O presidente Michel Temer tenta se manter vivo em final de mandato, assim como seus ministros quase interinos.
Nessa fase de Copa do Mundo, festas juninas e recesso do Judiciário está difícil encontrar algum posicionamento do governo. O foco fica praticamente na movimentação dos pré-candidatos ao Palácio do Planalto e possíveis coligações, majoritárias ou não.
Temer ainda busca algum evento para aparecer discursando sobre os feitos de seu governo, mas a economia teima em não acelerar, e ao contrário ingressa em novo momento de desaceleração.
Basta ver o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do segundo trimestre, onde o governo assume que o PIB do ano de 2018 deve crescer 1,6%, ao invés de projeção anterior de 2,6%. Projeta ainda que o consumo das famílias será de +2,1%, de previsão anterior de +3,0%. Pior ainda para o consumo de governo agora negativo em 0,2%, de anterior em +0,5%. Até mesmo os investimentos diretos no país (IDP) declinaram de US$ 80 bilhões para 70 bilhões.
O dragão da inflação ganha força
Além disso, temos que considerar que a inflação começa a recrudescer e já se aproxima do centro da meta de inflação de 4,5%, com as avaliações atingindo previsão de 4,2%.
O próprio Bacen mostra certa prudência com a avaliação do risco externo e interno, mexendo com a economia e principalmente a taxa de inflação.
Do lado interno, ainda não dá para avaliar bem os efeitos da greve dos caminhoneiros e desabastecimento, e também da escalada do dólar que promete pressões adicionais sobre a inflação e a manutenção da tarifa vermelha segundo nível para a energia.
Os riscos externos ficam por conta das disputas comerciais entre gigantes da economia (EUA, China, União Europeia, Canadá, etc), desbalanceamento de preço das commodities e ainda com a postura de bancos centrais de países desenvolvidos em normalizar suas políticas monetárias.
O presidente com pior avaliação da história
O presidente Temer carrega em final de mandato a peja de ter avaliação péssima ou ruim de 79% dos entrevistados pelo Ibope (estava com 72%), e queda da avaliação regular de 21% para 16%. Além disso, segundo o Ibope, 92% dos pesquisados não confiam em Temer, de pesquisa anterior com 89%.
Como se pode constatar, do ponto de vista do Executivo quase nada há por fazer nesse segundo semestre de 2018.
Do ponto de vista do Legislativo isso pesa, mas deputados e senadores estão com foco nas próximas reeleições, ou quando muito em tentar fazer seus sucessores. Assim, está garantido que nada polêmico ou que afete a sociedade será votado. A própria sociedade em seu descrédito com os políticos, por mais silente que seja, não vai deixar votar nada de polêmico. Enquanto isso, o sistema judiciário, diante das muitas atitudes tomadas recentemente, conta com a má vontade da sociedade. O STF nunca foi tão questionado.
O novo presidente terá enormes desafios
É como temos dito, tudo cairá no colo do novo presidente eleito que terá que tomar decisões rápidas. Mais que isso, terá que compor ainda mais rapidamente sua base de apoio, para conseguir passar reformas e ajustes urgentes na economia.
Com a sociedade rejeitando políticos e os partidos representativos do centro e direita fracionados, a possibilidade de um outsider ganhar cresce. O que deixará todas as reformas ainda mais comprometidas.
Não é por outra razão que os mercados estão sinalizando complicações na formação de preço dos ativos, e até mesmo na perspectiva dos juros e principalmente do câmbio. Para quem gosta de tomar riscos, pode ser um bom momento de constituir posições e obter lucros extraordinários se suas apostas de tendência forem vencedoras. Fale com os nossos especialistas.