Ulisses comenta: “Navarro, a vida anda tão corrida que quando vejo o mês já acabou, levando com ele todo nosso dinheiro. Trabalho, família, trânsito, estudos, amigos, são muitas as demandas e acabo ficando perdido e sem foco na questão financeira. Preciso de uma força sua para tentar mudar essa situação. Obrigado”.
Eu gosto muito da observação batida que todo indivíduo bem-sucedido faz sobre o tempo: “A quantidade de horas disponíveis em um dia é a mesma para todo mundo”. Eu vivo ouvindo isso de meus mentores, especialmente quando também me sinto pressionado e “afogado” nos afazeres cotidianos.
E não adianta o clássico “Então viva a minha vida para você ver como ela é corrida e complicada”. Para eles, a falta de tempo é apenas uma desculpa. O fato é que se conhecermos a fundo as histórias das pessoas que admiramos, ficaremos surpresos com a trajetória percorrida e também impressionados com a capacidade de fazer tanto com tanta pressão rolando.
Quem não tem tempo para o próprio dinheiro não enriquece!
De forma objetiva, o aspecto crucial do dinheiro é que ele requer atenção. Se nosso tempo está todo sendo usado para diversas atividades, mas não para cuidar das finanças, o resultado será muita coisa para fazer, mas pouca liberdade. Ou o dinheiro é uma prioridade ou somos escravos dele. Simples assim!
Olhe bem sua agenda, tudo aquilo que você tem feito ou pretende fazer. Peça para alguém de casa observá-lo por uma semana e registrar o que você costuma fazer quando chega do trabalho e nos fins de semana. Você provavelmente descobrirá que passa tempo demais na televisão ou mesmo fazendo coisas absolutamente fúteis e que em nada contribuem com seu crescimento.
Calma, afinal não estou dizendo que não deva existir ócio, uma certa preguiça e aquele momento “hoje não quero fazer nada”. Mas, insisto: é muito fácil perder tempo com distrações e envolver-se com diversas coisas, sem que nenhuma delas seja realmente uma prioridade ou faça alguma diferença. Sejamos francos: nós costumamos perder tempo demais!
A verdade é que o ser humano é refém do tempo e tem medo dele. Logo, todos procuramos nos ocupar para ter a sensação de que o tempo está passando, e a vida sendo vivida. Agir assim não implica aproveitar o tempo com qualidade, mas vê-lo apenas como uma variável que não controlamos (e que, assim, não convém questionar tanto!).
Mudanças simples geram grandes resultados
Alguns hábitos estão tão enraizados que praticamente se tornam atos mecânicos, subconscientes. O tempo passa! Ansiedade e angústia costumam paralisar quando o ideal seria questionar e buscar alternativas. O tempo passa! O pessimismo e a insatisfação com alguma coisa nos desanima. O tempo passa!
Não raro, muitas pessoas demoram para “acordar” e acabam sendo soterradas pela percepção de que é “tarde demais”. Escrevo entre aspas porque tarde demais não existe. A falta de tempo cobra um preço alto em certa altura da vida? Sim, mas nunca de forma definitiva. Ofereço três sugestões que parecem não ter relação com o seu bolso, mas que farão enorme diferença nas suas conquistas financeiras futuras.
Acredite, o dinheiro só será uma prioridade quando você aprender a cuidar melhor do tempo que possui e, ao mesmo tempo, aproveitá-lo com atividades mais relevantes. Ao separar parte de seu tempo para ações cujos resultados são intensos, prazerosos e poderosos, a ficha vai cair.
A transformação se dá sempre no sentido da atitude diante do tempo e daí para a prioridade financeira será coisa simples e rápida.
Comece agindo da seguinte forma:
1. Compre mais livros do que você é capaz de ler
Não me lembro bem, mas acho que foi o escritor italiano Umberto Eco que fez essa afirmação que não sai da minha cabeça: compre mais livros do que você é capaz de ler. Eu nunca tinha pensado nisso, mas é exatamente o que eu faço. Aliás, confesso que compro muito mais livros do que sou capaz de ler. Virou um vício!
