Gostaria de começar lembrando uma piada de devedor para exemplificar a situação do governo:
Uma família com renda curta e diversos compromissos para saldar, a cada início de mês, sorteava que contas seriam pagas naquele mês com os recursos existentes. Um dia, o chefe da família foi chamado ao banco e o gerente disse que o empréstimo não era saldado fazia seis meses. O chefe da família explicou o mecanismo sorteio que utilizava e acrescentou que o banco era azarado, pois não tinha sido sorteado nenhuma vez.
É mais ou menos isso que está acontecendo com o Tesouro Nacional e seus principais entes da administração pública. O Tesouro (leia-se governo) usa a Caixa Econômica e o Banco do Brasil para serviços que são prestados para distribuição do Bolsa Família, financiamentos do Minha Casa Minha Vida, Minha Casa Ainda Melhor e outros serviços, os quais certamente têm que ser remunerados.
O Banco do Brasil, por sua vez, concede os empréstimos seguindo a política agrícola de taxas de juros subsidiadas e a diferença de taxa é complementada pelo Tesouro. Na outra ponta, via Tesouro, há a capitalização das instituições bancárias de governo e o próprio BNDES entra na ciranda financeira governamental com capitalizações e pagamentos antecipados de dividendos.
Ocorre que diante dessa “Torre de Babel”, ninguém mais sabe, em sã consciência, como estão nossas contas públicas. Depois de dois anos seguidos de contabilidade criativa é de supor que nem mesmo o governo tenha domínio de todos os cruzamentos realizados para melhorar os indicadores de conjuntura.
Há forte insegurança por parte de economistas e especialistas em contas públicas, o que acaba gerando insegurança jurídica e afastando investidores. A situação assume conotações mais graves quando as despesas correntes de governo crescem bem mais que o PIB e começa a faltar recursos.
Note que ainda não abordamos outras interações entre empresas mistas ou com acionista controlador sendo o governo. A Eletrobrás deve para a Petrobras, por fornecimento de óleo combustível, cerca de R$ 7 bilhões, que deveriam ser emprestados pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica.
Por hora, a Eletrobrás negocia com a BR Distribuidora o pagamento de algo como R$ 3,2 bilhões, dos quais a Caixa deve liberar até outubro montante de R$ 2 bilhões.
A Petrobras, por sua vez, amplia fortemente seu endividamento pela política de contenção de preços de derivados, ao mesmo tempo em que começam a faltar recursos para o ambicioso plano de investimentos, onerado ainda pela necessidade do governo receber dividendos para compor o seu caixa.
Dessa forma, o Tesouro passou a adotar a técnica daquele chefe de família do início do artigo, “sorteando” para quem irá pagar a cada momento. Posterga pagamentos para mostrar situação melhor em determinado mês, e, em seguida, escolhe novos “sortudos” para socorrer.
Com isso, perdemos muito do que o país conseguiu conquistar nos últimos anos em termos de credibilidade, administração pública e responsabilidade fiscal.
Apesar de tudo isso, com as eleições presidenciais na reta final e possibilidade concreta de haver segundo turno, os investidores voltaram a se animar e os mercados de risco começam a mostrar melhor desempenho, tendo como foco principal a recuperação da economia global, da qual o Brasil pode se beneficiar pegando alguma carona.
Com isso, nós da Órama seguimos recomendando que você assuma um pouco mais de risco nos seus investimentos, já que os mercados podem melhorar e você pode aproveitar esse momento de alta.
Recomendo que conheça o Fundo de Ações Órama JGP Equity, que tem performado muito bem em tempos de turbulência nos mercados e já entrega mais de 20% em 12 meses, enquanto o Ibovespa alcança 16%. Em 24 meses, o fundo rende 34% contra um desempenho de -0,5% do Ibovespa. Clique aqui para acessar a página do Fundo e conhecer todas as vantagens e características deste investimento.
Nota: Esta coluna é mantida pela Órama, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.
Foto “Brazilian currency”, Shutterstock.