A gastança do governo Lula e a falta de um compromisso da equipe do ministro Fernando Haddad com as metas fiscais impedem que o Banco Central reduza Selic abaixo de 10% em 2024, avalia a XP Investimentos em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (19).
“Acreditamos que a política monetária precisará permanecer restritiva no próximo ano para compensar os efeitos da política fiscal expansionista e garantir a convergência da inflação ao intervalo da meta”, aponta o economista Caio Megale.
A estimativa está 1 ponto percentual acima da expectativa do consenso do mercado para o ano que vem, que é de 9%, segundo o relatório Focus.
O ritmo dos cortes continuará em 0,50 ponto percentual até maio de 2024, para então ser diminuído em um ajuste final de 0,25 p.p. em junho.
Risco de alta para Selic
Megale cita também o efeito das taxas de juros mais elevadas nas economias centrais, que representam um risco de alta nas projeções para a Selic.
A XP espera um aumento da Fed Funds Rate para 5,75% no final deste ano, do atual intervalo entre 5,25% a 5,5%. Para 2024, a expectativa é de um ciclo de redução até 4,75%.
“Juros altos por mais tempo nos EUA pressionam preços de ativos nos países emergentes”, destaca a XP.
Para 2025, supondo que a inflação se estabilize em torno de 4%, a política monetária pode ser neutra em 2025.
“Estimamos a taxa de juros real de equilíbrio em 5,0%. Assim, a taxa Selic poderia ser ajustada para 9% no 1º semestre daquele ano”, calcula Megale.