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IPCA sobe 0,12% em julho, diz IBGE

Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,07% em julho, acumulando em 12 meses avanço de 3,93%

by Reuters
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O IPCA voltou a subir em julho uma vez que a reoneração de combustíveis compensou a queda nos custos de alimentos e habitação, com a inflação em 12 meses voltando a acelerar, mas com os dados ainda sugerindo um cenário benigno, no momento em que o Banco Central dá início ao processo de corte de juros.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,12% em julho, contra recuo de 0,08% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

O resultado ficou um pouco acima da expectativa em pesquisa da Reuters de variação positiva de 0,07% do índice no mês.

Com isso, o índice agora acumula em 12 meses até julho alta de 3,99%, subindo ante taxa 3,16% em junho, e voltando a ficar acima do centro da meta para a inflação este ano, que é de 3,25% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

A reaceleração já era esperada uma vez que começam a sair do cálculo do IPCA em 12 meses as deflações de julho, agosto e setembro do ano passado, provocadas pela desoneração de impostos. A taxa em 12 meses do IPCA também ficou um pouco acima da expectativa na pesquisa da Reuters, de alta de 3,93%..

Apesar dessa aceleração, o quadro inflacionário no país vem se mostrando benigno, inclusive com alívio na alta dos preços de serviços no mês passado. Esse cenário levou o Banco Central a iniciar na semana passada um ciclo de afrouxamento da política monetária, com corte da taxa de juros Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano.

Mas o BC avaliou ser pouco provável intensificar os cortes na Selic à frente, defendendo postura conservadora na flexibilização monetária e firme compromisso com a reancoragem das expectativas.

Em julho, o maior impacto entre os grupos foi exercido pela alta de 1,50% de Transportes, devido ao avanço de 4,75% nos preços da gasolina, subitem de maior peso individual no índice.

“A alta de julho capta a reoneração de impostos, com a volta da cobrança da alíquota cheia de PIS/COFINS”, explicou André Almeida, analista da pesquisa no IBGE, calculando que se a gasolina fosse excluída do cálculo, o IPCA teria caído 0,11% em julho.

Os combustíveis em geral subiram 4,15% no mês, com altas em gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%), enquanto o óleo diesel caiu 1,37%. Os aumentos nos preços da passagem aérea (4,97%) e do automóvel novo (1,65%) também contribuíram para o resultado do grupo Transportes, este último com o programa de incentivo à venda de carros do governo.

Quedas

Essas pressões compensaram as quedas nos outros dois maiores grupos que compõem o IPCA. Alimentação e bebidas apresentou deflação de 0,46% em julho, graças principalmente à queda de 0,72% nos preços da alimentação no domicílio.

Destacam-se as reduções nos preços do feijão-carioca (-9,24%), do óleo de soja (-4,77%), do frango em pedaços (-2,64%), das carnes (-2,14%) e do leite longa vida (-1,86%).

Habitação também teve recuo nos preços, de 1,01%, com a maior contribuição vindo da energia elétrica residencial (-3,89%) devido à incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de julho.

A inflação de serviços, acompanhada de perto pelo Banco Central, desacelerou a alta a 0,25% em julho, depois de subir 0,62% em junho, acumulando em 12 meses avanço de 5,63%.

“Com melhor qualitativo na parte de serviços, o IPCA de hoje vai pelo caminho de aceleração do ciclo de corte de juros no quarto trimestre de 2023. Contudo, é importante ressaltar a volatilidade dos núcleos nas últimas leituras, o que indica que o BC deve juntar mais informações até sacramentar dinâmica mais benigna dos serviços”, avaliou Leonardo Costa, economista da ASA Investments

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, caiu a 46% em julho, de 50% no mês anterior, indo ao menor nível desde maio de 2020 (43%).

Na quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição tem conseguido realizar um “pouso suave” no combate à inflação e que o controle de preços tem sido obtido com impacto muito pequeno sobre indicadores econômicos.

De acordo com a pesquisa Focus mais recente, o mercado prevê que o IPCA encerrará este ano com alta de 4,84%, indo a 3,88% em 2024.

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