O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que o governo deve revisar a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto para um nível acima de 2,5% nos próximos meses.
“As próprias estimativas do governo que preveem um crescimento da ordem de 2,2% devem ser revistas nos próximos meses apontando para um crescimento de 2,5% acima. Nós devemos, mais uma vez, surpreender as projeções”, disse em discurso em evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) durante visita do presidente francês, Emmanuel Macron.
Na semana passada, a Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda deixou inalterada em 2,2% sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024.
As projeções do mercado, contudo, são menos otimistas, com apostas em uma alta do PIB de 1,85% neste ano, segundo o mais recente boletim Focus do Banco Central.
Haddad, que já havia levantado a possibilidade de revisão na terça-feira, também disse acreditar que o PIB de 2023 será revisto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e destacou o cenário macroeconômico favorável que o país tem no momento.
Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, ajudado por uma safra recorde de grãos e forte resultado das indústrias extrativas, com destaque para petróleo e minério de ferro.
Em relação aos efeitos do crescimento econômico sobre a inflação e uma possível dificuldade em conter a alta dos preços, o ministro destacou a possibilidade de que o aumento do PIB não resulte em um salto das pressões inflacionárias e reiterou ainda haver espaço para cortes da taxa básica de juros.
“Espero que o Banco Central não se assuste com o número de empregos que foi gerado no mês passado, não há razão para apreensão. Uma economia pode crescer com baixa inflação, eu sei que muitos economistas discordam disso, mas nós temos condição de crescer com inflação baixa, já provamos que isso é possível no período 2003 a 2010”, afirmou numa alusão à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta-feira mostraram que o Brasil abriu 306.111 vagas formais de trabalho em fevereiro, melhor resultado em dois anos.
Os números robustos de emprego representam um dos pontos de incerteza que podem tornar necessária uma redução no ritmo de cortes dos juros básicos.
O colegiado do Banco Central, em sua reunião na semana passada, disse ter debatido em profundidade o mercado de trabalho, avaliando que os aumentos salariais observados podem estar ligados, em alguma medida, a pressões nessa área.
Contudo, em entrevista à CNN Brasil, transmitida no mesmo horário em que o ministro discursava em São Paulo, Haddad também disse não estar muito preocupado com as recentes dados dos núcleos de inflação, principalmente os relacionados ao setor de serviços, depois que o IPCA-15 desacelerou em março, mas se manteve acima do esperado.