Por Carlos Jenezi, especialista em marketing e desenvolvimento de produtos e articulista da Plataforma Brasil Editorial.
Qual o papel da iniciativa privada em um país? Será que se resume a gerar riqueza, girar a economia e criar empregos? Será que os grandes empresários do país não possuem uma parcela maior de responsabilidade?
Acredito que sim, e muito! Qualquer pessoa que tenha poder e influência – e os empresários tem muita – deveria contribuir com os rumos do país, principalmente em momentos adversos como este pelo qual estamos passando.
Com o passar dos anos, tenho percebido um gradativo apequenamento da nossa classe empresarial no que se refere ao seu papel de protagonista político e social. Sinto nossos empresários excessivamente razoáveis, cordatos e completamente desinteressados em assumir qualquer papel de liderança política.
Para as novas gerações, acostumadas com o atual distanciamento entre empresários e a política (salvo os maus exemplos da “integração” pela corrupção), ouvir falar de “papel de liderança política” pode soar estranho.
No entanto, houve um tempo que a boa política era feita por todos aqueles que de alguma forma podiam contribuir e assumiam esse papel. Aqueles que, assim como eu, vivenciaram a atuação política de Olavo Setúbal (dono do Itaú) e Antônio Ermírio de Moraes (Votorantim), dentre tantos outros, entendem claramente do que estou me referindo.
No momento atual que vivemos, de profunda crise econômica e política, não enxergo em nenhum dos nossos grandes empresários qualquer atitude de liderança e/ou inspiração, enfim, de protagonismo.
As raras entrevistas de alguns poucos executivos se pautaram sobre um pedido de cautela, quase um apelo para que a oposição não mexa demais no vespeiro. Parecem bichinhos assustados, com medo que a mão poderosa do governo lhes castigue futuramente. São sinais claros de uma classe empresarial dependente e acostumada a se escorar em um governo onipresente e um tanto quanto provedor.
Espero que após a crise os grandes grupos empresariais entendam seu papel e assumam suas responsabilidades para com o país; que se conscientizem que o equilíbrio de forças é sempre bem-vindo; e que grandes empresários não se medem pelo tamanho da fortuna que deixarão para seus herdeiros, mas pelo tamanho da contribuição que deixarão para a sociedade.
Foto “People shaking hands”, Shutterstock.