Está procurando um lugar para morar mas não sabe o que é melhor, financiar ou alugar casa ou apartamento? Calma, nós te ajudamos a tomar essa decisão tão importante.
Você com certeza já ouviu a frase “Quem casa, quer casa”, certo? O sonho da casa própria existe e precisa ser respeitado.
No entanto, em um país com tantas dificuldades, morar na própria casa é realmente uma conquista que merece destaque.
O desafio, muitas vezes, parece ser o caminho escolhido para alcançar esta meta. Principalmente se considerarmos que:
- A maioria dos brasileiros não consegue guardar dinheiro;
- Poucos sabem como avaliar a melhor maneira de comprar ou financiar a casa própria, por desconhecimento e desinteresse;
- Alugar ou financiar a casa dos sonhos parece ser uma dúvida estigmatizada, quando na verdade é saudável e inteligente.
Logo, a decisão de comprar ou alugar, requer cuidados. Assim como a organização financeira e a execução de tudo isso ao longo da vida. Vamos tratar disso hoje.
Morar de aluguel ou partir para um financiamento?
Outra frase bastante comum é aquela que diz que “aluguel é um dinheiro jogado fora, que nunca mais volta”. Você certamente já ouviu alguém dizer isso, não é mesmo?
Cabe destacar que nenhum dinheiro gasto retorna, e o ponto não é exatamente esse. A questão é um pouco mais profunda.
A pergunta certa é: sua decisão hoje e suas atitudes vão te aproximar ou afastar da realização dos seus sonhos?
O seu sonho é poder viajar por aí? Crescer profissionalmente? Talvez mudar de cidade/país? Ou ter uma casa própria?
Tudo isso deve ser levado em consideração na hora de tomar uma decisão. Aliás, engana-se quem pensa que o aluguel é, necessariamente, um atraso para o sonho da casa própria.
O aluguel pode ser parte de um plano bem construído para comprar a sua casa própria da melhor maneira possível. Contato que você calcule muito bem os seus passos.
Ademais, com os juros no patamar atual, será que vale a pena alugar se eu tiver o dinheiro da entrada? Pode ser que não. Vamos entender melhor tudo isso?
Financiar ou alugar: o que dizem os números?
Suponhamos que você queira comprar um imóvel de R$200.000,00, financiado em 20 anos a um Custo Efetivo Total de 7% ao ano.
Para este exemplo, vamos considerar que você tenha R$50.000,00 para dar de entrada e outros R$10.000,00 para custos da transação.
Ou seja, você tem R$60.000,00 disponíveis que podem ser aplicados caso você opte por viver de aluguel enquanto junta mais dinheiro. O que vale mais a pena?
Considere ainda:
- Que a parcela mais cara (tabela SAC) seria de R$1.473,12 para este exemplo;
- Que um aluguel de uma casa assim sairia, em média, por R$800,00 mensais.
Assim, se você pode assumir a parcela do financiamento, isso significa que você também teria que ter fôlego para guardar R$673,12 por mês ao optar pelo aluguel.
Precisamos ainda considerar algumas variáveis para corrigir ao longo do tempo o valor do imóvel, do aluguel e de rentabilidade para o investimento no caso do aluguel:
- Para a valorização do imóvel, vamos considerar IPCA de 3,5% ao ano;
- Para o reajuste do aluguel, IGPM médio dos últimos anos, que foi de 6% ao ano;
- Rentabilidade do dinheiro aplicado em 0,3% ao mês.
Assim, considerando este cenário, financiar fica mais interessante que pagar aluguel e guardar a diferença para a parcela. Confira os números:
- Valor total pago, considerando entrada, custos, valor financiado e juros: R$ 312.198,76;
- Deste total, R$ 102.198,76 seriam juros;
- Valor do imóvel corrigido pelo IPCA depois de 20 anos: R$ 399.580,13.
E investindo? Com o retorno mensal de 0,3%, seu dinheiro renderia muito pouco, então você não conseguiria juntar o suficiente para comprar à vista.
A conta só fica favorável, considerando as demais variáveis, se a rentabilidade mensal for maior do que 0,9%, o que hoje é bastante difícil.
O que podemos aprender com os números?
Primeiro, que tudo que você aprendeu nos parágrafos anteriores faz parte de uma simulação. E uma simulação é só isso: variáveis em fórmulas.
