O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta segunda-feira que o governo federal pretende fazer uma série de investimentos em infraestrutura na capital do Estado do Pará, Belém, visando preparar a cidade para receber a COP 30, em 2025.
“O governo federal assumiu a responsabilidade de ajudar… a criar as condições para que Belém possa receber um evento tão extraordinário como a COP”, disse Lula em discurso na cerimônia de inauguração da Infovia 01, em Santarém, no Pará.
Lula ainda voltou a defender a realização do principal evento internacional sobre o clima na cidade pertencente à Amazônia Legal, afirmando que o objetivo é mostrar que a região possui outras necessidades além da preservação da floresta.
“A Amazônia não é só a copa das árvores, os rios. Lá moram milhões de amazônidas que querem viver bem, trabalhar, comer e ter aquilo que produz, além de querer preservar a Amazônia, não como um santuário, mas como uma fonte de aprendizado”, acrescentou.
Após Lula apresentar uma proposta à Organização das Nações Unidas (ONU), Belém recebeu em maio o direito de sediar a COP30, a primeira vez que o evento ocorrerá em território brasileiro e apenas a terceira vez na América do Sul — Buenos Aires, em 1998, e Lima, em 2014, já sediaram o evento.
Mas assim como as outras cidades do país, a capital do Estado mais populoso da Amazônia possui problemas de infraestrutura urbana, em áreas como moradia, trânsito e saneamento.
Na quinta-feira, Lula já havia dito que a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ser anunciado na sexta-feira, apresentará um projeto especial para investimentos estratégicos em Belém.
Em entrevista exclusiva à Reuters na semana passada, o governador do Pará, Helder Barbalho, disse que a COP30 pode ser justamente uma oportunidade para “deixar um legado” para que a cidade tenha problemas de longa data solucionados.
“A COP30 deve representar para nós a oportunidade de deixar legados. Legados ambientais com soluções para a agenda climática, para a agenda da Amazônia. Legados urbanos para que Belém e a região metropolitana possam ver problemas históricos sendo solucionados e, consequentemente, a população local tendo a oportunidade de usufruir este patrimônio”, disse o governador.
Nesta semana, Belém enfrenta seu primeiro teste ao receber, terça e quarta-feira, a Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), com a participação de chefes de Estado da região e outras autoridades internacionais.
Cobranças a países ricos
No evento desta segunda, Lula também voltou a criticar países ricos por não cumprirem promessas de investimentos para ajudar países em desenvolvimento a combaterem as mudanças climáticas, como o compromisso feito durante a COP 15, em 2009, de fornecer 100 bilhões de dólares por ano em auxílio financeiro.
“Eles prometeram distribuir 100 bilhões de dólares em 2009… Até hoje nós estamos aguardando esse dinheiro”, afirmou Lula.
O presidente reafirmou que o objetivo da realização da cúpula desta semana é chegar a um acordo entre países que possuem florestas tropicais para atuarem como um bloco único a caminho da COP28, que ocorrerá nos Emirados Árabes Unidos, em dezembro.
“Temos um encontro com oito presidentes que têm floresta… para que a gente prepare uma proposta ‘o que a gente quer e como é que a gente quer que o mundo olhe a Amazônia'”, disse.