O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, disse que não há como atribuir culpa pelo apagão ocorrido no Brasil neste mês a fontes de geração de energia ou a agentes do setor elétrico.
Em reunião na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, Ciocchi afirmou ainda que não houve “falha de informações” prestadas por agentes sobre o desempenho técnico de equipamentos que teriam contribuído para o apagão.
Em relatório divulgado na noite de sexta-feira, o órgão já havia apontado que, além da falha em uma linha de transmissão da Chesf no Ceará, os reguladores de tensão de parques de geração próximos à linha não funcionaram conforme esperado.
Esses eventos, juntos, levaram à perda de mais de 22 gigawatts (GW) de carga em 15 de agosto, afetando o fornecimento de energia elétrica em praticamente todo o país.
Em seu último reporte, o ONS apontava que as informações passadas pelos geradores na entrada em operação das usinas no Ceará eram “diferentes” do desempenho apresentado em campo.
Nesta terça-feira, Ciocchi disse não culpar os agentes por um erro de informações técnicas. Segundo ele, o que ocorreu foi que, quando entraram em funcionamento, os equipamentos não apresentaram o desempenho exigido.
“Não é que eles nos informaram errado, é que na realidade as coisas estão acontecendo de forma diferente. Há que avaliar, são diferentes fornecedores, diferentes fabricantes, diferentes localizações, diferentes configurações desses equipamentos”.
Também presente na reunião com deputados, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou a dizer que o apagão ocorrido neste mês não esteve relacionado a um problema de falta de suprimento de energia.
“Nós sabemos e vamos impedir novos apagões no Brasil por falta de planejamento. Nós não deixaremos que o Brasil chegue ao ponto que chegou há dois anos”, afirmou o ministro, ao comentar sobre a crise hídrica de 2021 que prejudicou a geração hidrelétrica e trouxe riscos de racionamento ao país.
Silveira afirmou ainda aos deputados que o governo vai enviar um projeto para “mexer com as bases” do setor elétrico, em referência à proposta de um novo marco regulatório para reduzir o ônus ao consumidor de energia do mercado regulado.
Ele não comentou, porém, sobre prazos para encaminhamento do projeto pelo governo.