Ah, mas uma simulação é algo muito importante também. Verdade. As lições fundamentais deste exercício são:
1. Inflação requer cuidados
A inflação ou o percentual usado como referência para a valorização do imóvel interfere muito no seu patrimônio final (compra) e na rentabilidade real da aplicação (aluguel). Muita gente exagera na correção prevista para o imóvel e sabemos que o Brasil é um país de altos e baixos.
2. O percentual usado para o reajuste do aluguel também é crucial
Quanto maior ele for em relação ao potencial de valorização do imóvel (compra) e o retorno da aplicação (aluguel), maior a vantagem para financiar em vez de alugar quando os juros estão baixos.
3. A diferença entre o valor máximo da parcela e o aluguel pode fazer diferença se você optar por alugar
Ou seja, se você escolher morar de aluguel em um lugar mais simples e tiver mais potencial de poupança, isso pode ser bom para guardar e juntar mais ao longo do tempo.
4. Atenção para a entrada
Mesmo com a opção de financiar sendo vantajosa, perceba que há um fator crucial chamado “entrada”. Assim, é importante que você seja capaz de guardar dinheiro para dar a maior entrada possível.
5. A Taxa Selic pode mudar toda a simulação
Se ela voltar a subir, o Custo Efetivo Total (CET) do financiamento também se elevará, bem como o retorno dos investimentos conservadores. Isso pode mudar a conta final e favorecer um cenário de aluguel por algum tempo.
A principal lição, no entanto, é a de que você não deve se prender à simulação ou ficar tentado a repeti-la toda vez que alguma coisa mudar.
O essencial é realizar um bom planejamento financeiro ao longo da vida para que a decisão seja tomada de maneira consciente.
Assim, o impacto da escolha (financiar ou alugar) precisa ser conhecido e absorvido sem grandes problemas no orçamento.
Eu digo isso porque ao optar por um financiamento de 20-30 anos, você está comprometendo seu dinheiro por todo este tempo.
Cá entre nós, sabemos que 20-30 anos não é exatamente “logo ali”, não é mesmo?
Financiar ou alugar é uma decisão que contempla subjetividade
A decisão de comprar ou alugar também tem um lado emocional muito forte, que vai além dos números.
Para muitas pessoas, o fato de estar na casa própria, mesmo que financiada, oferece uma paz de espírito que dinheiro nenhum consegue comprar.
Logo, não pense que uma decisão como essa deve ser apenas matemática, pois isso pode afetar seu bem-estar, seu relacionamento e até mesmo a família.
Cada pessoa, casal ou família tem suas próprias necessidades e objetivos. Além disso, a cidade onde você deseja viver pode trazer diversas variáveis.
Como parte do sonho, muitos brasileiros começam comprando um lote. Então, vão juntando dinheiro e FGTS para depois construir sua casa.
Já em grandes metrópoles, encontrar terrenos pode não ser tão simples. A alternativa mais barata e comum, nesse caso, pode ser comprar apartamentos ainda na planta.
Certamente, o caminho rumo à casa própria traz pequenas vitórias ao longo de seu percurso, o que também é fundamental para manter a motivação.
Como sair do aluguel?
Se você decidiu que quer comprar um imóvel, mas hoje paga aluguel e não enxerga as perspectivas discutidas neste texto, respire fundo e mantenha a calma.
Agora, é hora de entender que você precisa praticar a educação financeira e começar a controlar melhor seu orçamento.
Defina o tipo de imóvel e a localização que você deseja. Então, pesquise valores. Sabendo exatamente quanto você precisa de dinheiro, fica mais fácil de planejar.
Além disso, aprenda a guardar dinheiro de maneira frequente para compor pelo menos a entrada mínima para o financiamento.
E lembre-se: não tome nenhuma decisão de forma apavorada. Por estarmos falando do bem mais caro que muitos de nós compramos na vida (a casa própria), isso pode ser desastroso.
Conclusão
É bom aprender a fazer algumas contas, mas só isso não resolve. É melhor saber que muitas variáveis não são totalmente previsíveis.
Humildade para se planejar, portanto, é a chave para começar a se questionar se o melhor para você é financiar ou alugar um imóvel.
Depois de se planejar melhor e se aprofundar nos conceitos que envolvem cada uma das alternativas, aí sim faça alguns cálculos com ajuda de um especialista.
Por fim, converse com a sua família e tome o tempo que for necessário para se decidir sobre isso. Boa sorte!