O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que o processo de escolha do futuro presidente do Banco Central será tranquilo e fruto de diálogo, ressaltando que tem conversado sobre o tema com o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
Em evento promovido pelo Bradesco BBI, o ministro disse que o governo passou por um teste duro diante da autonomia do BC já que o presidente eleito não pode indicar imediatamente a cúpula da autarquia imediatamente após assumir o cargo e ressaltou que após o atual governo nomear quatro diretores é natural que a relação fique mais tranquila.
“Tenho ótima relação com o presidente do Banco Central, isso independe das nossas ideias. Nós procuramos institucionalizar a relação da Fazenda com o Banco Central. Isso foi bem feito… Já estou conversando com o Roberto Campos muito tranquilamente sobre essa questão (da sucessão na Presidência do BC)”, afirmou.
“O presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) tem três nomes para escolher agora: dois diretores e o presidente. Penso que vai ser um processo muito natural. Ele vai ouvir as pessoas, vai ouvir a Fazenda, nós vamos ouvir o Banco Central sobre como fazer essa transição, e quero crer que essa transição vai ser muito mais tranquila”.
O ministro chegou a citar que questionou Campos Neto sobre o momento que ele consideraria mais adequado para o presidente Lula apresentar a indicação do seu sucessor, mas não elaborou.
O mandato de Campos Neto na presidência do BC se encerra em 31 de dezembro deste ano, mesma data prevista para o encerramento da atuação da diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Carolina Assis de Barros, e do diretor de Regulação, Otávio Damaso.
Crédito Imobiliário
No evento, Haddad afirmou que o governo vai propor na próxima semana o lançamento de um mercado secundário de títulos do mercado imobiliário, o que abriria espaço para que bancos “limpem” seus balanços e ampliem a concessão de crédito.
Haddad citou como exemplo a Caixa Econômica Federal, que poderia repassar títulos da sua carteira de crédito imobiliário a terceiros, que negociariam os papeis no mercado. Segundo ele, esses agentes terão que ceder um pouco para que a iniciativa prospere.
“Se conseguirmos induzir esse processo e simultaneamente termos um ambiente macroeconômico mais positivo, com taxa de juros mais civilizada, inflação controlada, entendemos que podemos alavancar o crédito imobiliário no Brasil, que é muito baixo”, disse.
O ministro afirmou que hoje há um descasamento entre índices de correção usados em operações de longo prazo e, sem detalhar, disse que o governo vai propor uma equalização para viabilizar a proposta.
Segundo ele, o tema já foi debatido com o Banco Central, a Caixa, o Banco do Brasil e com representantes do setor da construção civil.