A inadimplência no Brasil voltou a crescer, e o país registrou 65,2 milhões de consumidores inadimplentes em fevereiro. De acordo com o estudo da Serasa Experian, essa marca não era atingida desde maio de 2020. Ou seja, quando começou a pandemia da COVID-19.
O total de consumidores inadimplentes estava caindo desde abril de 2021, mas está em alta contínua desde outubro de 2021. Entre os motivos da alta do endividamento estão:
- O rápido aumento dos juros (Taxa Selic), o que encarece o crédito;
- O desemprego ainda elevado no país (12 milhões de desempregados);
- A queda na renda média do trabalhador.
Dessa forma, mesmo com a recuperação gradual do emprego, muitas pessoas estão ganhando menos do que antes. Como resultado, essas pessoas têm mais dificuldade em quitar débitos em atraso.
Perfil da inadimplência
Os dados da Serasa indicam ainda que os homens têm uma leve predominância entre os inadimplentes. Ou seja, 50,2% dos consumidores negativados são homens, e 49,8% são mulheres.
Em relação à faixa etária, a maior parte dos inadimplentes possui entre 26 e 40 anos de idade (35,3%). Em seguida, estão as pessoas na faixa de 41 a 60 anos de idade (34,9%).
Conforme o levantamento, os mais de 65 milhões de inadimplentes têm, ao todo, R$263,4 bilhões em dívidas negativadas. O que representa, em média, R$4.042,08 por pessoa. Assim, os dados apontam para uma média de 3,4 dívidas por CPF.
Entre os tipos de dívidas em situação de inadimplência em fevereiro, de acordo com a Serasa são:
- Cartão de crédito: 28,6%
- Contas domésticas (água, luz e gás): 23,2%
- Gastos no comércio varejista: 12,5%.
Como negociar as dívidas e sair da inadimplência
1º passo: assuma que as dívidas existem
Conforme você percebeu nos primeiros parágrafos, a situação é delicada para muitos brasileiros. Será este o seu caso?
O primeiro passo para lidar bem com as finanças é falar francamente sobre as dívidas e seu impacto. Mais do que falar a verdade, é necessário assumir a realidade, ainda que seja doloroso. O lado positivo desta constatação é que você também tem o poder de mudar o curso da própria história.
2º passo: liste todas as suas dívidas
Esconder na gaveta boletos e contas que continuam chegando não muda nada, só complica mais a realidade e seus desdobramentos. Agora é hora de encarar tudo, com paciência e muita calma.
Seu foco deve ser na criação de uma lista bem detalhada com todas as dívidas atuais do seu orçamento. Além disso, inclua informações como:
- Para quem deve;
- Saldo devedor;
- Custo Efetivo Total (CET);
- Total de parcelas pagas;
- Total de parcelas a pagar;
- Contato para negociação ou informações.
E o que mais for relevante para conhecer sua realidade. O resultado desta etapa precisa ser uma tabela ou documento em que você consiga classificar as principais dívidas. Quer seja pelo tamanho (maior saldo devedor) ou por peso (mais caras, com maior CET).
Sua situação precisa ser compreendida em termos de gravidade, não apenas quantidade.
3º passo: priorize o que você pode pagar
Muitas vezes, as pessoas inadimplentes se encontram em uma situação em que não conseguem quitar tudo de uma vez. Por isso, é claro que devem fazer uma priorização das contas.
Assim, o caminho é focar nas dívidas que você consegue pagar e sempre buscar a renegociação. Órgãos de proteção ao crédito, como Serasa, Boa Vista e SPC, por exemplo, podem ser muito úteis nesse processo.