Ao mesmo tempo em que surgem notícias que mostram a volta da oferta de crédito por parte dos bancos e demais instituições financeiras, surgem notícias que preocupam o leitor mais atento aos fundamentos da economia e em como esses indicadores influenciam o cotidiano das pessoas. A verdade é que, no Brasil, crédito ainda é representa o primeiro passo para as dívidas.
Via de regra, nós, brasileiros, não estamos acostumados a lidar nem com o nosso próprio dinheiro, que dirá com aquele que nos é emprestado a juros altos. Percebe-se claramente que o crédito se transforma apenas em uma ferramenta para suprir necessidades de consumo imediatas. Isso ocorre, como já falamos inúmeras vezes, por falta de planejamento.
Dados do Banco Central demonstram que cerca de 80% da população economicamente ativa está endividada – e insistimos nesta estatística sempre que há oportunidade. Esse número mostra como o problema pode interferir de maneira direta na vida das pessoas, mas também na produtividade desses cidadãos enquanto participantes ativos do mercado de trabalho. Afinal, trabalhar com a cabeça nas dívidas e nos problemas decorrentes da falta de dinheiro é horrível.
O crédito consignado, uma armadilha recente.
Uma das grandes fontes de endividamento dentro das empresas surgiu quando o governo instituiu o chamado crédito consignado. Através de acordos entre bancos e empresas, os colaboradores passaram a ter a oportunidade de usufruir de uma linha de crédito com taxa de juros mais baixas. Essa facilidade foi conseguida pois a garantia de desconto direto em folha diminui o risco de inadimplência.
O que era uma ótima idéia se tornou um verdadeiro pesadelo para muitos brasileiros. Muitas pessoas recorreram ao crédito consignado para comprar bens de consumo, como computadores, TVs, celulares entre outros. A facilidade do crédito e a quantidade de parcelas (sempre a perder de vista) acostumaram mal as pessoas e as colocaram de forma perigosa diante do endividamento.
Antes da concessão do crédito, poucas empresas se preocupam em ajudar o funcionário a lidar com a nova possibilidade de dinheiro emprestado, alertando-o dos riscos do endividamento e das oportunidades de se planejar melhor as finanças da casa. Muitos empregados entraram em uma espiral de endividamento complicada, onde (grande) parte do salário está comprometida pelo desconto direto em folha. O problema é que as pessoas não sabem o que fazer. Falta atitude.
Queda na produtividade: um problema a ser enfrentado
A constante preocupação começou a ser demonstrada com a queda de produtividade causada pela situação de devedor. A situação se agravou, pois muitas pessoas tomaram empréstimos para pagar outros empréstimos e acabaram usando linhas mais caras, em atos de desespero. A dívida, só aumenta e se torna mais e mais perigosa.
Preocupadas com essa realidade, as empresas sentiram a necessidade de ajudar os trabalhadores. Sozinhos, eles se afundavam mais e o transtorno comprometia seu desempenho e seu dia a dia na companhia. A educação financeira e o acompanhamento financeiro são atividades importantíssimas nas empresas. O trabalho precisa começar.
Liberdade financeira, um verdadeiro beneficio
Infelizmente, no Brasil a educação financeira ainda é privilégio de poucas famílias. O correto seria que as crianças tivessem, já no inicio do período escolar, acesso à discussões sobre como lidar com o dinheiro e fossem incentivadas, no decorrer do tempo, a poupar e planejar seus objetivos. E isso é possível, funciona!
É claro que a responsabilidade deve ser compartilhada entre família e escola. Dinheiro não é um problema, mas a maneira como lidamos com ele pode ser. Quando entramos no mercado de trabalho, recebemos o primeiro salário. Você se lembra do que fez com o primeiro salário? Quanto do seu salário foi ou está sendo poupado para o futuro? Faltou orientação?
A responsabilidade das empresas também entra em cena. O funcionário que aprende a respeitar seu dinheiro perceberá que não é o salário que é necessariamente baixo, mas que a irresponsabilidade com o dinheiro é mais crítica. A partir daí, uma nova vida de conquistas se apresentará diante de seus olhos.
Responsabilidade nas empresas
Sonhos e objetivos financeiros são inerentes ao salário. O que realmente faz a diferença é a quantidade de dinheiro que conseguimos reter, sempre com cuidado e planejamento. Hoje, boa parte dos trabalhadores tem quase a totalidade de seu salário comprometida com dívidas, empréstimos e afins. O salário cai na conta simplesmente para pagar aos bancos e outros credores. Os produtos que deveriam trazer alegria, trazem dores de cabeça e desânimo; a produtividade cai.
É hora das empresas perceberem que a educação financeira é uma grande aliada da responsabilidade no trabalho, do desempenho de suas equipes e da busca de bons resultados. Justamente por isso, muitas companhias começam a buscar cursos e palestras sobre o tema, ajudando os colaboradores a planejar o futuro, quitar suas dívidas e criar um relacionamento inteligente com o dinheiro.
Pensando em ajudar as empresas nesse exercício de cidadania, o Dinheirama oferece cursos, palestras, treinamentos e consultorias financeiras específicas para empresas e grupos. Se você passa por esse mesmo problema, entre em contato com sua empresa e indique nosso trabalho. Se você é dono de empresa e quer adotar medidas didáticas de suporte ao bolso de seu colaborador, fale conosco. Deixo meu e-mail à disposição: ricardo [arroba] dinheirama [ponto] com. Se preferir, use o formulário de contato.
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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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