O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que o processo de corte na taxa básica de juros “certamente” começará nesta quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciar sua decisão após o fechamento do mercado, e disse que há espaço para um corte de 0,50 ponto na taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
Em participação no programa “Bom Dia, Ministro”, da EBC, Haddad afirmou que o início do corte dos juros e a aprovação da reforma tributária terão “efeitos diluídos ao longo do tempo”, mas implicarão em impacto imediato na tomada de decisão de investidores.
“Nós temos um espaço importante para a queda da taxa básica, e quando cai a taxa básica de juros o que certamente vai começar a acontecer hoje você vai ter uma perspectiva de diminuição dos juros futuros, o que implica que as empresas vão começar a captar mais barato e, ao final, isso vai acabar chegando no consumidor”, disse Haddad.
O ministro argumentou que medidas adotadas pelo governo, propostas aprovadas pelo Congresso e decisões tomadas pelo Judiciário no primeiro trimestre deste ano abriram a possibilidade da redução na taxa de juros, cujo patamar atual tem sido alvo constante de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de membros do governo.
“Aconteceu muita coisa boa neste primeiro semestre. A pessoa agora está discutindo assim: ´o que vamos colher deste investimento que foi feito no primeiro semestre?´ Tecnicamente a pessoa pode falar: ‘vamos colher 0,5 ponto (de corte nos juros)’, porque tem espaço para isso, vai ser bom para o Brasil”, disse.
Há um consenso no mercado financeiro de que o Copom deverá anunciar um corte na taxa Selic após o fechamento do mercado nesta quarta, com dúvidas em relação à magnitude da redução.
A precificação na curva a termo de juros mostra probabilidade de 52% de que o BC cortará a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, em 0,50 ponto percentual, com 48% de probabilidade de corte de 0,25 ponto.
Em pesquisa da Reuters, 35 de 46 economistas consultados projetaram redução de 0,25 ponto.
Na entrevista, Haddad também disse que há um grupo de trabalho que reúne Ministério da Fazenda, Banco Central, bancos e lojistas para dar o que chamou de uma “solução final” para os altos juros cobrados no rotativo do cartão de crédito. Ele previu que esta solução deve sair até o final deste ano.
O ministro fez ainda uma defesa enfática da reforma tributária, que tramita no Senado após ser aprovada no mês passado na Câmara dos Deputados, apontando-a como crucial para uma trajetória de crescimento sustentável do país.