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Mais investidores na bolsa: loucos, visionários ou nada demais?

por Conrado Navarro
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Segundo números da B3, o número de investidores na Bolsa passou 2.250.000 em março de 2020. Isso é mais que o dobro do total em março do ano passado. Só em março de 2020, 300 mil novos investidores entraram no mercado.

Muita gente, né? Depende do ponto de vista. Se considerarmos nossa população, menos de 1% do total está na bolsa. No Chile, por exemplo, 3,4% da população investe em ações. Na Colômbia, 2,3%. A média dos emergentes é próxima de 5%. Nos EUA, 52% são investidores na bolsa.

Selic lá embaixo, com perspectiva de cair mais – falam em 3% ainda no primeiro semestre. Inflação baixa. Tem gente inclusive falando que estamos em um momento tão maluco que “imprimir dinheiro não geraria inflação”. Imprimir dinheiro, sem inflação? Repercutimos isso em texto recente aqui no Dinheirama.

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Cadê a rentabilidade que estava aqui?

O número de investidores na bolsa parece crescer na mesma medida em que a rentabilidade dos produtos conservadores cai para níveis historicamente baixos – e com uma tendência de o movimento se acentuar. E a lógica faz sentido.

Acontece que a queda da bolsa brasileira, do pico de quase 120 mil pontos para pouco mais de 60 mil pontos no auge da retração em menos de um mês, mostra o quanto a renda variável é realmente um investimento de risco, que varia bastante como o próprio nome já diz.

A razão para mais de um milhão de investidores terem entrado no mercado nos últimos 12 meses parece ser a genuína busca por mais rentabilidade, mas como ficam os ânimos e as novas decisões de investimento diante da correção vista no começo de 2020?

A primeira (grande) crise é inesquecível

Perigo ou oportunidade, a avaliação precisa ser consistente com o foco do investidor e seu perfil de risco. O fato é que muitos investidores na bolsa viveram sua primeira grande crise com dinheiro de verdade alocado em ações.

Um aprendizado e tanto, mas será que as lições serão realmente fixadas? O teste está em curso. A busca por maior rentabilidade no longo prazo precisa continuar com maior exposição ao risco, mas sem deixar de lado a importância de construir a reserva de emergência e outros objetivos conservadores de curto e médio prazo.

O “crash” já aconteceu. A crise já chegou e seus efeitos ainda serão conhecidos. O mercado se antecipa, mas será que já conseguiu “entender” os impactos de algo que ainda está em curso? Quando a economia vai realmente voltar a girar? Os consumidores seguirão os mesmos padrões? Recessão ou depressão adiante?

Para muitas perguntas sem respostas, precisamos nos preparar com ações concretas, como proteção do patrimônio e escolhas conscientes de empresas fortes o suficiente para sobreviver e se beneficiarem do resultado de tudo isso.

O que não devemos fazer é lamentar pelo que não fizemos ou simplesmente desanimar porque nosso comportamento antes de tudo isso não foi o melhor possível. A situação atual não estava no radar da maioria das pessoas, portanto pare de remoer o que já passou.

Leia também: Preciso de muito dinheiro para me tornar um investidor?

A armadilha do “e se”

Pare de remoer! Não caia na armadilha tentadora do “e se”. Tudo o que você compreende tardiamente deve ser usado como parte do seu aprendizado para cometer menos erros, nunca para se transformar no “pesadelo a posteriori”.

Se eu tivesse comprado naquele dia, hoje já teria dobrado meu investimento…

…se eu tivesse vendido naquele momento, não estaria tão desesperado agora…

…eu sabia que aqueles preços eram muito baixos, mas não segui minha avaliação…

…hesitei e não consegui seguir minha estratégia…

…poderíamos preencher todo o limite de caracteres aqui descrevendo como a memória seletiva e seu potencial destrutivo podem tornar a já difícil vida do investidor um inferno.

Analisar o passado é sempre muito fácil, mas é pura retórica para distrair você do que você pode fazer, de fato. Você só vai ser um investidor melhor amanhã se não cair na tentadora armadilha do “e se” hoje, agora. É uma luta diária para que o mundo a posteriori não se torne sua nova realidade.

As consequências deste comportamento são trágicas: tomada excessiva de riscos, apostas puramente emocionais e um sentimento de competição sem fundamento. Você não só vai perder feio do mercado, como vai se perder de si mesmo.

Siga sua estratégia (ou crie uma)

Dicas do que fazer, conselhos gratuitos e (bem) pagos, muitos relatórios daqui e de lá, tenha em mente de que todo esse conteúdo disponível hoje em dia se resume a opiniões, não verdades. É o que pensam outras pessoas e empresas.

É importante que você seja capaz de criar a sua própria visão das coisas para só então “colocar seu dinheiro onde sua boca está”, para usar expressão comum que vale mais do que muitas palavras lidas e vídeos assistidos.

Crie sua estratégia. Siga sua estratégia. Em outras palavras, desenhe sua carteira de investimentos considerando o seu perfil, sua realidade financeira, horizonte de investimento e possibilidades de aportes. Aprenda com os outros, mas decida-se sozinho. Assuma a responsabilidade.

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Conclusão

Ainda que o investidor estrangeiro esteja fugindo de nosso mercado de ações, é natural que o número de investidores em bolsa continue crescendo. Enquanto os retornos da renda fixa continuarem caindo e em patamares tão baixos, mais pessoas se arriscarão em diferentes tipos de investimento.

O que você não deve fazer é migrar sua carteira “porque está todo mundo fazendo isso” e, neste processo, arriscar o dinheiro que estava reservado para outros objetivos. Ou vender carro, casa para fazer uma espécie de all-in nos ativos de risco. Isso é molecagem, coisa de maluco mesmo.

Respeite os acontecimentos, assuma a responsabilidade e arrisque aquilo que faz sentido. Repense tudo sobre sua carteira de tempos em tempos. Ainda mais a partir de agora, sua primeira crise. E pensar que 2020 está só começando, hein? Uau!

Foto: Pexels.

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