Armando comenta: “Navarro, não sei se já parou para refletir sobre o valor que as pessoas dão ao seu dinheiro. Qual deve ser a verdadeira importância do dinheiro na vida das pessoas? Qual é sua visão sobre a filosofia de vida neste sentido? O que julga fundamental? Dinheiro é fundamental? Sei que acabo de te colocar em uma grande enrascada com essa pergunta, mas já percebi que é disso que você gosta. Que tal falar sobre isso”?
Armando, o assunto é pra lá de polêmico. Enrascada? Estou frito, isso sim. O mais importante dessa questão é a relação (delicada) entre você e seu dinheiro. Conhecimento é fundamental, mas não é tudo. Alguns movimentos subjetivos, tipo atitude, humildade, inteligência emocional e disciplina, são tão ou mais importantes que a informação que você encontra nos jornais ou na internet. Dinheiro, de uma vez por todas, não é tudo.
Dinheiro é importante?
Ele sempre está presente, não adianta querer negar sua relevância. O dinheiro é troca. É algo palpável e corresponde ao valor dado, pelos outros, ao nosso trabalho e dedicação. Dinheiro também é referência, pois trata-se de uma representação numérica do valor que vemos nos bens e produtos que nós podemos ou queremos comprar. Não é assim? Concluo, portanto, que dinheiro é importante.
O erro óbvio!
A maioria das pessoas admite que lida mal com suas finanças. Qual a saída, eu pergunto? Quase 80% das pessoas revela que, se ganhassem mais, os problemas diminuiriam bastante. Mentira. Quantos dos seus objetivos de vida não correspondem ao consumo de alguma coisa? Reformulando a pergunta, quanto de seu tempo você passa gastando, negociando ou falando de dinheiro? Muito, não importa sua renda ou classe social. O dinheiro está, literalmente, na “boca do povo”.
O problema não é, nunca foi e nunca será o salário baixo ou o pouco dinheiro disponível, mas sim a atenção que você dá a ele. É algo óbvio, elementar. Ah sim, concordo que vivemos num mundo que, freqüentemente, provoca a ilusão em vez da realidade. Felizmente, justificar não resolve. A lente necessária para transformar a ilusão em realidade chama-se educação financeira.
Filosofia de vida
Está ai um outro grande tabu. Vai o Navarro arrumar confusão. Há pouco tempo, encontrei alguém que discorda do meu jeito de gerir meu dinheiro. Na ocasião, o nobre cidadão alegou ter “outra filosofia de vida”. Até ai, tudo bem. Vai daí que eu ousei falar um “não entendi”. Ai veio a clássica resposta “você não entenderia mesmo, deixa pra lá”. Gente, ignorância financeira não tem nada a ver com filosofia de vida. Ainda bem.
As pessoas gostam de falar (e fazer) sobre o que é fácil. Gostam de futilidades, baboseira e conversa de bar. É um tal de rodar “no automático”, sem dar importância ao que pode ser trabalhoso ou minimamente diferente, que mais parece uma nação de zumbis. Zona de conforto, conhece? Então aprenda uma coisa: quando se trata de educação financeira, a zona de conforto pode ser um grande buraco. Advinhe quem comanda a pá, cavando sem parar? Você. Ops, guarde a pedra, vou ficando por aqui.
Decisão é tudo. Dinheiro não.
Qual foi a última vez que você realmente parou para avaliar seu relacionamento com seu dinheiro, suas receitas, despesas e(ou) investimentos? Again, isso não tem nada a ver com filosofia de vida ou princípios éticos e morais de conduta. Não tem a ver com religião. Tem a ver com você e o valor que você dá ao seu dinheiro.
Como sempre, eu falei, falei e não falei. Dinheiro pra mim é fundamental e importante. Eu sei onde quero chegar. Considero, pois, ter uma boa filosofia de vida, seja lá o que isso signifique. Pronto, falei! Agora permita-me um momento de reflexão: respeito muito o poder que temos sobre nossas decisões. Faço questão de lembrá-lo de que indecisão também é decisão. A vida, meu caro leitor, continua. As consequências surgem. E ai? Por que parou?
Crédito da foto para Marcio Eugenio