A razão é ao mesmo tempo óbvia e reveladora: a ideia é cercar-se de cultura e opções de lazer que instiguem os sentidos enquanto ensinam e revelam opiniões de diferentes autores e histórias de pessoas fantásticas, bem-sucedidas e corajosas.
Ler é transportar-se para o ponto de vista do outro, e isso enriquece muito! Ler nunca será uma perda de tempo; pelo contrário, acredito que a leitura é uma das formas mais eficientes e fantásticas de aproveitar o tempo. Não é por acaso que pessoas ricas leem muito – e não falo de riqueza material, lembre-se disso!
2. Participe de um projeto voluntário
Doar-se é um ato de amor. Quem separa parte de seu tempo para auxiliar seus pares está enriquecendo na medida em que se dispõe a realizar sem qualquer expectativa, a agir por puro e simples prazer e a construir pelo sentimento intrínseco de fazer o bem. O voluntário é rico porque pratica a vida que faz sentido, a vida que soma!
Ao engajar-se em um projeto voluntário, você logo perceberá como usava mal o seu tempo. O pouco que você fizer fará muita diferença para outras pessoas e esta sensação será capaz de mexer com toda a sua agenda pessoal e familiar. Coisas importantes antes do voluntariado serão reavaliadas e verdadeiras prioridades surgirão (as finanças estarão nesta lista).
Doar seu dinheiro para boas causas é bem-vindo e importante, mas faça questão de participar de forma mais direta também. Visite as entidades que costuma apoiar; envolva-se com o dia a dia da atividade e voluntarie-se de fato, dando parte de sua agenda. O resultado é edificante, acredite!
3. Pratique exercícios físicos regularmente
Outra transformação importante surge quando damos à saúde a atenção que ela merece. Não falo apenas de cuidados básicos e da ideia simplista de que ter um plano de saúde e frequentar academia já são decisões inteligentes neste sentido. Falo de superar crenças limitantes e realmente encarar desafios físicos maiores.
Por que não fazer inscrição na sua primeira prova de 10km daqui alguns meses? Estabeleça a data como um objetivo pessoal e crie as condições para realizá-lo. Você terá que treinar, o que significa acordar cedo e correr antes de trabalhar ou mesmo chegar cansado do trabalho e encarar a esteira (ou a rua, o que é melhor ainda!).
A prática regular de exercícios trará benefícios visíveis, como maior disposição, autoestima elevada, medidas reduzidas, mas o melhor nem é isso; o mais legal é que a prática de exercícios despertará em você o valor e a importância da disciplina, e logo você vai aplicar este conceito em outras áreas de sua vida (o bolso será um deles, com certeza!).
Conclusão
Convenhamos, não existe falta de tempo! Nós é que estamos acostumados a tratar o tempo muito mal, a desperdiçá-lo ou, na melhor das hipóteses, a ignorá-lo. Vamos vivendo a vida, sofrendo como todos, reclamando como muitos e reagindo como a maioria. Como fica a necessidade de agir e fazer, mesmo com medo e pouco tempo livre?
Procurei abordar a relação entre tempo e dinheiro de uma forma subjetiva, porém forte. Na minha visão, ou aprendemos a lidar com o tempo de forma a inserir nele o que realmente importa, e em algum momento o dinheiro estará nesta lista, ou será muito difícil aprender que quanto antes começar, melhor para o bolso.
Portanto, se me permite uma última sugestão, preencha seu tempo com atividades realmente importantes para você, substituindo a sensação típica “o tempo está passando rápido demais” por “cada minuto está valendo a pena”.
Você tem algum relato sobre o uso do tempo para compartilhar conosco? Use o espaço de comentários abaixo para escrever sua opinião e/ou história. Se preferir, podemos conversar também no Twitter – sou o @Navarro por lá. Obrigado e até a próxima!
Foto “Laziness”, Shutterstock.