Livro: Antifrágil
Autor: Nassim Nicholas Taleb
Editora: Best Business
Páginas: 664
Preço médio: R$ 60,00
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Primeiras Impressões
Quando comecei a ler Antifrágil imaginei que a leitura seria demorada, não só pelo número de páginas da obra, mas principalmente por se tratar de um livro que aborda um assunto delicado e que certamente despertaria, durante a leitura, a curiosidade por pesquisas complementares.
Sim, sou desses leitores que faz anotações, sublinha o livro todo e sai buscando outras opiniões diferentes das do autor. Mesmo agindo dessa forma, a leitura acabou sendo rápida, pois durante a leitura o autor Nassim Nicholas Taleb conseguiu apresentar uma tese que surpreende e convence com argumentos claros (mesmo batendo de frente com algumas verdades do pensamento contemporâneo).
Tomo a liberdade de utilizar as palavras da orelha do livro para compartilhar uma boa definição inicial para o problema que o autor aborda:
“Apesar de percebermos apenas instintivamente, muitas coisas na vida se beneficiam do nervosismo, da desordem, da volatilidade e da agitação. O que Taleb identificou como antifrágil é a categoria de coisas que não apenas se beneficiam do caos, mas que precisam dele para sobreviver e crescer”
Estrutura do livro
Ao todo o livro possui 664 páginas, divididas em 25 capítulos, mais epílogo, glossário, apêndices I e II, notas adicionais, reflexões posteriores e leituras complementares, bibliografia, agradecimentos e índice. Trata-se de um livro denso, mas muito prazeroso – digo isso para que você não se assuste com a robustez da obra.
Durante a Introdução, o autor entra nos conceitos de fragilidade e, claro, na sua ideia de antifragilidade:
“Não há uma palavra para antifragilidade nas principais línguas conhecidas, modernas, antigas, coloquiais ou gírias. Até mesmo o russo (a versão soviética) e o inglês padrão do Brooklyn não parecem ter uma designação para antifragilidade, confundindo-a com robustez”
Ao nomear o termo antifragilidade, o autor desenha a tese de que ele não seria compatível nem sinônimo das palavras “robusto”, “sólido”, “inquebrável”, “bem-construído” ou “resiliente”. O que o autor pretende é justamente dar a ideia de um termo que possa expressar a fragilidade reversa.
Ao se aprofundar sobre o tema em Antifrágil, Nassim Taleb ainda destaca a necessidade de conflitos e adversidades como molas propulsoras à uma série de avanços – estes acontecem justamente por nos sentirmos provocados a seguir em frente.
“Não se pode subir ao poder e governar sem enfrentar perigo contínuo – alguém trabalhará ativamente para derrubá-lo”
O livro se desenvolve cercado de exemplos e pensamentos antigos capazes de provocar reflexões importantes sobre o mundo contemporâneo. Coisas como a importância da morte para a vida, as vantagens dos erros para o coletivo e algo que considero fundamental para o desenvolvimento da humanidade: as razões pelas quais precisamos de pessoas que assumam riscos.
Opcionalidade, tecnologia e inteligência da antifragilidade
Uma das partes mais interessantes do livro dá vazão a um pensamento em que fica clara a tensão existente entre a educação convencional, que preza a ordem, e a inovação, que preza a desordem. Nesse ponto, o autor faz uma constatação interessante, que apresento abaixo:
“Investigações empíricas sérias (em grande parte graça a um certo Lant Pritchet, então economista do Banco Mundial) não demonstram qualquer evidência de que o aumento do nível geral da educação aumenta a riqueza de um país. Mas sabemos que o oposto é verdadeiro, que a riqueza leva ao aumento da educação – e isso não é uma ilusão de ótica”
Em Antifrágil, o autor defende a tese de que a educação traz benefícios que vão além da estabilização da renda familiar, sendo que a ideia de investir em educação para aprimorar a economia é algo bastante recente, sem comprovação técnica de tais benefícios.
Muitas vezes acabamos fazendo as perguntas erradas e, consequentemente, chegamos a conclusões equivocadas – não com relação à resposta para a pergunta, mas sim quanto a resolução do verdadeiro problema. Sim, porque o problema da educação é categórico e requer discussão importante, com o olhar voltado para o futuro.
A ética da fragilidade e da antifragilidade
Cada vez está mais claro que apenas boas intenções são insuficientes para que a sociedade possa evoluir, e o limite entre o ético e o legal se torna uma barreira praticamente inexistente para uma sociedade onde as pessoas assumem cada vez mais posições pessoais sem levar em conta o bem comum.
“O pior problema da modernidade reside na maligna transferência de fragilidade e de antifragilidade de um lado para o outro, com um dos lados recebendo os benefícios e o outro recebendo (involuntariamente) os danos; essa transferência é facilitada pela lacuna, cada vez maior, entre o ético e o legal”
Tomando as palavras de Adam Smith, fica nítido o saber de que o coletivo não exige a benevolência dos indivíduos, pois o oportunismo pode ser o motor do crescimento.
Conclusão
Antes de tudo, Antifrágil é uma verdadeira aula. Poucos autores na atualidade conseguem transitar por temas tão complexos de maneira suave e interessante quanto Nassim Taleb.
Uma sugestão que proponho aos leitores é que possam dividir a leituras com amigos, para que possam compartilhar opiniões e promover um debate ainda mais interessante em torno da tese defendida pelo autor. Confira abaixo minhas notas:
- Linguagem e narrativa: 9,0
- Exemplos práticos: 9,5
- Temas abordados: 9,0
- Preço: 6,0
- Custo/Benefício: 8,0
O livro Antifrágil me surpreendeu muito positivamente e eu recomendo a leitura. Se você gostou da ideia, a leitura do livro “A Lógica do Cisne Negro”, do mesmo autor, ajuda a entender melhor a lógica de alguns pensamentos e de algumas referências realizadas em “Antifrágil”. Até a próxima.