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Finanças Pessoais: um tema difícil? Quem disse?

by Conrado Navarro
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Quase toda conversa sobre dinheiro que tento estabelecer com alguém termina com a afirmação típica “O assunto que envolve finanças pessoais e investimentos é muito difícil, são muitas coisas pra saber e economia não é meu forte”. Fico sempre com uma dúvida: a postura defensiva denota uma desculpa esfarrapada, ignorância financeira ou as duas coisas?

“É difícil” como desculpa

Toda conversa séria requer boa dose de autoconhecimento, reflexão e questionamentos sobre conduta, atitudes e decisões cotidianas – e aprofundar-se na própria vida é complicado, exige paciência e grande dose de humildade. Falar sério dá trabalho, e você sabe disso.

Pois, qual é o atalho óbvio para encerrar uma discussão que nos tira da zona de conforto? A indiferença, é claro. Quem dá de ombros, assumindo a postura “Isso não é comigo”, foge do tema principal da conversa como se tudo o que está sendo falado não fosse compatível com o seu estilo de vida.

Defender-se usando uma desculpa esfarrapada – como “É difícil” – cria uma temporária sensação de segurança e alívio. Temporária e falsa, afinal de contas nenhum problema já foi resolvido simplesmente porque foi esquecido ou negligenciado. Muito pelo contrário: um problema esquecido é um problema maior. Qualquer desculpa esfarrapada só piora as coisas.

Se você usa “É difícil” como desculpa para não encarar o desafio de controlar seu orçamento, assuma que é a preguiça que anda impedindo você de tomar as medidas necessárias para atingir o sucesso financeiro(clique aqui para ler mais sobre esse problema).

“É difícil” porque dói

Há também quem acredite no que está dizendo quando afirma que lidar com as finanças é difícil. Trata-se de um grupo cujas experiências com dinheiro costumam ser desastrosas e repletas de desdobramentos ainda piores. Para estas pessoas, é difícil porque é doloroso. Compreensível, mas longe de ser normal.

Sucessivas tentativas frustradas de “resolver a vida financeira”, amparadas em empréstimos a juros elevadíssimos, dívidas recorrentes (e cada vez maiores) e “conselhos” catastróficos de amigos e parentes criam um indivíduo com enorme aversão ao processo de educação financeira.

O quadro é típico: o dinheiro passa a ser sinônimo de problemas e sempre que o assunto é trazido à tona, ele machuca e aviva lembranças carregadas de angústia e culpa.

Se você usa “É difícil” porque falar sobre orçamento e “finanças pessoais” gera ansiedade e incomoda, assuma que a realidade atual é um reflexo da sua falta de interesse e de um processo puramente emocional de tomada de decisões (clique aqui para mais detalhes sobre isso).

Não é difícil, só é chato

Algumas noites em casa, sem exagerar na balada, comprar roupas com menos frequência, trocar de carro em intervalos maiores, investir parte do salário, questões aparentemente simples tomam uma conotação errada de intervenção e privação e viram “munição” nas mãos dos outros: “Ele sai pouco, não gasta e anda em um carro antigo. Mas que cara chato!”.

Organização. Controle. Pensar antes de comprar. Consumir menos. Guardar parte do salário. Conversar sobre dinheiro com a família. Ufa, tem muita coisa envolvida no processo de educação financeira familiar e lidar com tudo isso requer dedicação e menos preocupação com as expectativas dos outros.

Ah, sim, há também a verdade nua e crua: gastar nosso dinheiro é muito mais fácil e prazeroso do que guarda-lo. Acontece que frequentemente chegamos à conclusão de que estamos mesmo “jogando dinheiro fora” (clique aqui para ver como evitar isso). Tudo isso pra reforçar que gerir as finanças não é difícil, mas “apenas” chato na medida em que exige que sejamos diferentes da maioria.

Nem chato, nem difícil. Necessário!

Se você chegou até aqui, são grandes as chances de você estar um pouco nervoso. Eu sei que “coloquei o dedo” em uma ferida daquelas, mas assumo essa carga com a humildade de quem sempre defendeu a educação financeira como um estilo de vida, não como solução para problemas financeiros.

Não dá para escapar do doloroso primeiro passo: reconhecer nossa responsabilidade diante dos resultados financeiros que alcançamos (ou não) até o dia de hoje. Não confunda com se sentir culpado, o que só tende a piorar as coisas, mas o fato de que, sim senhor, você é o que você faz. É simples: lidar com as próprias finanças é necessário. Ponto.

Portanto, evite o ato automático (quase um reflexo) de se manter na defensiva quando o assunto é dinheiro. Deixe a desculpa “É difícil” de lado e comece a fazer alguma coisa. Comece a ler mais sobre o assunto; comece a registrar o que ganha e gasta; comece a discutir o tema em casa.

Comece a viver e praticar a educação financeira, e não a esconder-se dela. Conte comigo e com todo o conteúdo gratuito à sua disposição aqui no Dinheirama! Sucesso e até a próxima.

Foto “Man jumping”, Shutterstock.

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