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Manifestações: a busca por um Brasil digno de orgulho

por Conrado Navarro
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Não sei você, caro leitor, mas eu tenho visto e lido muitas opiniões contrárias às manifestações. As vozes dissonantes alegam que falta aos cidadãos nas ruas definir objetivos claros, uma agenda de exigências e também lideranças capazes de negociar.

Entendo que é difícil liderar quem não compartilha dos mesmos sentimentos em relação às reformas tão necessárias, mas não acredito que este seja o caso do Brasil representado pelos movimentos atuais.

Não posso falar pelos demais, mas eu protestei e sigo protestando por razões óbvias, já batidas e, tenho certeza, presentes nos pensamentos de muita gente. Não se trata de criticar este ou aquele governo, uma sigla ou a figura de um político qualquer. As mudanças passam por isso, é verdade, mas são mais profundas. São de ordem cidadã.

É ridículo ter que pagar 53% de impostos em um litro de gasolina, mais IPVA, e ainda assim andar em ruas e estradas de péssima qualidade, muitas delas ainda de bloquetes e paralelepípedos. O que dizer dos caros pedágios cobrados para usar as estradas que meu dinheiro construiu e que o governo não tem competência para manter? Falo apenas do carro porque transporte público de qualidade e infraestrutura ainda são meros sonhos.

É um absurdo encontrar escolas e hospitais em condições deploráveis enquanto vemos salários de políticos aumentarem em linha com o inchaço da máquina pública. Um país cuja classe política mais importante ganha cerca de 20 vezes mais que a renda per capita média não pode se julgar sério quando fala de erradicar a pobreza e diminuir a desigualdade. E sem educação e sistema de saúde de qualidade fica impossível criar as condições para que novos cidadãos brilhem e levem consigo o desenvolvimento da nação.

É lamentável notar que os gastos públicos com pessoal foram levados a patamares absolutamente desnecessários e de uma forma irresponsável. Pense em quantos funcionários incompetentes mantemos nas mais diferentes funções de governo e que não podem ser mandados embora. Como administrar e ser responsável com a gestão diante de uma realidade assim? Só no discurso, como já tem sido feito há muitos governos.

É desanimador abrir e manter uma empresa, especialmente porque temos uma legislação trabalhista atrasada e paternalista, longe do necessário equilíbrio entre deveres e direitos de empresários e empregados, algo fundamental para permitir mais crescimento e oportunidades para todos. Some a esse quadro uma burocracia desconcertante e uma carga de impostos absolutamente confusa e o resultado é descaso com o desejo empreendedor. O resultado? Os concursos públicos viraram “tábua de salvação”.

É triste não poder circular com tranquilidade e ter direitos simples revogados porque não há garantias mínimas de segurança – basta lembrar que a solução para diminuir os furtos tipo “saidinha de banco” foi proibir o cidadão de usar o telefone celular e não mais policiamento e rigor com o bandido. Resta sair às ruas com medo e presenciar a corrupção como se isso fosse normal.

É decepcionante constatar que roubar e agir de forma corrupta e contra o interesse público se tornaram parte de uma profissão lucrativa e de grande influência na política. Dói muito saber que nossos representantes nos assaltam, sem pudor e de forma descarada. A impunidade machuca ainda mais. Valores e princípios ficam banalizados e a cidadania toma ares de cartilha, o que deseduca e destrói os laços que precisam existir entre o povo e seus representantes.

É cruel a relação entre o montante de impostos que pagamos e a contrapartida do benefício público por eles gerados. Os desvios e a falta de prioridades são problemas crônicos que vêm de muito tempo. O que dizer dos juros, uma verdadeira festa do dinheiro paga com o esforço do cidadão? Enquanto somos incentivados a consumir para fazer o Brasil crescer, o Estado incha seus quadros (nós pagamos a conta) e as instituições financeiras ficam mais ricas (nós pagamos a conta).

Não sei você, mas eu tenho bons motivos para reclamar, protestar e me manifestar. Claro que com decência, civilidade e sem violência, afinal o principal é entender que a mudança começa comigo e com o meu comportamento no dia a dia e nas pequenas coisas. É preciso evitar a hipocrisia a qualquer custo, é verdade.

Seguirá protestando? Sim, afinal protesto pelo direito de me sentir cidadão, porque por hora tudo que sinto é que estou sendo enganado, governo após governo. E faço questão de agir, através de muito voluntariado, projetos de educação como esse e com a criação de empresas. Fazer mais também é protestar.

Protesto, pois, para me sentir um brasileiro de verdade, respeitado por isso e orgulhoso por construir e usufruir do potencial que possuímos enquanto nação. E você, protesta por quê? Protestaria pelo quê? Deixe seu comentário por aqui e também no Twitter – sou o @Navarro por lá. Até a próxima.

Foto: divulgação.

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