Mal o ano começou e o governo federal já começou a tomar medidas duras na tentativa de “cobrir” os altos gastos que vinha desempenhando nos últimos anos. Uma dessas medidas anunciadas no dia 19/01/2015 pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy foi ou aumento dos seguintes tributos: IOF, PIS, COFINS e CIDE (Combustíveis).
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) foi elevado de 1,5 % (um e meio por cento) para 3% (três por cento) nas operações de crédito. Já o PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) mexeram de forma direta no preço dos combustíveis, uma vez que o aumento das alíquotas desses tributos elevará o preço da gasolina em R$ 0,22 (vinte e dois centavos) e do diesel em R$ 0,15 (quinze centavos).
Infelizmente, tais medidas tendem a impactar diretamente e de forma negativa na economia do Brasil, principalmente nos setores automobilístico e imobiliário. A seguir será descrito um pouco sobre esses setores e os impactos que tais medidas fiscais tendem a causar na economia nacional.
Setor automobilístico no Brasil
O setor automobilístico no Brasil representa cerca de 5% (cinco por cento) do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e cerca de 23% (vinte e três por cento) do PIB industrial, segundo dados da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de veículos Automotores).
Durante os anos de 2012 e 2013, o setor esteve bastante aquecido, período em que houve a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e as linhas de créditos estavam bastante acessíveis (concessionárias do país conseguiam vender os seus veículos em estoque sem entrada).
Contudo, após a suspensão desse benefício, as vendas caíram em torno de 7,2%, segundo dados da Carcon Automotive, em comparativo aos anos de 2013 e 2014. Ou seja, se apenas com a suspensão do benefício as vendas já caíram, imagine com essa última medida de elevação de impostos tomada pelo governo federal.
Setor imobiliário no Brasil
O setor imobiliário viveu momentos de glória no país. Muitos construtores e corretores lucraram bastante com o setor, o que se deve à alta nos preços dos imóveis e a facilidade que as linhas de crédito eram oferecidas aos seus compradores. Este setor representa cerca de 9% do PIB, segundo dados do Portal Brasil.
Contudo, começou a haver queda de vendas no setor em decorrência da supervalorização do preço dos imóveis e ao aumento dos custos financeiros no financiamento imobiliário. Este aumento se deve à inflação gerada pelo excesso de demanda sobre a oferta de linhas de créditos e ao alto endividamento da população brasileira – segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 54,15% das famílias brasileiras estão endividadas.
Previsão de impactos negativos na economia nacional
Grande parte dos brasileiros adquire seus veículos e imóveis por meio de financiamento bancário. Então, com a elevação da alíquota do IOF, os financiamentos de veículos e imóveis ficarão ainda mais caros, havendo assim uma expectativa de queda nas vendas destes bens.
Para a venda de imóveis, além do agravante do IOF, também cabe reforçar o leitor sobre o aumento da taxa de juros anunciados pela Caixa Econômica Federal, em linha com a elevação da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12,25% ao ano.
Além disso, o aumento dos tributos sobre o combustível deixará ainda mais caro manter um veículo nesse país, ou seja, isto também contribui diretamente e de forma significativa para a queda nas vendas e problemas no orçamento doméstico de muitas famílias.
A conta dos impostos é sempre nossa!
Conforme já era previsto para o início desse ano, a população mais uma vez arca com as consequências da condução das contas públicas do governo federal. As mudanças anunciadas podem gerar um “efeito cascata”, uma vez que a tendência das vendas é cair enquanto o desemprego cresce – e queda de vendas e de renda significará arrecadação tributária menor.
Além disso, se os postos de emprego se reduzirem mesmo, a quantidade de pessoas integrantes da População Economicamente Ativa (PEA) também diminuirá, o que reduzirá o consumo e, consequentemente, a arrecadação do governo.
Diante dessa tendência, os empresários e investidores deverão trabalhar novos preços, mais atrativos, com base na redução da sua margem de lucro unitária para tentar ganhar na quantidade vendida. O imóvel, um investimento de baixa liquidez, deverá ser comercializado a partir de novas estratégias de vendas.
Com base nessa análise, arrisco-me a deixar uma dica aos consumidores e investidores: aqueles que puderem esperar e analisar o comportamento do mercado no período de dois anos (curto prazo) poderão fazer bons negócios. Diante de tudo isso, o melhor mesmo é esperar!
Todavia, para aqueles que não puderem esperar e quiserem comprar o seu veículo e imóvel antes disso, e o mercado não apresentar nenhuma tendência de preço “favorável” ao consumidor, a melhor coisa a fazer é pagar à vista ou dar uma boa entrada e financiar o menor valor possível – obviamente que essa opção cabe apenas àqueles que já possuem uma boa poupança.
Como sempre, os indivíduos que não possuem poupança e não puderem ou quiserem esperar, serão penalizados com um pagamento muito maior que nas outras opções citadas anteriormente. Atenção para o impacto das mudanças no seu bolso, isso é muito importante. Até a próxima!
Foto “Sad Brazilian”, Shutterstock.