O mundo dos negócios é cheio de siglas e acrônimos que têm como objetivo nos ajudar a memorizar algum conceito importante. Alguns exemplos: os famosos “4 Ps” do marketing (Produto, Preço, Promoção e Ponto de venda) e a análise SWOT (as iniciais de “forças”, “fraquezas”, “oportunidades” e “ameaças” em inglês). Você certamente já se deparou com algumas dessas siglas por ai, não é mesmo?
SMART
Um dos mais conhecidos acrônimos, muito utilizado em gerenciamento de projetos, é o SMART (que também significa “esperto” em inglês). A sigla SMART é composta pelas palavras “Specific”, “Measurable”, “Attainable”, “Relevant” e “Time-bound” (poderíamos traduzir de forma livre como “especifico”, “mensurável”, “atingível”, “relevante” e “temporal”).
Não se sabe ao certo quem é o autor das metas SMART. Alguns dizem que foi o guru dos negócios Peter Drucker, mas não há registros precisos disso. As metas SMART se tornaram populares nos anos oitenta por causa de um famoso livro de negócios que as mencionava, mas o livro também não dá mais detalhes sobre suas origens.
Por ser uma sigla de autoria desconhecida, muitos autores acabam definindo as palavras que a compõem de forma diferente, trocando, por exemplo, a palavra “relevante” por “realista”, ou “temporal” por “tangível” (colocando, neste caso, o sentido de temporalidade em alguma outra palavra), o que não invalida o conceito.
Usando o SMART para lidar com seu dinheiro
Deixando questões históricas de lado, as metas SMART são uma das mais úteis e eficientes ferramentas de gestão de projetos e também para gerenciar objetivos em geral. Como ter objetivos é algo muito importante na administração das finanças pessoais, as metas SMART podem ser grandes aliadas no cumprimento desses objetivos. Vamos ver um pouco sobre como aplicá-las.
Os objetivos financeiros pertencem, basicamente, a duas grandes “famílias”. A primeira dessas famílias comporta aqueles objetivos que estão relacionados às dívidas e ao equilíbrio financeiro. Entre esses podemos mencionar: eliminar dívidas de um ou mais cartões de créditos, quitar antecipadamente um financiamento imobiliário, adequar os gastos à renda de forma a sobrar uma quantia determinada por mês e por aí vai.
A segunda família de objetivos é aquela que envolve guardar e investir dinheiro com alguma finalidade, que pode ser: aposentadoria, ter uma reserva para emergências, fazer uma viagem, comprar um imóvel, fazer um curso de pós-graduação etc.
Como podemos utilizar as metas SMART para um objetivo da primeira família, como por exemplo “quitar as dívidas no cartão de crédito”?
Vamos ver o primeiro item, “Específico”. De que cartão estamos falando? Algum em particular? Existe mais de um cartão com dívidas? Vamos imaginar então que trabalharemos inicialmente com o cartão emitido pelo banco “Z”.
Segundo item: “Mensurável”. Qual o valor da dívida? Qual a taxa de juros? Qual será o valor da dívida no mês que vem se ela não for paga hoje? Essas informações estão disponíveis em seu extrato mensal do cartão e através de um contato com o banco.
Terceiro item: “Atingível”. Já sabemos qual será o cartão com o qual vamos trabalhar e qual o “tamanho da encrenca”. Pagar essa dívida é algo factível, considerando-se o atual nível de renda? Não é realista, por exemplo, querer eliminar uma dívida de cem mil reais no cartão em seis meses, ganhando-se mil reais por mês. Neste momento, deve-se estabelecer um cronograma de pagamentos sensato e realista.
Quarto item: “Relevante”. Bem, considerando-se que, no atual momento, a taxa média do rotativo de um cartão de crédito no Brasil é superior a 200% ao ano e que uma dívida triplica a cada ano, eliminar esse tipo de dívida é bastante relevante e pode causar mudanças reais (para melhor) na vida de qualquer família.
Quinto item: “Temporal”. Direto ao ponto – quando começa e quando termina? Não adianta dizer “começo na semana que vem”. Estabeleça uma data definida para começar, tipo “10 de outubro”. Quanto tempo vai levar? Seis meses? Então anote em algum lugar que vai começar em 10 de outubro e vai terminar em 10 de abril do ano seguinte.
Agora que exercitamos bem o SMART, vamos, rapidamente, discutir como seria uma meta SMART para a “segunda família” de objetivos: comprar um carro à vista:
- Qual carro será comprado (Específico)?
- Quanto custa o carro e quanto dinheiro você terá que poupar para comprá-lo (Mensurável)?
- É possível, com seu atual nível de renda, poupar o dinheiro necessário para comprar o carro à vista (Atingível)?
- Você realmente precisa de um carro novo? Ele vai trazer alguma melhora concreta à sua vida (Relevante)?
- Quando você comprará o carro (Temporal)?
Vamos imaginar que a resposta para o item “Atingível” seja “não”, pois você não consegue juntar o valor necessário com seu atual nível de renda. Nesse caso, seja esperto (smart!), abandone esse objetivo e trace outro, como “aumentar sua renda”, e defina como será esse aumento de renda criando uma meta SMART para ele.
Foto “target”, Shutterstock.