conta corrente, já imaginamos a prestação quitada, o carro novo, o presente para a namorada – isso parece tampar os olhos para a realidade e os ouvidos para os conselhos. Sem perceber, passamos o poder para o outro lado, a lábia de golpista.
Aparece a importância do conhecimento financeiro. Todos sabemos o quanto é difícil obter uma boa rentabilidade sem um risco controlado; para refrescar a memória, temos a poupança para consolar com seu 0,5% garantido ao mês. Então, por que e como alguém oferece algo tão rentável, sem nenhum risco? Ainda mais pedindo apenas que você o ajude, em uma simples participação. Estranho, não?
Parece-me que a(s) oportunidade(s) deve(m) estar associada(s) a algo concreto, pensado e planejado com paciência e também avaliado sob o aspecto da sustentabilidade do negócio e no longo prazo. No mais, olho vivo! Bernadette, acho que uma discussão envolvendo ganância, bondade e oportunidades pode agregar muito valor ao nosso leitor. O que pensa sobre isso?” (Rodrigo)
Minha resposta
Rodrigo, a criação do dinheiro facilitou a vida dos indivíduos e a expansão comercial. Ele facilita as trocas de bens tangíveis e intangíveis promovendo a interação, sendo um elemento de vivência social. Mas ele também pode causar a anti-riqueza, tão bem relatada por você em seu texto.
Esses golpes são fruto do desequilíbrio dos indivíduos quando envolvidos pelo fascínio e poder, vício e ganância. Quem é seduzido pelos golpistas acaba sendo vítima não só do bandido, mas de sua própria ilusão. É óbvio demais para ser verdade – dinheiro fácil –, mas a armadilha da satisfação imediata dos desejos arrasta as pessoas para essas ciladas. Como você colocou, o pensamento voa e consegue ver a alegria da namorada ao ganhar um presente ou o próprio alívio ao quitar aquela dívida antiga!
Outro perigo eminente são os falsos seqüestros. Alguém recebe uma ligação e do outro lado da linha uma voz apavorada pedindo socorro! O suposto seqüestrador pega o telefone e pede para pessoa arrumar uma quantia X de dinheiro em troca do ente querido. Está instalada a confusão…
Naquele momento, o primeiro impulso é sair correndo para o banco. Sim, porque esse golpe mexe em nosso psicológico e com sentimentos filiais que não têm preço. Os bandidos sabem dessa fragilidade. A orientação, segundo especialistas em segurança, é manter a calma, desligar o telefone e localizar a pessoa supostamente seqüestrada – e felizmente descobrir que tudo não passou de mais um golpe.
Na maioria dos casos de golpes aplicados, quanto mais o indivíduo tem acesso à educação, mais sua capacidade de crítica aumenta e sua consciência ingênua diminui, reduzindo o risco de cair na tentação desses golpes. Vale lembrar que dinheiro é sempre bem vindo, mas quando é fruto de trabalho, dedicação e merecimento. Desconfiar de quantias de dinheiro fácil é fundamental para proteger-se de golpes cada vez mais sofisticados aplicados no nosso cotidiano. Educação financeira é o começo de tudo!
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