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Investimento em FIDC: características, vantagens e detalhes

by Leonardo Calixto
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Antes de falar dos diferenciais do fundo de renda fixa do mercado de capitais, vale explicar os conceitos e funcionamento desse investimento para o investidor e leitor do Dinheirama.

O FIDC, mais conhecido por fundo de recebíveis, funciona como um fundo mútuo de investimento tradicional, e é classificado como um investimento de renda fixa com perfil de risco de crédito. O FIDC é regulado e fiscalizado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e possui uma legislação própria.

Enquanto os fundos de ações investem em uma carteira de ações de empresas com negociação na Bolsa de Valores e fundos de renda fixa investem em diferentes tipos de ativos de dívida, como CDB emitidos por bancos, debêntures emitidas por empresas, títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, um FIDC investe em recebíveis originados por empresas financeiras ou não financeiras.

Uma carteira de recebíveis de uma empresa representa o seu “Contas a Receber”, as vendas e serviços realizados aos seus clientes com previsão de pagamento em uma data futura.

Como é a operação do FIDC e por que ela faz sentido?

Por exemplo, empresas que vendem produtos e emitem uma duplicata com vencimento em 30 dias formam uma carteira de recebíveis. Ou ainda: empresas de varejo que vendem com cartão de crédito com ou sem parcelamento.

Ainda está confuso? É simples: quando um FIDC compra uma carteira de recebíveis de uma empresa, está na realidade adquirindo o direito de receber um pagamento futuro dos clientes da empresa, pagando um valor com desconto à vista.

Em outras palavras, a empresa está antecipando o seu “Contas a Receber” vendendo-o para o FIDC com um desconto. As empresas buscam este tipo de operação frequentemente para ajustar o seu capital de giro e operarem de forma saudável.

Portanto, pode-se interpretar o FIDC como um fundo de investimento que realiza uma desintermediação bancária. O investidor de um FIDC está de fato financiando as empresas sem a atuação de um banco.

FIDC: Fonte de financiamento para empresas e pessoas físicas

Este tipo de fundo foi regulamentado no final de 2001, e no início de 2002 começaram a surgir os primeiros produtos no mercado. Presenciamos vários movimentos de mercado ao longo dos últimos 12 anos que incentivaram o desenvolvimento de FIDC, com os mais variados perfis de recebíveis.

Desde fundos com carteira de mensalidades de universidades até royalties da Petrobras, do financiamento das empresas de pequeno e médio porte até governos e milhares de pessoas físicas.

De fato, o FIDC é um veículo muito versátil, com uma estrutura legal bastante robusta, regras operacionais extremamente transparentes e uma forte governança com a participação de diferentes agentes econômicos com responsabilidades muito claras.

Em um FIDC mais simples é possível identificar, no mínimo, seis participantes envolvidos buscando proporcionar transparência e segurança para os investidores.

Um FIDC deve possuir, obrigatoriamente, dois auditores contratados. Um para auditar o balanço e demonstrações financeiras do fundo e outro para auditar os recebíveis, com o objetivo de verificar sua existência e correta formalização.

Além destes envolvidos, o fundo possui estruturador, gestor, administrador, custodiante, agência de classificação de riscos e alguns possuem servicers especializados, entre outros dependendo da operação.

Importante adiantar que o fundo é considerado uma operação de crédito estruturado e cada produto possui uma estrutura própria e buscando se adequar ao nível de risco e rentabilidade que deseja oferecer aos investidores.

Para se ter uma ideia da dimensão dessa opção de investimento, atualmente os FIDCs totalizam um volume superior a R$ 60 bilhões, em mais de 250 produtos.

Mas, quem pode investir em FIDC?

Pela legislação, só investidores qualificados, pessoas físicas que possuem, no mínimo, R$ 300 mil em aplicações financeiras, podem investir em um FIDC.

Hoje, a grande maioria dos produtos é destinada aos investidores institucionais, como fundos de pensão, gestores de fundos de investimento e empresas independentes de gestão de patrimônio de pessoas físicas.

Este perfil mais qualificado de investidores é explicado, principalmente, pela complexidade do produto, que exige dedicação por parte dos analistas e dificulta a análise de um investidor tradicional.

Porém, deve ser esclarecido que existem poucos investidores com conhecimento técnico para avaliar o que estão “comprando”. Uma grande maioria faz análises superficiais e se baseia muito na nota de risco (rating) atribuída por uma agência de classificação de riscos.

Vale a pena investir em FIDC?

Diferente dos produtos mais populares, como LCI, LCA, CDB, Fundos de Renda Fixa, tendo ou não isenção fiscal ou garantia do Fundo Garantidor de Crédito, a relação risco e retorno de muitos FIDCs é bastante atrativa, superando com certa facilidade os 125% do CDI com um risco relativamente reduzido.

A melhor solução para as pessoas físicas acessarem estes produtos é por meio de um fundo de fundos, isto é, um fundo que tem por objetivo diversificar em uma carteira formada por diferentes FIDCs.

Este tipo de produto oferece a qualificação do gestor na análise, seleção e monitoramento dos FIDCs com uma liquidez muito boa e uma rentabilidade diferenciada. Não existem muitos fundos destes, mas é possível acessá-los por meio de gestoras especializadas em estruturação e gestão de FIDCs.

Acredito que o FIDC é uma opção interessante para investidores terem no radar, principalmente aqueles que buscam a diversificação de investimentos e seguem a máxima sugerida por especialistas de não colocar todos os ovos na mesma cesta. Obrigado e até a próxima.

Foto “Financial symbols”, Shutterstock.

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