O governo de São Paulo realiza nesta semana um “road show” na Europa para buscar investidores com perfil operador para seu programa de mobilidade urbana, apresentando projetos que somam pelo menos 50 bilhões de reais em investimentos, disse à Reuters o secretário de Parcerias em Investimentos do Estado, Rafael Benini.
Segundo ele, uma análise de mercado identificou que há escassez desse tipo de investidor no Brasil para projetos de trens de passageiros, o que fez o governo paulista ir atrás dos europeus, principais referências no setor, para os grandes leilões que pretende realizar a partir deste ano.
Entre os projetos que serão apresentados, estão as parcerias-público privadas (PPPs) das linhas 11, 12 e 13 da CPTM; das linhas 10 e 14 da CPTM; e do Trem Intercidades São Paulo-Sorocaba. Esses empreendimentos devem ir a leilão neste e no próximo ano e somam, juntos, 50 bilhões de reais em investimentos.
Também serão apresentados a potenciais investidores a expansão do Metrô, com as linhas 19 e 20, e o túnel Santos-Guarujá, cuja parceria com o governo federal para destravar o projeto paulista foi assinada na última sexta-feira.
O secretário afirmou que a viagem, que passará por Espanha, Itália e França, será importante para atrair mais empresas para disputar os futuros projetos, já que o governo identificou dificuldades na composição de consórcios para o Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas, que irá a leilão em 29 de fevereiro.
“Na formação dos consórcios do TIC, a gente viu que a gente tem bastante construtora, fornecedor de material rodante, fornecedores de sinalização, da parte elétrica… Mas o que a gente precisava tentar atrair é principalmente o operador.”
Segundo Benini, “não dá mais tempo” para buscar novos interessados no TIC Campinas, que demandará 13,5 bilhões de reais em investimentos, e o governo vê hoje a participação de dois consórcios na licitação do fim do mês. Mas a experiência pode ajudar no projeto entre a capital e Sorocaba.
Para os empreendimentos que serão lançados até 2025, a expectativa é atrair grupos que já operam por exemplo no setor de rodovias para ingressar em mobilidade urbana.
A comitiva do governo paulista, que conta com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e secretários como Benini, tem reuniões marcadas com grupos como Vinci, ASTM/Gavio (acionista da EcoRodovias), Transdev, Acciona, Sacyr e Keolis.
Um dos pontos que a comitiva destacará aos investidores é a criação de uma carteira de projetos de mobilidade no Estado de São Paulo, algo que, segundo o governo paulista, facilita a atração de novos grupos para estudar investimentos no país.
“A gente está ‘vendendo’ isso ao mercado: a gente tem uma sequência de projetos que vai sair, então venham estudar porque o custo que vocês vão ter estudando, vocês vão conseguir reaproveitar em outro projeto futuro.”
Ainda segundo o secretário, o “road show” não tratará com investidores sobre a privatização da Sabesp e da geradora de energia elétrica Emae, devido ao período de silêncio sobre essas transações.