De repente, seu filho ganha uma bolsa de estudos no exterior. Todos se animam com a grande oportunidade para a carreira e com a possibilidade do evento aumentar o grau de empregabilidade do jovem profissional. Mas… e as despesas com passagens, hospedagem, alimentação e outros custos embutidos nesse pacote? A família se reúne e as opções parecem ser um empréstimo bancário ou a venda do carro. Acabam decidindo pedir emprestado a quantia necessária para “aquele parente rico”!
O caso citado aconteceu com um amigo e me levou a pensar sobre essa delicada relação empréstimo x família. Já ouviu ou presenciou histórias deste tipo? Provavelmente sim. Emprestar do parente: será mesmo a melhor opção? Será que o relacionamento familiar fica comprometido com esse tipo de negócio? Será que vale a pena enfrentar a possibilidade de afastamento diante de quem tanto gostamos?
As histórias que conheço não são muito animadoras e acabaram arranhando as relações familiares. Essa questão, aparentemente simples, traz consigo alguns elementos intrínsecos em seu centro: o ciúme, a crítica, o arrependimento, as comparações e muita insegurança. É preciso estar atento a eles e agir com cautela.
A grande questão é que quando pensamos em pegar dinheiro emprestado de um parente ou um amigo acabamos não deixando claras algumas questões. Os acordos são, na grande maioria das vezes, verbais.
- Aparências enganam. Será que a pessoa tem o capital disponível para me emprestar?
- Forma de pagamento e juros. Quanto poderei pagar por mês, quando começarei a pagar e qual a taxa de juros?
- As reações. Caso a resposta for negativa, ficarei magoado, acharei injusto ou normal? Estou disposto a seguir com o mesmo tratamento diante da pessoa ou associarei sua resposta às minhas expectativas quanto ao nosso relacionamento?
- Necessidade real. Preciso mesmo fazer esse empréstimo ou posso adiar meus planos e juntar a o capital necessário? Não existem outras opções, ainda que um pouco mais caras/complicadas, mas que poupem o desgaste emocional e a deterioração das relações?
Nesses momentos é preciso ter maturidade e tranquilidade. Vale aquele ditado “amigos, amigos, negócios a parte”. Parece frio? Pois acredito que esse pensamento pode deixar a negociação mais realista, objetiva e onde ela merece estar: no plano das contas, da realidade do seu padrão de vida. Afinal, sempre aparece aquele pensamento “Trocou a cortina da sala, mas ainda não me pagou…” ou algo do tipo.
Esse comportamento costuma estar presente, mesmo que inconscientemente, na mente dos credores. O pensamento passa a ter relação com o lado pessoal. Algo como “Não saldou a dívida e fica usando o dinheiro com outras coisas. Se o dinheiro fosse do banco, o nome já estaria protestado, coisa e tal”. Pois é. Vale voltar às questões presentes alguns parágrafos acima.
O fato é que toda dependência financeira gera falta de liberdade e, muitas vezes, efeitos colaterais nocivos nos aspectos social e emocional. Quando falamos de relações familiares, esse vínculo fica ainda mais forte.
Se o empréstimo familiar for mesmo a opção desejada, o conselho dos especialistas é fazer a negociação com transparência em relação às datas, juros e formas de pagamento para evitar qualquer prejuízo, emocional ou financeiro, para todos os envolvidos. Tenha tudo por escrito, documentado e assinado. Estabeleça um compromisso! Afinal, qualquer quantia de dinheiro fica pequena perto da riqueza das relações afetivas; e isso não tem preço.
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